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Campos Neto: Focar inflação corrente é olhar o retrovisor – 06/08/2024 – Mercado


Ó presidente do Banco Central, Roberto Campos Netodisse neste sábado (8) que a política monetária não pode ser feita a partir da inflação atual, pois isso seria “como dirigir um carro olhando para o retrovisor: eu bati”.

Campos Neto participou de painel no evento da Esfera, no Guarujá, e respondeu a uma questão sobre os possíveis impactos da medida provisória de compensaçãoque propõe reduzir créditos tributários para compensar perdas com a desoneração da folha neste ano.

William Waack, mediador do painel, leu no palco um comunicado da rede Ipiranga, sobre reajuste nos preços de combustíveis em seus postos devido à alteração nenhum mecanismo de compensação de créditos tributários do PIS/Cofins.

O horizonte considerado nas decisões da autoridade monetária, segundo o presidente do BC, considera de 12 a 18 meses. Um ajuste de preço de gasolina estaria fora desse horizonte. Ele disse que o mesmo aconteceu, no governo passado, em outras desonerações, em relação às quais ele disse ter sido contra.

“Estou transferindo a inflação presente para a inflação futura, fazendo com que cresça. No fim das contas pra gente o que importa é entender qual a expectativa do mercado e como isso vai se desenrolar lá na frente”, disse.

“O problema principal para o BC é: qual o equilíbrio que terá no prazo médio? O importante é a sustentabilidade.”

Roberto Campos Neto também defendeu que escapa ao Banco Central a capacidade de determinar o juramento longo.

Ele foi provocado pelo empresário Rubens Menin, presidente do conselho de administração da MRV e um dos proprietários da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Atlético Mineiro, que defendeu a impossibilidade de a economia aguentar muito mais tempo com juro real de 6%.

“Talvez seja a discussão mais importante que temos que ter hoje, é juro real [a 6%]por quanto tempo?”, disse o empresário.

Segundo o presidente do BC, o comportamento do juro real por muito tempo está ligado à revisão das decisões da política econômica e da autoridade monetária.

“A Selic não determina o prêmio de risco longo. O trabalho da Selic, feito com substituição, faz com que a taxa de juro real caia muito tempo”, afirmou.

Isso aconteceu, segundo ele, em momentos como a entrada em vigor do teto de gastos ou do novo arcabouço fiscal.

O presidente do BC citou ainda um título do Tesouro que, na sexta-feira (7), remunerava o investidor em 6,30% (NTN-B 2055).

“Isso não é o Banco Central, é o Tesouro que emite a esse preço porque é o preço que as pessoas estão dispostas a financiar o governo. O juro real de 6% é muito alto, mas hoje temos um instrumento que diz que o governo financia a sua dívida entre hoje e 2055 a uma média de 6,30%”, afirmou.

“Não adianta confundir causa e consequência. Juro não é causa, é consequência. Se fosse causa, era só cair e estaríamos todos felizes.”

Campos Neto defendeu também que é necessário combater o patamar de juro estrutural neutro no Brasil que é alto. “Há várias razões, uma delas é fiscal, mas há várias outras.”



FOLHA DE SÃO PAULO

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