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Governo aceita negociar meio-termo para PIS/Cofins – 06/07/2024 – Mercado


A equipe econômica considera factível negociar um meio-termo para a medida que restringe o uso de créditos de PIS/Cofins diante das resistências colocadas pelos setores e pelo Congresso Nacionalmas não pretende abrir mão de compensação a perda de receitas com a desoneração da folha para 17 setores e municípios com até 156 mil habitantes.

Isso significa que qualquer flexibilização na MP (medida provisória) encaminhada na última terça-feira (4) precisará ser acompanhada de outra iniciativa que repõe o impacto perdido.

Ainda não há uma definição sobre quais seriam as alternativas possíveis, mas o tempo do ministro Fernando Haddad (Fazenda) já abriu o diálogo com lideranças setoriais e do Congresso e deve intensificar as conversas nas próximas semanas.

A avaliação do governo é que a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) dá respaldo ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para suspender a eficácia dos benefícios da desoneração, caso não haja indenização.

Em 17 de maio, o ministro do STF Cristiano Zanin deu 60 dias para governo e Congresso chegar a um consenso sobre qual medida de compensação deve ser imposta para reportar a perda de receitas —calculada em R$ 26,3 bilhões.

Transcorrido esse prazo sem uma solução, a desoneração perderá eficácia. A liminar foi referendada por muitos ministros da corte na última quarta-feira (5).

Os técnicos do governo afirmam que não é trivial arranjar um valor dessa magnitude ainda em 2024, como prevê a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Por isso, adotaram a saída dos créditos de PIS/Cofins, que não precisa de cumprimentos de nenhum prazo legal e pode entrar em vigor imediatamente.

Os setores e os parlamentares, porém, reclamaram justamente do fator surpresa. A bancada do agronegócio tem sido uma das mais vocais, uma vez que o setor é um dos principais afetados, mas recebe o coro de segmentos da indústria.

Diante das reclamações, membros do governo afirmam que estão abertas sugestões de alternativas para resolver o impasse.

Esses interlocutores aprovaram que a MP é uma medida amarga, mas afirmam que não há como simplesmente garantir a vontade de ambos os grupos —manter a desoneração e não restringir os créditos de PIS/Cofins— sem o impacto recair sobre a União.

Além de estar em desacordo com a decisão do STF, esse caminho obrigaria o governo a flexibilizar a meta fiscal de 2024, que prevê déficit zero.

A mudança do alvo da política fiscal não está no horizonte do Ministério da Fazenda Neste momento, mas interlocutores ressaltam que o desgaste da alteração pela alteração recairia sobre o governo, não sobre o Congresso.

Mesmo sem flexibilização, a ausência de compensação tornaria mais provável o estouro da meta, fazendo disparar os gatilhos de contenção de gastos em 2025 e 2026, este um ano eleitoral. Técnicos do governo avaliam que seria uma injustiça punir o Executivo pelas renúncias concedidas pelo Legislativo, vetadas por Lula e restabelecidas pelos parlamentares.

Antes da edição do MP, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chegou a sugerir à Fazenda a aprovação de um projeto de lei para fazer uma nova edição da repatriação de recursos no exterior.

A avaliação da equipe econômica, no entanto, foi a de que a iniciativa renderia apenas R$ 1,3 bilhão, um valor insuficiente para servir de compensação à desoneração.

Desde a sua edição, o deputado sofreu uma enxurrada de críticas. Pacheco e o presidente da Câmara, Artur Lira (PP-AL) avisaram o governo que, como está, uma medida limitada será aprovada.

Em conversa nesta semana com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, Lira argumentou que a medida seria muito dura com o setor produtivo.

A Fazenda, porém, afirma que o impacto é menor do que o divulgado pelos setores e argumentou a necessidade de encontrar uma solução para compensar a desoneração.

Após a publicação do MP, interlocutores da Fazenda também conversaram com representantes da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), na tentativa de buscar uma pacificação em torno do tema.

A desoneração da folha das empresas foi criada em 2011, na gestão Dilma Rousseff (PT), e prorrogada sucessivas vezes. A medida permite o pagamento de alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de vencimento para a Previdência.

A desoneração vale para 17 setores da economia. Entre eles é o de comunicação, não se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha. Também são contemplados os segmentos de calçados, call center, fabricação e vestuário, construção civil, entre outros.

No caso dos municípios, a desoneração foi aprovada pelos parlamentares em 2023, vetada por Lula e reinstituída pelo Congresso a partir da derrubada do veto. O governo editou uma MP (medida provisória) para revogar o corte nas alíquotas para 8%, mas sofreu resistências e precisou fechar um acordo para manter a cobrança reduzida em 2024.



FOLHA DE SÃO PAULO

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