O governo do estado indiano do Rajastão informou às autoridades federais que encontrou lotes de temperos das duas marcas mais populares do país, a Everest e a MDH, inseguros para o consumo humano.
A revelação aumenta a pressão sobre o mercado de especiarias da Índia, o maior do mundo tanto em termos domésticos como globais. A associação dos exportadores prevê uma queda de pelo menos 40% nas vendas devido à crise.
O motivo da confusão é o óxido de etileno, um potente agente de esterilização usado em hospitais. Em abril, Hong Kong e Nepal detectamos níveis altos do produto em alguns temperos compostos, os famosos caril, das duas marcas, suspendendo a importação de algumas misturas.
A alta exposição ao óxido de etileno causa câncer. A suspeita é de que ele tenha sido contratado ilegalmente pelos fabricantes para matar fungos e ovos de insetos que, não raro, são encontrados misturados a temperos.
Até aqui, a prática era associada a produtores menores, mas a denúncia atingiu em cheio o Everest e o MHD, dois dos maiores fabricantes. Países como os Estados Unidos, SingapuraAustrália e Nova Zelândia determinaram investigações.
Em maio, o governo indiano determinou uma investigação nacional. O Rajastão, grande produtor e consumidor de temperos, anunciou na semana passada ter apreendido 12 toneladas sob suspeita de contaminação, sem especificar a natureza dela.
Nesta quinta (13), a agência de notícias Reuters divulgou o conteúdo de uma carta de Shubhra Singh, o equivalente ao secretário de Saúde do estado, para a Autoridade de Segurança e Padrões de Alimentos da Índia.
Nela, ele afirma que os lotes produzidos pelo Everest e pelo MDH nos estados vizinhos de Gujarat e Haryana eram inseguros, novamente sem detalhar o motivo. Os governos locais “devem ser instantâneos a agir imediatamente”, diz o texto. Procurados pela agência, Singh e o órgão federal não se manifestaram.
O comércio de especiarias é particularmente popular no Rajastão, um dos principais destinos turísticos da Índia. Locais como Jodhpur são famosos pela variedade de curries que vendem — as lojas oferecem produtos ensacados e etiquetados por R$ 12 uma embalagem de 150 gramas.
Mas a realidade é que a maioria dos indianos compra do produto na rua, em grandes sacos sem controle aparente algum, e por uma fração do preço pago pelos turistas. O mercado doméstico movimenta US$ 10 bilhões (R$ 54 bilhões hoje) anualmente, segundas estimativas, pouco mais do que o dobro do que é exportado.