sábado, outubro 5, 2024
InícioECONOMIAO que Campos Neto e Haddad pode fazer para arrumar a bagunça...

O que Campos Neto e Haddad pode fazer para arrumar a bagunça nos juros exagerados – 25/05/2024 – Vinicius Torres Freire


As taxas de juros estão em nível de exagero faz pelo menos duas semanas, dizem executivos e negociantes de dinheiro de bancos maiores. A efervescência poderia diminuir um pouco caso governo, Fazenda e Banco Central falassem menos e dessem menos mancadas.

“Diminuir um pouco.” Gente variada do BC e até do Ministério da Fazenda diz que um sedativo duradouro vai exigir mais do que gogó e compostura.

Você vai exigir o quê?

1) “Melhorar a comunicação“de BC e Fazenda;

2) taxas de juros altas até o final do ano. Assim, em 2025, o BC sob nova direção, Luliana, poderia deslanchar cortes na Selic, em vez de ficar manietado;

3) Lula anuncia planos de conter gasto com Previdência, saúde e educação;

4) baixar logo a nova norma sobre a meta de inflação “contínua” (em vez de aferido ao fim do ano-calendário, o descumprimento da meta seria verificada quando a inflação fica por certo tempo acima ou abaixo da banda da meta; a meta seria definida para vários anos). Seria um modo de dizer que o regime de metas está forte e sacudido, com o alvo ainda em 3%;

5) Lula para de avaliar metas de gasto e inflaçãoentre outros tiros no pé.

As taxas de juros que se tratam aqui são aquelas negociadas no ataque de dinheiro, negócios que definem o custo de financiamento de déficits e rolagem de dívidas do governo.

A situação financeira (juros, dólar etc.) se degradou desde meados de janeiro. Os motivos foram a volta do pessimismo com os juros nos EUA A perspectiva de que o governo fosse relaxar o plano de redução de seus déficits. A partir de meados de março, as expectativas de inflação também pioraram.

Na semana de 10 a 17 de abril, houve uma conjunção de azares e mancadas: notícias ruinas sobre inflação nos EUA; o governo mudou nas metas fiscais; o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que era preciso tirar o cavalinho da chuva, pois a Selic talvez não baixasse mais 0,5 ponto. Foi um estrago em juros, dólar etc.

O ambiente se acalmou um pouquinho até a decisão sobre a Selic de 8 de maio, quando o BC votou dividido, realizado entre “lulistas” e “campos-netistas”. O governo e o PT alardeiam que a Selic cairá, sem mais, assim que a maioria da direção do BC para nomeada por Lula. O pessoal do dinheiro acredita, imagina que haja inflação extra e cobra mais para emprestar ao governo.

Desde maio, os diretores do BC tentam unificar o discurso. Ainda não há cor. Nesta sexta (24), Campos Neto fez novos alertas desastrados de inflação mais alta.

Na quarta (22), Fernando Haddad disse que a meta de inflação era muito exigente e que o BC deveria colaborar, baixando a Selic. Disse ainda que teria um complemento de poderosos a fim de manter a Selic nas alturas. Deu mais bobagem com juros, dólar etc.

Apesar dos faniquitos recentes, a piora em juros e dólar foi maior de janeiro a abril do que de abril para cá. Entre o céu e a terra, há mais do que os fantasmas de Haddad.

A Fazenda acredita em fantasmas, conspirações para manter juros na lua. É verdade que as estimativas de inflação e juros de certas instituições não passam de “palhaçada”, como disse um diretor de bancão —essas projeções acabam no boletim Focoque fornece dados para as contas de inflação e juros do BC.

Mas essa picaretagem não determina preços, taxas.

A Fazenda acredita também que os donos do dinheiro deveriam agradecer o fato de que a dívida do governo não tem crescido tão rápido quanto “o mercado” anterior, por exemplo. Não é assim que funciona. Não importa o passado, mas o que vai ser da obrigação daqui em diante.

O pessoal da Fazenda pode até ganhar os elogios que quer, da boca para fora. Mas tapinha nas costas não determina preços, assim como promessas não pagam dívidas. Além das mancadas, essas engenhosidades custam caro.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.



FOLHA DE SÃO PAULO

ARTIGOS RELACIONADOS
- Advertisment -

Mais popular