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Suzano se ajusta às ‘Novas Forças Produtivas’ na China – 14/06/2024 – Mercado


Pablo Machado, vice-presidente global da Suzano e presidente da Suzano Ásia, descreveu o mercado chinês como “muito sólido neste ano, em termos de demanda” dos produtos da empresa brasileira de celulose, o quinto item na pauta de exportações do Brasil para a China.

Evitando citar números deste início de ano, diz que 2023 fechou com crescimento de 6,6% no volume exportado, que “continua forte” nos primeiros meses de 2024. Isso se deve em parte à redução do fornecimento global de celulose, com decisões como greve na Finlândia e fechamento de capacidade não Canadá.

Machado aponta outro fator. “A gente ouve muito aqui sobre as Novas Forças Produtivas”, diz, citando o bordão lançado no ano passado pelo líder Xi Jinpingpara marcar a prioridade de Pequim para desenvolvimento com qualidade, produtividade e inovação.

“Aqui, a gente também ajusta a nossa estratégia para servir melhor a este mercado”, descreve. “Da mesma maneira que a China faz essa transição para um desenvolvimento de qualidade mais alta, aplicação de tecnologias mais avançadas, a gente está fazendo também. É uma demanda cada vez maior, do mercado.”

A principal, segundo ele, é por “melhor experiência do consumidor”. O mercado chinês faz um movimento de substituição de fibras, por aqueles que “oferecem qualidade maior para o produto final”, privilegiando a fibra virgem, que vem da árvore, em vez da reciclada e de outras.

Outra característica exigida é por produtos “mais sustentáveis”, com pegada menor de carbono, caso da fibra renovável brasileira, em relação aos produtos de origem fóssil. Também novas aplicações, ainda mais projetadas, desenvolvidas no centro de inovação aberto pela Suzano no ano passado em Xangai, contribuem expressamente para a estratégia de baixo carbono da China.

Questionado sobre duas insistentes cobranças chinesas na relação com o Brasil –a entrada na Iniciativa Cinturão e Rota, para projetos de infraestrutura, e a negociação do acordo comercial China-Mercosul–, o executivo diz “apoiar tudo aquilo que favorece as relações bilaterais”.

Em especial no caso do acordo. “Conceitualmente, é algo que pode ser positivo para o Brasil, pode até trazer competitividade”, diz. “Agora, é um tema complexo, eu entendo. Diversos setores têm muita resistência.” Para Machado, “o governo está avaliando, para tomar uma decisão adequada para o país”.

Seja como for, os dois países “já têm muita estabilidade nas suas transações”, lembra ele, sublinhando que a Suzano chegou à China nos anos 1980. “São economias muito complementares. O Brasil serve bem à China naquilo em que a gente é competitiva e tem larga escala. A China atende ao mercado brasileiro também, com maquinário, energia, transição energética.”

Afirma que, “seja Cinturão e Rota, seja acordo comercial, é muito importante que o governo brasileiro aprofunde, eleve a discussão”, desenvolvendo uma estratégia de mais longo prazo. Cita diversos outros temas em que é possível avançar, por exemplo, facilitando os fluxos financeiros.

“Hoje é muito difícil ter fluxos que não sejam de comércio”, critica. “Como é que você consegue desburocratizar investimentos de um país no outro? Como criar certos setores que são estratégicos para os dois? Como gerar um verdadeiro mercado de carbono entre os dois, em que o Brasil poderia ter grandes ganhos?”

Sobre as primeiras transações da Suzano usando renminbi, a moeda chinesa, comentaram que foram poucas. “Estamos numa etapa ainda de entender e ver a aplicabilidade, se e quando vamos fazer. A nossa é uma companhia que opera em dólar, e você fazer esse tipo de operação em maior escala é um negócio complexo.”

Machado, que participou de um fórum do Conselho Empresarial Brasil-China em Pequim, descreveu “um ambiente de muita vontade política, de aprofundamento das relações”, inclusive de interesse chinês nas empresas brasileiras, para parcerias e investimentos.

“A China vê relevância na sua relação com o Brasil”, diz, acrescentando que isso coincide com um momento em que o país já não apresenta tantos resquícios dos três anos de pandemia.

Ele mudou para Xangai no final de 2021, enfrentando o ano de maior restrição na cidade. “2022 teve as suas turbulências, mas a família se adaptou bem”, conta. “Tenho dois meninos, um de 14 e um de 11, e eles gostaram da escola, fizeram amigos. Ti sort. A gente gosta da vida lá.”



FOLHA DE SÃO PAULO

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