segunda-feira, outubro 7, 2024
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Ministro de Lula diz que não recebe parlamentares da “turma do Bolsonaro”



O ministro Carlos Lupi, da Previdência Social, afirmou que até tentar cumprir a ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de receber parlamentares tanto da base governista como da oposição, mas confessou que os da “turma do Bolsonaro” ele não atende .

Lupi confirma que todos os ministros do governo precisam fazer articulação com o Congresso para fazer as pautas prioritárias – de economia e sociais, diz – avançarem no Legislativo. No entanto, essa articulação, para ele, tem uma limitação.

“Turma do Bolsonaro eu não recebo, nem família, mas do PL, fui lá com a Bia Kicis (DF), pergunta como é que ela me tratou. Veio aqui duas vezes”, disparou Lupi em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta sexta (14).

Apesar da restrição aos aliados mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lupi aprovou que o “Parlamento é uma representação do povo”, e não uma classificação do que ele gosta. “Se elegeu o que eu não gosto, paciência, o que eu posso fazer? Nós temos que ter mais humildade em saber fazer essa relação”, disse.

Carlos Lupi ressaltou que as pautas econômicas e sociais são as prioridades do governo, e que a questão dos costumes “é muito da visão pessoal”, muito “individual”. A afirmação ocorre em meio à discussão da equiparação do aborto ao crime de homicídio após 22 semanas, que está gerando polêmica.

“Acho isso tão sem importância para a realidade do Brasil que a gente está vivendo. Cada um deve decidir o seu destino, conforme sua visão. Agora, não posso te obrigar a acreditar na minha filosofia. E também você não pode me obrigar a acreditar na sua”, apontou sobre a discussão.

Falta de base no Congresso

Assim como o próprio presidente Lula, o ministro Carlos Lupi também confirmou que o governo não tem base suficiente no Congresso para passar todos os projetos que deseja, e que apenas as pautas macroeconômicas são aprovadas. E isso ainda com muita negociação – por emendas parlamentares.

Lupi criticou o volume que está sendo destinado neste ano, de R$ 51,6 bilhões, “maior que qualquer orçamento livre de qualquer ministério”. Para ele, uma negociação que se faz com estes recursos implantou um parlamentarismo no Brasil, embora o regime de governo seja o presidencialismo.

“Eu sou contra? Não é ser contra, mas eu acho que tudo tem que ter limite. Se eu elejo um Executivo, a palavra já diz, é para executar uma política pública. Acho legítimo que o parlamentar tenha sua emenda para trazer benefícios para sua cidade. Mas não pode esse volume, está exagerado”, pontudo.

Governo não consegue segurar

Para ele, nete momento é “muito difícil” mudar essa dinâmica, e que “é o desafio que o governo está enfrentando”. “Quando tentam segurar, eles votam contra. Então, não falta uma articulação política. É que se criou e se alimentou um processo do presidencialismo e ter o parlamentarismo”, completou.

Carlos Lupi vê, ainda, uma clara pressão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), sobre Lula para fazer seu sucessor na casa. Ele ainda afirmou que é “radicalmente contra” conceder anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, e diz que a delação premiada – que está em discussão no Legislativo – é um “ato de covardia”, em que apenas “os covardes delatam”.

“Eu me incomodo muito com delação, qualquer que seja, de quem quer que seja. Não é um instrumento eficaz. Quando você troca vantagem para uma pessoa falar, já começa errado”, concluiu.



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