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Cantora lança máquina de costura wi-fi; veja vídeo – 02/06/2024 – Mercado


Mais de um terço dos lares do Brasil (36%) têm uma máquina de costura. São 25 milhões de residências, sendo que em quase 80% delas o uso do equipamento é diário ou semanal. A maior presença das máquinas está no Sudeste do país: 46% dos lares da região têm uma. A maioria dos consumidores está na faixa dos 30 aos 39 anos (39%). Cerca de 40% usam o produto para geração de renda, mas a maioria (58%) utiliza a máquina para costurar roupas para a família, para os animais de estimação, para dar de presente e para personalizar as peças próprias.

Os dados pertencem a uma pesquisa feita pela multinacional americana SVP Worldwide no Brasil, dona das marcas Cantor, Husqvarna Viking e Pfaff, de máquinas de costura. No Brasil, a SVP vende Pfaff e Singer –sob essa última marca que acontece o maior lançamento da multinacional nos últimos anos. Nesta segunda (3), a SVP apresenta sua primeira máquina automática de bordado e costura com conexão wi-fi, como parte de um investimento global de US$ 100 milhões (R$ 515 milhões) previsto até 2029.

Portátil, como todas as máquinas da nova geração, o modelo SE9185 apresenta um tablet com tela de 7 polegadas, no qual é possível que o usuário dê os comandos para a máquina após-los.

“Não é preciso saber costurar ou bordar para usar o novo modelo”, disse à Folha a diretora de marketing e ecommerce da SVP Worldwide na América Latina, Concheta Feliciano, responsável pela operação no Brasil. “É por isso que nós acreditamos que a geração Zque gosta de moda e, acima de tudo, faz questão de peças customizadas, vai se interessar pela novidade, até para empreender.”

Sem orçamento, o SE9185 vai concorrer com o preço de um celular de última geração: R$ 4.700. O modelo está disponível em lojas especializadas e no site da Singer, onde ocorrem 60% das vendas da marca. “Nós temos vídeos caídos como se precificar peças bordadas, que podem pagar o custo da máquina a partir de 60 dias de uso”, diz Concheta.

Na sua memória, a máquina contém uma espécie de banco de dados com 400 moldes, entre pontos e desenhos de bordado. Por meio de um aplicativo e um serviço de assinatura, o mySewnet, pago à parte, o usuário tem acesso a uma plataforma de milhares de projetos de costura e bordado. É uma espécie de “Netflix”, ao custo de R$ 39,90 a R$ 89,90 ao mês, a depender da complexidade da matriz do bordado. “Com o mySewnet e o aplicativo, o usuário pode, por exemplo, tirar uma foto e transformá-la em bordado”, diz Concheta.

Nem é preciso esforço para colocar a linha na agulha, que já entra automaticamente. O modelo também não necessita de pedal, como as antigas máquinas de costura: tem um botão de liga e desliga. Outro botão regula a velocidade do bordado.

Mercado brasileiro é estimado em R$ 500 milhões ao ano

A novidade da Singer vai competir com outras máquinas eletrônicas que também apresentam conexão wi-fi, como a da japonesa Brother. No mercado brasileiro de máquinas de costura doméstica, que a SVP estima em 350 mil unidades ao ano e R$ 500 milhões, também concorre com as marcas Elgin, Philco e Janome.

“Mas o diferencial do SE9185 é que é o primeiro modelo wi-fi que tem as funções de costura e bordado em uma mesma máquina. Antes, o consumidor tinha que comprar uma máquina para cada especificamente”, diz ela. As fábricas da SVP, controlada hoje pelo fundo de investimentos Platinum, estão no Vietnã e na China. No Brasil, a fábrica da empresa em Indaiatuba (SP) é voltada para a produção de agulhas.

De acordo com Concheta, o fato do Brasil ter 25 milhões de máquinas de costura é expressivo. Uma pesquisa realizada pela SVP acordos que 78% delas são usadas diariamente ou semanalmente. “Houve um grande interesse por costura na pandemia, as pessoas começaram a fazer por hobby ou até por necessidade, dando início à fabricação de máscaras de proteção”, diz o executivo. “Foi nesse momento que a costura e o bordado ganharam as redes sociais e a geração Z”, afirma.

Como parte da campanha de lançamento, a SVP contratou influenciadores ligados ao mundo da moda, como o baiano Jonatas Verly, especialista em modelagem e costura, que divulgará o produto nas mídias sociais. “Nossa expectativa é vender 1.500 unidades no país até o fim do ano”, diz Concheta.

A SVP também convidou uma influenciadora que é estilista, a gaúcha Clara Pasqualini, dona da marca Fauve, para conhecer o novo modelo. O teste foi acompanhado pela Folha.

“O melhor dessa nova máquina é realmente reunir costura e bordado em um só equipamento”, afirmou Clara, de 29 anos. “É muito prático”, diz a estilista, que ganhou a primeira máquina de costura da avó, quando tinha 15 anos. Aos 19, comecei a costurar camisas. Ter uma máquina de bordar própria é importante porque a terceirização desse serviço é cara, diz ela, e os testes são feitos à distância, o que de certa forma limita a criatividade.

Clara concorda com a ideia de que os mais jovens da sua geração (os Z nasceram entre 1995 e 2010) querem personalizar peças, muitas vezes recicladas. “As pessoas interessadas são representadas pelo que vestem, e o bordado é uma maneira de expressão”, diz ela, que mora em São Paulo, onde cursa pós-graduação em gestão em negócios da moda.

O interesse do SVP em se manter conectado com as novas tecnologias vai na contramão da época em que a máquina de costura surgiu. Consta que no início do século 19, em 1829, o alfaiate francês Barthelemy Thimmonier criou a primeira máquina de costura prática, aperfeiçoando invenções anteriores, com uma agulha de gancho que dava 200 pontos por minuto —muito acima dos 30 pontos em média que se manualmente.

Thimmonier abriu então a primeira indústria de roupas produzidas por máquinas, fabricando uniformes para o Exército. Mas, temendo perder seu trabalho, artes e alfaiates promoveram uma revolução e colocaram fogo na fábrica e nas máquinas de costura.

Até que, nos Estados Unidos, em 1850, Isaac Singer aperfeiçoou iniciativas anteriores e criou a primeira máquina com pedal, para deixar as mãos livres e ajustar a velocidade da costura. Em 1851, patenteou o invento. Mais tarde, os alfaiates perceberam que a máquina poderia facilitar o seu trabalho, em vez de roubá-lo.



FOLHA DE SÃO PAULO

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