domingo, outubro 6, 2024
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ONU é frágil e Netanyahu quer “aniquilar” palestinos, diz Lula



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teceu críticas à Organização das Nações Unidas (ONU) pela sua inação quanto ao fim das guerras em curso no mundo. Durante a coletiva de imprensa, veio acusar o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de promover o genocídio na Palestina. As declarações foram dadas neste sábado (15), na Itália, quando Lula encerrou sua passagem pela Europa.

“Queremos mostrar que o que está acontecendo na Ucrânia e em Gaza é muito pela fragilidade do papel das Nações Unidas. Não existe veracidade nas conversas. Se a ONU teve uma representatividade forte, e se os países que compõe o Conselho de Segurança assumem uma neutralidade em busca de um acordo, possivelmente estaríamos em uma mesa de negociação ouvindo o que cada um quer, sabendo o que possível para cada um”, disse Lula.

O petista também voltou a justificar sua ausência na Cúpula da Paz, na Suíça, para discutir a promoção da paz entre a Rússia e a Ucrânia. O evento que acontece neste sábado e domingo, reúne líderes de diversos países para encontrar uma solução de importação para a guerra. Lula, contudo, não foi ao evento porque “o Brasil só participará de reuniões para discutir a paz quando as duas partes em conflito estão sentadas à mesa”.

Em maio, o ex-chanceler e assessor para assuntos especiais da presidência, Celso Amorim, foi à China publicar um documento que propõe uma nova alternativa para a discussão de paz na Ucrânia. Nenhum documento apoiado pela Rússia, China e Brasil concorda com a possibilidade de uma cúpula que reúna Rússia e Ucrânia, ou seja, invasor e invadido, para discutir o fim da guerra na Europa.

“O Brasil e a China apoiam uma conferência internacional de paz realizada em um momento protegido, que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todas as partes relevantes, além de uma discussão justa de todos os planos de paz”, diz ó documento.

Lula volta a acusar Netanyahu de genocídio

Ao comentar sobre a guerra em curso no Oriente Médio, entre Israel e o grupo terrorista Hamas, o brasileiro voltou ao acusador Benjamin Netanyahu de genocídio. “O primeiro-ministro de Israel não quer resolver o problema. Ele quer aniquilar os palestinos. Em cada gesto dele, em cada ato dele. Vamos ver se ele vai cumprir a decisão do Tribunal Penal Internacional, vamos ver se ele vai cumprir a decisão tirada da ONU agora”, disse.

O mandatário brasileiro causou um ruído diplomático com Israel nos últimos meses. Após acusar Netanyahu de genocídio, Lula chegou a comparar a experiência israelense na Faixa de Gaza ao Holocausto de Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial. Após a declaração, o brasileiro foi declarado persona não grata para Israel. O termo significa que Lula não é uma pessoa bem vinda naquele país e é indesejada nas relações diplomáticas.

O ruído não melhorou com o tempo e em maio, o embaixador brasileiro em Israel foi oficialmente removido do posto. Frederico Meyer foi realocado para ocupar uma missão permanente na Conferência do Desarmamento, em Genebra, Suíça.

Na última segunda-feira (10), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução apresentada pelos Estados Unidos que promove um plano de trégua em Gaza. A proposta foi aprovada com 14 votos a fazer, um contra e uma abstenção. A determinação, contudo, não significa que Israel e Hamas vão acatá-la. As resoluções passadas que pediam um cessar-fogo na região já foram ignoradas pelas partes envolvidas.

“Por isso que defendemos uma mudança na ONU, porque a ONU, quando ela toma uma decisão, tem que ser cumprida. Só será resolvido o conflito no Oriente Médio, entre o governo de Israel e o povo palestino no dia em que a ONU tiver força para implementar a decisão de demarcar o território em 1967 e deixar os palestinos construírem sua pátria livremente e viverem harmonicamente com o povo judeu”, afirmou Lula.

Lula se diz o “otimista” com acordo entre Mercosul e União Europeia

O mandatário brasileiro cerrou sua passagem pela Europa neste sábado (15), após cumprir agendas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na Suíça e com a Cúpula de Líderes do G7 na Itália. No seu último dia no continente europeu, Lula manteve encontros bilaterais com líderes da região. Além dos compromissos oficiais, o petista se reuniu com os presidentes da França, da Turquia, além dos primeiros-ministros da Índia e Itália. Lula também se encontrou com o Papa Francisco, com o chanceler da Alemanha e o presidente da Comissão Europeia.

Lula informou à imprensa que tratou do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com a presidente da Comissão Europeia, Urusla von der Leyen. Em negociações há mais de 20 anos, Lula que volta ao Brasil “otimista” com a possibilidade do tratado ser fechado nos próximos meses.

“Depois de todas as tratativas que o Brasil fez para mudar o acordo, colocando as coisas que achávamos permitir para colocar e tirando as que achávamos permitir tirar, o Brasil está pronto para a hora que a União Europeia quiser mudar o acordo”, afirmou Lula . O petista afirmou ainda que está “otimista” com o andamento das negociações dos próximos meses, após o fim das eleições na União Europeia.

“Temos que aguardar. Até o companheiro Macron foi mais flexível quando se tratou de discutir o acordo. Ele [me] disse ‘deixa as eleições passarem para a gente conversar’. Então eu volto com otimismo de que nós, do Mercosul, estamos prontos para negociar esse acordo e temos certeza de que o acordo será benéfico para a América do Sul, para o Mercosul e para os empresários e os governos da União Europeia”, disse.

O acordo de livre comércio entre os dois blocos está em negociação há mais de 20 anos e, no ano passado, quando o Brasil assumiu a presidência do Mercosul, Lula deu prioridade para sua finalização. Os impasses com os países europeus, no entanto, impossibilitaram que a negociação fosse finalmente chancelada. Apesar do otimismo apresentado por Lula, a avaliação de especialistas é de que o acordo poderá enfrentar novos percalços daqui para a frente com a guinada da direita do Parlamento Europeu.





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