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RS: empresários buscam salvar negócios após enchente – 31/05/2024 – Mercado


A hamburgueria do empresário Pedro Albeche, 30, tinha apenas um mês de operações quando a Cheia do Lago Guaíba engoliu, no início de maioparte do Centro de Porto Alegre. O Mercado Público, onde o restaurante foi montado, não escapou da enchente de proporções históricas.

Na manhã desta quinta-feira (30), quase um mês após o início da tragédia climática, Albeche era um dos empresários que retornaram ao prédio histórico para limpar a sujeira.

Ele descartou alimentos e equipamentos da hamburgueria, cujo prejuízo é estimado em pelo menos R$ 300 mil. “É uma corrida contra o relógio agora”, diz Albeche, que é pai de uma criança de três meses.

Após os estragos da enchente, os empresários gaúchos que não perderam totalmente as suas empresas tentam realizar as atividades para atenuar os prejuízos e salvar os negócios.

Com as incertezas trazidas pela crise, eles pedem que medidas de ajuda já prometidas pelos governantes, como linhas de crédito com juros baixos, cheguem rapidamente até a ponta.

“Precisamos começar a guarnição agora, e não em um mês”, afirma Albeche.

O empresário João Danilo Grechi, 66, também foi afetado pela enchente do Guaíba. Ele calculou em quase R$ 1 milhão o prejuízo em suas duas lojas que vendem roupas e itens de bazar com preço máximo de R$ 20 no centro de Porto Alegre.

Nesta quinta, ainda era possível ver a marca da água barrenta em parte da área interna e no lado de fora de uma das unidades. Para driblar a falta de luz e limpar os espaços, Grechi comprou um gerador de energia elétrica e especificação de uma força-tarefa.

“Cada um se vira como pode”, diz. “Até 15 ou 20 de junho a gente tem de estar funcionando.”

O empresário indica que, até o momento, não encontrou condições atrativas de crédito para retomar as atividades. “Um banco até prometeu oferecer, mas uma loja que vende produtos de no máximo R$ 20 não tem como pagar aquele juro”, afirma.

Ó governador Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciada na quarta-feira (29) medidas financeiras para famílias do Rio Grande do Sul, incluindo R$ 15 bilhões em três linhas de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Em seu discurso, o presidente disse que a determinação é para que não haja empecilhos burocráticos sem auxílio.

“Temos consciência de que muitas vezes o governo anunciou medidas, foi cheio de boa vontade, depois passa um tempo, medidas não acontecem, dinheiro não chega, obras não acontecem. Nossa preocupação é fazer com que não haja empecilho burocrático que atrapalhe decisões do governo de acontecer na ponta”, disse Lula.

O economista Ely José de Mattos, professor da Escola de Negócios da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), avaliou que ações de socorro a empresas precisam ser rompidas “para ontem” devido à gravidade da situação gaúcha.

Isso, porém, não pode pular processos, nem deixar de lado os critérios bem definidos, diz o professor. Ele ressalta que o impacto das enormes variações de empresa para empresa.

“A União é grande, mas não é infinita. Não tem como chegar aqui e dizer ‘toma aqui R$ 2 trilhões'”, afirma.

Ao longo dos últimos dias, donos de negócios fizeram mutirões de limpeza em regiões de Porto Alegre onde o nível de enchimento elevado.

No centro, é constante o barulho de lava-jatos e motores de equipamentos usados ​​para expulsar a água dos prédios. Ainda havia trechos de alagamentos em parte das vias nesta quinta.

No Mercado Público, um dos principais pontos turísticos da capital gaúcha, era possível ver as equipes limpando o barro e descartando produtos perdidos – o acesso à área interna não foi liberado para jornalistas.

Inaugurado em 1869, o mercado conta com cerca de 120 bancos (operações) e gera de 1.400 a 1.500 investimentos diretos e indiretos, conforme o secretário municipal de Administração e Patrimônio de Porto Alegre, André Barbosa.

Ele estima que, em um dia normal, o faturamento no local seja de R$ 500 mil a R$ 600 mil. Com o fechamento durante a enchente, o prejuízo projetado já fica na casa de R$ 15 milhões, diz o secretário.

Ainda de acordo com Barbosa, a prefeitura estuda medidas como isenções para ajudar comerciantes impactados pela catástrofe climática.

“A gente precisa preservar o pequeno e o médio empreendedor para que ele consiga se reerguer. O grande vai se reerguer de alguma forma, o pequeno e o médio precisa de ajuda”, afirma.



FOLHA DE SÃO PAULO

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