segunda-feira, outubro 7, 2024
InícioECONOMIARelatório de marco da IA ​​exclui armas automáticas - 06/09/2024 - Mercado

Relatório de marco da IA ​​exclui armas automáticas – 06/09/2024 – Mercado


A nova versão do relatório que pode criar um marco legal para inteligência artificial no país proibiu o uso de armas autônomas e revisou o rol de atividades consideradas de alto risco, excluindo itens como a avaliação de crédito por IA.

O novo parecer do senador Eduardo Gomes (PL-TO), divulgado na sexta-feira (7), aumenta o texto da lei de 33 para 43 páginas e, entre outros pontos, descartou o trecho que permite o uso de armas letais autônomas com “controle humano significativo”.

Para Bruno Bioni, diretor da Data Privacy Brasil, organização dedicada aos estudos de proteção de dados e direito digital, o avanço é importante, tendo em vista que esse tipo de tecnologia não apresenta controles ético-legais nos projetos possíveis.

“Sob o ponto de vista de proteção de direitos, o novo substitutivo proíbe totalmente armas letais autônomas. Diferentemente do texto preliminar de abril, que abriu margem para a sua adoção se houvesse algum tipo de controle humano significativo. É um avanço muito importante”, diz.

A coordenadora de IA da Coalizão Direitos na Rede, Paula Guedes, afirma que a mudança é significativa, mas ressalta que o uso de sistemas de reconhecimento facial à distância em tempo real (mantido pelo relator) ainda é problemático.

Desde a primeira versão do parecer, em abril, os especialistas apontaram para os riscos do uso de ferramentas de reconhecimento facial na segurança pública diante da alta taxa de erros causados ​​principalmente pelo racismo algorítmico —viés de imprecisão contra pessoas negras devido à prevalência de brancos em bancos de imagens disponíveis.

Guedes também chama atenção para a exclusão da avaliação da capacidade de individualização de pessoas e empresas do papel de atividades de alto risco.

“Isso seria importante em razão da essencialidade do crédito como condição de acesso a serviços e bens como saúde, além do histórico de vazamento de dados pela multidimensionalidade de dados de entrada [inseridos] nos modelos de crédito”, avaliação.

Entre as novidades do texto, Bioni também destaca a criação de um painel de especialistas e cientistas de inteligência artificial. Ele afirma, no entanto, que o painel deveria ser incorporado ao chamado SIA, Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial —que será criado, se o projeto for aprovado.

“Um exemplo do que está propondo a ONU é necessário ciência e dados para reduzir a assimetria de informação sobre quais são os riscos e benefícios desta tecnologia. Ao invés de estar na disposição transitória, esse painel poderia fazer parte do SIA e com isso ser mais permeável às demandas cívicas-sociais”, diz.

O texto será debatido na terça-feira (11) no plenário do Senado e pode ser votado na quarta (12) na comissão temporária dedicada ao tema. A expectativa é que a votação no plenário do Senado ocorra no dia 18. Se for aprovado, o projeto será enviado à Câmara dos Deputados.

A lista de convidados para sessão de debates ainda não foi divulgada oficialmente, mas uma relação prévia foi agendada para alerta de especialistas devido à falta de debatedores negros.

Em nota, o coletivo AqualtuneLab, que atua nas áreas de direito, tecnologia e raça, afirmou que é inadmissível excluir especialistas negros sobre um tema no qual a população negra tem sido especialmente afetada devido ao racismo algorítmico.

“Foi desconsiderado pela organização do ciclo de debates todo o acúmulo de pesquisadores negros e negros sobre o tema tão sensível. Pessoas negras têm sido especialmente prejudicadas na razão do racismo algorítmico, amplamente descrito em várias modalidades de discriminação.”

Questionada sobre a relação dos participantes, a assessoria de imprensa do relator informou que o debate está sendo coordenado pela Secretaria Geral da Mesa do Senado. A reportagem pedia a relação de participantes ao Senado, mas não houve retorno até a publicação deste texto.



FOLHA DE SÃO PAULO

ARTIGOS RELACIONADOS
- Advertisment -

Mais popular