Nesta terça-feira (13), o presidente Lula (PT) recebeu o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, o opositor do presidente político da Argentina, Javier Milei.
De acordo com a agenda oficial, o petista e Kicillof serão encontrados às 11 horas no Palácio do Planalto.
O encontro de Lula com o político argentino acontece pouco mais de um mês após Milei ter participado da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Santa Catarina (SC), ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Por conta de sua participação no evento, Milei saiu de uma reunião da cúpula do Mercosul, em Assunção, no Paraguai, com a presença de Lula.
Na época, fontes do Itamaraty afirmaram à jornalista Daniela Lima que eventuais ataques de Milei a Lula durante o CPAC poderiam resultar em “consequências diplomáticas”.
Na CPAC, Milei evitou críticas a Lula, mas não poupou os governos socialistas, como a ditadura de Nicolás Maduro, e disse que Bolsonaro é um “perseguido judicial”.
Milei tem feito críticas a Lula desde a campanha eleitoral
Durante a campanha eleitoral na Argentina, Milei definiu Lula como “um comunista”, disse que era “muito corrupto” e que “por isso que ele foi preso”. Milei enfatizou que se fosse presidente não pretendia encontrar com o líder brasileiro.
“As pessoas físicas poderão realizar transações comerciais com quem quiserem. Da minha posição como chefe de Estado, os meus aliados são Israel, os Estados Unidos e o mundo livre”, afirmou
Milei também acusou Lula de ter financiado uma campanha suja contra ele. Na época, o mandatário brasileiro invejou um grupo de marqueteiros para ajudar o candidato da oposição, Sérgio Massa.
Uma das primeiras declarações de Milei sobre o petista ocorreu em outubro de 2022, durante entrevista ao canal argentino TN quando criticou o partido Juntos pela Mudança por ter parabenizado Lula pela vitória eleitoral.
“Parabenizei o Bolsonaro pela excelente eleição que fez e claramente não vou parabenizar o Lula (…). Lula representa um dos maiores expoentes do Foro de São Paulo. Quando dizem que Lula é moderado, não entendem o que está acontecendo. Seu discurso é violentamente socialista e lamento muito que o povo brasileiro tenha recuado no socialismo do século XXI”, afirmou.
Sem abertura com Milei, Lula busca aproximação com governadores
Sem abertura com o presidente argentino, Lula tenta se aproximar dos governadores, que podem celebrar certos tipos de acordos internacionais se estes não forem “incompatíveis com a política externa da nação”, segundo a Constituição argentina.
Em Brasília, Kicillof também se encontra com o chanceler Mauro Vieira, no Itamaraty, e com o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Kicillof e membros do governo brasileiro deverão tratar de temas econômicos e de investimento.
O político argentino foi um dos poucos peronistas que saíram vitoriosos na eleição que deu a vitória a Milei sobre a esquerda argentina.
Kicillof foi reeleito governador da província de Buenos Aires com ampla vantagem. A província de Buenos Aires é separada do governo independente da capital e conta com quase 40% da população do país.
Antes de ser governador, Kicillof já foi deputado e ministro da Economia durante o governo de Cristina Kirchner.