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O recomeço de Lula 3, a eleição municipal e a ofensiva – 15/06/2024 – Vinicius Torres Freire


Não é surpresa que esse Congresso proponha leis contra a civilização e o debate racional de problemas sociais.

Veio o ataque à “saidinha” dos presos. Quer inscrever na Constituição o princípio da prisão em massa de quem for pego com droguinhasuma contribuição para o recrutamento de soldados para as facções do crime, entre outros problemas.

A lei já reacionária sobre a interrupção voluntária da gravidez (“aborto“), piorada na prática por guerrilha jurídica e institucional, pode ficar mais desumana.

Além de verdade retrógrada, há nisso uma campanha política oportunista, óbvia. A extrema direita, com apoio da maioria da direita, quer atrair Lula 3 para batalhas de alto risco.

Em parte, trata-se de encurralar ainda mais o governo no Congresso. Em parte, ao tentar fazer Lula 3 reagir às leis retrógradas para que se grite material de propaganda, acusações virais tais como “abortista”, “defensor de bandido”, “maconheiro”.

A vitória extremista não está garantida, mesmo nesse atoleiro em que os asselvajados se sintam à vontade. Ficou evidente que os broncos podem ser violentos ainda mais até meninas estupradas. Uma articulação de governo com a sociedade civilizada poderia fazer contraponto maior (cadê?).

Ainda assim, o perigo é grande e imediato para governos e “progressistas”. Daqui a quatro meses haverá eleição. Não se percebe nas cidades novidades maiores e quantidade de nomes favoritos na esquerda, de resto pobre em alianças.

Em São Paulo, uma coalizão bolsonarista tem apoio de um governo estadual que se jacta do aumento do número de mortos pela PM e que atua no Congresso pela ocorrência. A chapa deve ter um vice que é o coronel PM “parça” de Jair Bolsonaro.

O mote da direita em 26 será segurança linha dura, ouve-se nos jantares de Tarcísio de Freitas. Entretanto, Lula 3 nem apresentou um plano de segurança; na Bahia dos governos petistas, a violência policial é enorme. Além dos ataques da direita, falta defesa.

Uma grande derrota municipal da esquerda não vai dizer o que será a eleição de 2026, claro. Mas vai indicar o oportunismo político para onde o vento sopra. No Congresso, pode, pois, piorar uma situação que se degrada rapidamente.

A eleição para o comando da Câmara e Senado orientar estratégias, como previsto, embora vá ocorrer apenas em 2025. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), quer fazer o sucessor e manter a prestígio. Assim, tenta também conseguir apoios de bolsonaristas e similares, que ganham relatórios, comissões e a tramitação de barbaridades.

Fortaleceu-se a coalizão contra: impostos de políticos empresários com empresários políticos e sindicatos empresariais.

O governo perdeu a iniciativa na dita “pauta econômica”. Até a reforma tributária pode ficar para 2025. Desde sempre muito minoritário, em ideias e números, sem um centro a quem recorre, Lula 3 é na defensiva. Depende mais do Congresso para evitar naufrágio maior nas contas públicas, sempre um risco, dados os erros no programa fiscal.

Fora de momentos íntimos, o Congresso não se queima votando controle de gastos. Não ficaremos mais propensos a fazer isso quando houver eleições previstas e em favor de um governo que mal tolera. Lula 3 terá de recuar mais e ceder mais.

São ataques em várias frentes. No frente internacional, o clima pode pesar a depender de eleições (EUA, França etc.) e fazer que se passe na Argentina com a “grande esperança branca” da direita, Javier Milei.

Um recomeço dependente de Lula 3 se entende internamente e entende seus problemas políticos e econômicos. Faz um mês, leva bombas de juros e dólar, é metralhado na política. Agia como se não se passasse nada ou fosse injustiçado. Vai acordar?


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FOLHA DE SÃO PAULO

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