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Fazenda científica limita a 2,5% de crescimento real dos pisos de saúde e educação – 06/11/2024 – Mercado


Ó Ministério da Fazenda estudar propor a alteração das regras orçamentárias para saúde e educação de forma a aproximar o crescimento dessas despesas à lógica do arcabouço fiscal, que limita o conjunto dos gastos federais a uma alta real de até 2,5% ao ano.

De acordo com um membro da equipe econômica, o crescimento real dos pisos passaria a ser limitado aos mesmos 2,5% previstos no arcabouço. Também estão em análise alterações nas regras de certos benefícios previdenciários, como o auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) —que passariam a ser desvinculados do salário mínimo.

As alterações são estudos enquanto o governo é necessário para apresentar medidas de equilíbrio fiscal pelo lado das despesas, após ter se dedicado por um ano e meio à busca por mais receitas. Além da massa comandada por Fernando Haddado Ministério do Planejamento (comandado por Simone Tebet) está estudando iniciativas para apresentações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No caso dos pisos de saúde e educação, previstos na Constituição, as mudanças são permitidas porque eles crescem constantemente de forma mais acelerada do que o restante. O piso da saúde equivale a 15% da RCL (receita corrente líquida), enquanto o da educação representa 18% da RLI (receita líquida de impostos).

Com a busca do governo por mais receitas, os mínimos de saúde e educação tendem a crescer mais do que outras despesas —tomando, abaixo do teto geral, espaço dos demais gastos.

Sem mudanças, a previsão é que o espaço para as demais despesas seja totalmente consumido até o fim desta década. Na prática, a regra criada por Haddad no começo do governo Lula 3 estaria condenada ao estouro.

Como já mostrei a Folhaó O Tesouro Nacional sugeriu uma mudança dos pisos para uma forma homologada ao arcabouço em um relatório e também já descobri a possibilidade de mudar o design da RCL para desacelerar o crescimento das despesas. Neste último caso, a ideia era tirar as receitas extraordinárias das contas.

A necessidade de harmonizar essas vinculações com o novo arcabouço fiscal foi tratada pela primeira vez em abril de 2023 por Haddad em entrevista à Folha. Desde então, porém, ele vem delegando a responsabilidade ao Ministério do Planejamento, incumbido da agenda da revisão de gastos.

O tema é politicamente delicado para o governo, sobretudo diante da defesa histórica da esquerda por mais verbais para as duas áreas. Haddad inclusive foi ministro da Educação nos governos Lula e Dilma Rousseff (PT).

No cenário atual, que considera as medidas de arrecadação já aprovadas pelo governo Lula, o espaço para despesas discricionárias com custeio e investimentos será totalmente comprimido a partir de 2032.

As dificuldades, porém, devem se manifestar até antes, como o estrangulamento gradual de políticas públicas, a exemplo do que ocorreu sob o teto de gastos instituídos pelo governo Michel Temer (MDB).

Isso acontece porque mesmo dentro das discricionárias há algumas despesas “rígidas”, isto é, não têm o rótulo formal de obrigação, mas são carimbadas, e o governo precisa garantir sua execução. estão nessa categoria os pisos de Saúde e Educação e as emendas parlamentares.

Há um segundo complicador que potencializa essa tendência de achatamento de demais gastos.

Haddad e sua equipe apostaram em uma série de medidas de arrecadação para manter uma trajetória de melhoria contínua das contas públicas até 2026. Se eles forem bem-sucedidos nessa estratégia, o balanço entre receitas e despesas melhoradas, mas os pisos serão calculados sobre uma arrecadação ainda maior, ampliando a pressão sob o limite de gastos.
Em abril, um relatório divulgado pelo Tesouro Nacional mostrou que a flexibilização dos pisos pode liberar até R$ 131 bilhões para outros gastos de custeio e investimentos até 2033.

A projeção não foi apresentada por si apenas uma recomendação política, mas o exercício feito pelos técnicos do órgão reiterou o debate sobre a necessidade de reverter essas despesas para garantir a sustentabilidade do novo arcabouço fiscal no médio prazo.

Mudanças nos pisos de saúde e educação também foram propostas pelo então ministro da Economia Paulo Guedes durante a gestão de Bolsonaro, mas o tema não foi futuro.



FOLHA DE SÃO PAULO

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