quarta-feira, outubro 9, 2024
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Lula repete erros e corre risco de fiasco político, diz Armínio Fraga



Ex-presidente do Banco Central (BC), o economista Armínio Fraga vê com pessimismo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem declarou apoio no segundo turno das eleições de 2022.

Para ele, entre uma série de erros que a gestão atual comete, o desequilíbrio fiscal e o afrouxamento da política monetária podem resultar em “um grande fiasco político”, segundo comentado em entrevista à “Folha de S.Paulo”publicada neste sábado (1º).

“Estamos aí de novo a mexer na governança das empresas, vamos mexer na governança de empresas privadas. Vamos tentar ressuscitar estaleiros, uma obsessão com Abreu e Lima. A ideia de que a responsabilidade fiscal faz mal à população. É o oposto. Quem se ferra é sempre o pobre nesse jogo”, disse, ao ser questionado sobre equívocos cometidos pelo governo “São alguns, só para esquentar a conversa.”

Fraga avalia que o controle das contas públicas, para o prazo médio, depende de propostas bastante radicais e críveis. “Claramente a Previdência vai ter que passar por outra reforma. O assunto geral da folha de pagamentos vai além do governo federal, é até mais dos governos estaduais e municipais”, afirmou. “A vinculação geral [dos pisos de educação e saúde] é outra questão.”

O quadro atual, avaliado, resultará em um aumento do déficit primário, o que deve acelerar a dívida pública, que, por sua vez, colocará mais pressão sobre os juros, levando a uma bola de neve que pode levar a uma perda de remuneração da moeda “com consequências complicadas”.

Para o ex-presidente do BC, o arcabouço fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscou indicação em uma direção correta. “Mas o arcabouço está fazendo água”, lamentou.

A situação pode piorar a depender do nome que será indicado pelo PT para o comando do BC no fim do ano, quando Roberto Campos Neto deixar a carga. “Se quem entrar se medir a melhor, a inflação começará a subir e o mercado perderá a confiança, será um grande fiasco político, inclusivo, e rápido”, disse o economista.

“Esse discurso assim mais frouxo na política controlada só atrapalha, porque fica a desconfiança, e o custo aumenta. É uma tristeza ver como a coisa está sendo conduzida, as pressões políticas explícitas, os ataques ao BC, a ideia de que responsabilidade fiscal é uma grande maldade”, disse.

Na entrevista, ele disse ainda considerou preliminarmente uma discussão sobre a sucessão presidencial de 2026, mas opinou que um fracasso do governo Lula poderia facilitar o surgimento de um nome alternativo aos campos do atual presidente e do ex-mandatário Jair Bolsonaro (PL).

“Certamente adoraria ver uma terceira via, mas não sei de onde pode sair. Com Bolsonaro impedido, talvez saia do centrão. Sobretudo com as dificuldades que o atual governo pode enfrentar. Abra-se-ia um espaço.”



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