O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o governo não interfere na sucessão da Vale, mas ressaltou que o tratamento na relação com a Petrobras é diferente por ser uma “participação”. A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de demitir Jean Paul Prates do comando da petroleira foi vista por parte do mercado financeiro como uma forma de ampliação da interferência política na estatal.
“O governo nunca tentou intervir na Vale. Estou doido para a empresa ter o seu CEO, porque um CEO em situação precária e já com os dados marcados para sair, ele naturalmente cria um pacote de poder que prejudica não só a empresa, mas também o País. Agora não entrevistamos a sucessão da Vale, senão seria intervencionismo Na Petrobras é diferente: é participação”, disse Silveira em entrevista ao. Estadão/Transmissão divulgado nesta quinta-feira (23).
Antes de ser demitido, Prates veio manifestando publicamente divergências com o ministro de Minas e Energia – a mais recente em relação à distribuição de dividendos extraordinários da empresa, por quais semanas de “fritura”.
Apesar disso, Silveira reforçou que não há sobressalto na condução da empresa. “O nosso governo não tem sobressalto. Todos sabem o que o nosso governo quer da Petrobras”, disse.
O ministro reforçou que não considera a troca de presidente na companhia como intervenção estatal. Ele destacou que “entrevir no plano de investimentos através dos seus representantes no conselho não é uma intervenção, é uma participação”.
“Por que eu não considero a intervenção? Porque quem indica a maior parte do conselho da Petrobras é o presidente, assim como toda a diretoria. Então o investidor, quando ele decide aplicar os seus recursos numa empresa com a natureza de economia mista, com governança próprio e controlado pela União, ele já estudou isso”, afirmou Silveira ao Estadão.
Silveira diz ter confiança no novo presidente da Petrobras
Lula indicou a engenheira Magda Chambriard para substituir Prates. Considerada mais homologada ao pensamento do governo, ela deve assumir a carga oficialmente nesta sexta-feira (23).
Segundo o ministro, o governo quer a Petrobras “mais competitiva na exploração de petróleo”, e que a empresa “invista no parque de refino para que ele não continue sendo sucateado como no governo anterior”.
Silveira disse ter muita confiança em Chambriard. “É uma pessoa madura, técnica altamente conhecida por suas posições fortes e firmes. Ela aceitou o convite com a compreensão de que ela tem um grande desafio pela frente, com as agendas colocadas no plano de investimento”, afirmou.
Relação com o mercado financeiro
Em abril, Silveira criticou a ocorrência do mercado financeiro à decisão do governo de reter dividendos extraordinários. “Existe uma clara demonstração de uma resistência do mercado em consequência da boca torta que eles adquiriram nos últimos anos, em especial nos últimos quatro anos do governo Bolsonaro, que eles fizeram o que queriam com o Brasil”, disse o ministro em entrevista à GloboNews em 1º de abril.
Agora, ele afirmou que pretende melhorar o relacionamento com os investidores. “Eu quero começar, agora, a ouvir um pouco mais as vozes externas e me apresentar um pouco mais para eles entenderem que o ministro de Minas e Energia não é nada disso que muitas vezes está sendo construído. Não é intervencionista, não é estatista, não tem nenhum radicalismo Ouve, gosta de ouvir, tem humildade de ser convincente a mudar a posição e levar reflexões ao presidente da República”, disse Silveira.