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‘Taxa das blusinhas’ é aprovada na Câmara – 06/11/2024 – Mercado


A Câmara dos Deputados aprovado, nesta terça-feira (11), a taxação das compras internacionais de até US$ 50, a chamada “taxa das blusinhas”dentro do texto-base do projeto de lei do Mover, que cria um programa para incentivo à descarbonização de carros.

A proposta, chamada por críticos de “jabuti” —quando algo é colocado dentro de um projeto que não tem a ver com a sua temática original—, acaba com a isenção de imposto para tais.

A isenção de imposto de importação beneficia lojas online conhecidas, como Shopee e Ela dentro. Hoje, os produtos de até US$ 50 vendidos nesses sites já são tributados pelo ICMS, que é estadual e tem alíquotas que variam entre 17% e 19%.

Para os produtos mais baratos, a taxa de importação será de 20% sobre o valor, conforme projeto aprovado nesta terça. Para itens acima de US$ 50, o imposto previsto é de 60%, mas também foi criada uma faixa intermediária, entre US$ 50 e US$ 3 mil, que terá um desconto de US$ 20 na tributação.

Para virar lei, o projeto ainda precisa ser sancionado pelo presidente Lula (PT), e há acordo para que isso aconteça, segundos deputados da base governamental.

O fim da tributação foi incluído no Mover (Programa Mobilidade Verde) na Câmara, com apoio do presidente Artur Lira (PP-AL).

A proposta trouxe enormes divergências, inclusive dentro da base aliada de Lula, que chegou crítica e dizer que poderia vetá-la —no início da gestão atual, por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defenda ideia semelhante.

Acabar com a autorização é uma medida vista por muitos como impopular, já que afeta compras feitas por milhares de pessoas, o que pode trazer um prejuízo político em ano de eleições.

Por outro lado, a tributação dessas compras é defendida pela indústria nacional, que vê actualmente uma concorrência desigual com os produtos internacionais que são importados sem cobrança de tarifa.

Quando o projeto do Mover chegou ao Senado, na última semana, o relator, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), decidiu retirar o novo imposto do projeto —ou seja, manter a autorização já existente.

Senadores e deputados se revoltaram, disseram que Cunha agiu sem avisá-los e Lira chegou a ameaçar acabar com a proposta inteirainclusive o programa voltado para o setor automotivo.

A base do governo no Senado manobrou e não conseguiu apenas manter a tributação, mas também conseguiu a votação simbólica novamente, enquanto parte da oposição tentou que fosse nominal (com a divulgação da posição de cada parlamentar sobre o fim da isenção.

A inclusão da “taxa das blusinhas” atrapalhou o Mover, que é um dos programas prioritários do governo Lula na sua agenda de transição energética.

O programa foi criado inicialmente como medida provisória —que tem efeito imediato, mas prazo de validade curto, de alguns meses. Depois, foi enviado ao Congresso como projeto de lei.

A inclusão do jabuti adiou diversas vezes a votação do texto, e o prazo da medida provisória expirou no último dia 30.

Agora, o governo Lula precisa sancionar o projeto para que o programa volte a existir.

O Mover amplia a exigência de sustentabilidade da frota automotiva e estimula a produção de novas tecnologias nas áreas de mobilidade e logística. Um dos objetivos é incentivar a descarbonização, promovendo combustíveis alternativos.

Empresas habilitadas no regime poderão usufruir de créditos financeiros se realizarem gastos em pesquisa e desenvolvimento e investimentos em produção tecnológica realizados no país.

Os créditos estão limitados a R$ 3,5 bilhões em 2024, R$ 3,8 bilhões em 2025, R$ 3,9 bilhões em 2026, R$ 4 bilhões em 2027 e R$ 4,1 bilhões em 2028.

O projeto também cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT), para apoiar programas do setor. Ele será instituído e gerenciado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).



FOLHA DE SÃO PAULO

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