Ó Banco Central avalia que o apetite por risco das instituições financeiras aumentadas e o ambiente continuam exigindo atenção, considerando ainda que o cenário global apresenta riscos que podem levar a mudanças nas expectativas para os investidores financeiros globais.
De acordo com a reunião do Comef (Comitê de Estabilidade Financeira) divulgada nesta quarta-feira (5), o ritmo de crescimento do crédito às famílias se estabilizou após um longo período de desaceleração, e há sinais de aquecimento em modalidades como veículos e crédito não consignado. Mas foi observado piora nos critérios de concessão.
“O endividamento e o comprometimento de renda permanecem historicamente elevados”, destacou o documento, citando que nas empresas o ritmo de crescimento do crédito aumentou, mas sem alteração relevante nos critérios de concessão.
Em relação ao cenário global, o BC avalia que incertezas sobre a extensão do período de juros excessivos e os níveis de equilíbrio das taxas de juros no longo prazo, pressão provocando o diferencial de juros sobre as moedas, preocupações quanto à sustentabilidade fiscal, e suscetibilidade dos mercados a eventuais interrupções de oferta reduzidas para manter os riscos de reprecificação de ativos sob atenção.
“O Comef avalia que a exposição do [sistema financeiro nacional] ao risco da taxa de câmbio é baixa e da dependência de financiamento [financiamento] externo é pequeno”, apontou a ata. “A transparência, previsibilidade e revisão na condução das políticas monetárias, fiscais e macroprudenciais são essenciais para mitigar os riscos sistêmicos.”
O documento reforça ainda que o Comef está atento à evolução dos cenários doméstico e internacional e segue preparado para atuar, de forma a minimizar eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais.
O BC considera ainda que os preços dos ativos e o crescimento do crédito não representam preocupação no prazo médio, embora existam incertezas a serem acompanhadas.
Em relação ao Rio Grande do Sul, o BC considera que as medidas adotadas até agora pelo Conselho Monetário Nacional e pela autoridade monetária apoiam a renegociação das dívidas existentes e ampliam a liquidez das instituições financeiras em que os desenvolvedores de municípios em estado de calamidade representam mais de 10% da carteira de crédito total.
“Com isso, permite-se que os tomadores de crédito tenham melhores condições para fazer face a uma situação emergencial, ao tempo em que se preserve a capacidade das instituições de oferecer crédito aos agentes afetados pelas enchentes”, disse.
“O Banco Central segue monitorando a intermediação financeira na região, e poderá adotar medidas adicionais para manter o funcionamento eficiente e a solidez do sistema financeiro.”