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Sabesp: SP diminui redução de tarifa após reclamação de mercado – 06/07/2024 – Mercado


Ó Governo de São Paulo publicou nesta sexta-feira (7) um estudo atualizado que diminui a previsão sobre o quanto a tarifa de água no estado vai baixar após a privatização da Sabesp.

O percentual de redução dos impostos de água e esgoto foi revisado para baixo, de 6,40% para 4,22%, como mostra novo projeto do IFC (International Finance Corporation), consultoria ao Banco Mundial que foi contratada pelo estado para fazer os estudos de provisões da desestatização da companhia de saneamento do estado paulista.

O barateamento dos valores pagos pelos consumidores após a privatização da Sabesp é uma promessa de gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Segundo o documento da IFC, a revisão acontece devido a um ajuste da composição de volume entre as categorias residenciais e não residenciais (industriais, comerciais e públicas), feito com base em informações recebidas da própria Sabesp.

“Ao realocar as economias erradas que anteriormente foram consideradas como sendo não residenciais em economias residenciais e não residenciais, obtém-se uma receita tarifária base menor, na ordem de 2%”, diz nota técnica do governo.

“Isso ocorre porque a receita média das economias residenciais é menor que nas economias não residenciais”, completa.

O documento destaca, porém, que a fórmula dos cálculos estava correta e permanece a mesma.

A mudança, porém, acontece após fundos de investimentos que possuem grandes volumes de ações da Sabesp na carteira que reclamam de erros grosseiros na conta do IFC. Um gestor que conversou com um Folha sob condição de anonimato disse que, com a mudança, melhorou o nível de redução da tarifa para a saúde financeira da empresa, mas ainda assim está um pouco longe do que o mercado calcula.

As contas de analistas dão conta de um desconto factível de até 1% na tarifa cobrada pelos serviços de saneamento. Ou seja, o desconto de cerca de 6,4% estava completamente fora da realidade para o mercado.

Depois do comunicado do ajuste para -4,22%, nesta sexta-feira, os investidores pesaram a mão e retiraram em quase 4% a ação da companhia de saneamento na Bolsa.

Logo após as primeiras contas que previram um desconto de 6,4% na taxa de água e esgoto, os analistas procuraram apurar os possíveis erros que levaram a um resultado tão distante do que projetava todo o restante do mercado. Ninguém entendeu o porquê de tanta diferença nos cálculos.

Um dos erros levantados não levou em consideração a cobrança do PIS/Cofins, mas o Governo de São Paulo logo descartou essa hipótese.

Outro erro aventado foi justamente o que já foi corrigido, em relação ao mix de categorias (residenciais e não residenciais) consideradas nos cálculos. Antes, 100% da receita considerada era residencial.

Os analistas então repararam que faltou considerar que, anualmente, o governo perde R$ 300 milhões por ano com cancelamento de contratos. Mas, em uma reunião com investidores, o governo esclareceu que essa informação seria repassada para a Arsesp, agência reguladora dos serviços de São Paulo. Ou seja, seria contabilizada posteriormente.

Na prática, portanto, esse desconto da tarifa calculada pelo IFC é ainda menor, cerca de 2,5%, nos cálculos de um analista que preferiu não se identificar.

Ou seja, as contas do governo e do mercado não estão tão distantes quanto faz crer o documento divulgado nesta sexta, e que acumulou o preço da ação.

Os problemas de comunicação com o mercado são outro ponto criticado por fundos. Segundo um gestor interessado na privatização, não pode complicar tanto assim, porque senão desengaja os fundos.

Há investidores que acham que esse erro de design do IFC, bancado pelo governo, pode ser uma jogada política, mas muitos outros acreditam que se trata apenas de um erro básico, e que o Governo de São Paulo não está querendo se comprometer, por isso defender o modelo.

No fim, esse mesmo gestor pode ser que a imagem deles saia muito pior do que o que de fato está acontecendo.

CÁLCULOS DA TARIFA

A tarifa do setor de saneamento é uma conta de chegada, calculada para gerar uma receita que vai cobrir os custos das despesas que o regulador considera eficientes e se chegar a um Ebtida (lucro operacional, na sigla em inglês) que possa trazer pagamentos pelos investimentos feitos na área de concessão. Essa receita, portanto, é conhecida como receita requerida.

Segundo documento elaborado pela IFC, a tarifa que vai vigorar a partir da privatização da Sabesp até dezembro de 2025, quando aconteceu o primeiro reajuste, é a chamada tarifa inicial, que é uma taxa de equilíbrio médio inicial.

O cálculo para se chegar a esse número, que é dado em reais por metro cúbico, é a razão entre a receita tarifária base, calculada a partir de informações de 2023, e o volume de água medido nos hidrômetros e de esgoto coletado nesse mesmo ano.

Essa é a tarifa que vai remunerar os investimentos e arcar com os custos eficientes da Sabesp no período que compreende a privatização até dezembro de 2025.

Pelos cálculos do IFC, a tarifa média inicial será de R$ 6,3359/m³, que foi estimada por meio da razão entre a receita tarifária base e o soma do volume medido de água em 2023 com o volume coletado de esgoto nesse mesmo ano.

O resultado dessa razão então foi somado aos componentes financeiros, que são os ajustes ou compensações referentes ao período anterior, e que afetarão as tarifas de equilíbrio do período tarifário seguinte. Nossos componentes financeiros estão tanto ressarcidos aos usuários quanto à Sabesp.

A receita tarifária base para o período pós-privatização leva em conta a receita com tarifa de 2023, excluindo as receitas adicionais auferidas com atividades acessórias entre 2021 a 2023, as receitas complementares, as receitas com projetos associados e as receitas com taxas cobradas de indústrias pela carga poluidora lançada na rede da Sabesp.

Esse resultado então de receita (excluindo o demais mencionados) é somado aos componentes financeiros do reajuste tarifário de 2024, e então se chega à receita tarifária base para o período seguinte.

Todos esses valores foram corrigidos pela inflação Referente a junho deste ano, serão corrigidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) disponível até a data da privatização, quando for finalizado o processo de desestatização.



FOLHA DE SÃO PAULO

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