sábado, outubro 5, 2024
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Vídeo: Nem todo resíduo reciclável será reciclado – 15/06/2024 – Mercado


Nem tudo o que é reciclável será, de fato, reciclado. E isso fica muito evidente nos dados oficiais disponíveis sobre o setor de reciclagem no Brasil: o país recicla apenas 4% dos resíduos sólidos urbanos recicláveis.

Ou seja, se o trabalho de separação de materiais recicláveis sendo feito pelos brasileiros em casa, ele encontra uma série de gargalos e obstáculos para ser realmente reciclado, ou que leva parte desses materiais para disposições específicas e danosas para o meio ambiente e para a saúde humana.

Isso porque, para que uma garrafa plástica, por exemplo, seja reciclada, ela precisa: 1) ser separada; 2) ser deixado para coleta seletiva ou levado a um ponto de coleta seletiva; 3) passar por centros de triagem, como cooperativas de catadores; e, finalmente, 4) ser encaminhada para as indústrias recicladoras.

Cada etapa dessa cadeia tem algum grau de dificuldade logística. De cara, apenas 1 a cada 3 municípios brasileiros têm coleta seletiva de recicláveis, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (Snis). Nas regiões Norte (11,3%) e Nordeste (11,4%), a proporção é de quase 1 a cada 10 municípios com coleta seletiva.

É preciso também estruturar cooperativas para o trabalho de triagem. E também são necessários investimentos para desenvolver indústrias recicladas em diferentes regiões do Brasil. Sem isso, como o frete majoritariamente rodoviário do país é muito alto, a conta não fecha porque o transporte dos materiais sai mais caro que a venda dos materiais em si, e a descarga fica pelo caminho.

A segunda informação importante para entender a reciclagem é que ela um mercado no qual os preços por quilo dos diferentes materiais oscilam devido a diversos fatores.

Por exemplo, a principal matéria-prima do vidro é a areia, algo barato e com grande oferta no Brasil. Então, apesar de ser um material totalmente reciclável, o vidro tem um preço muito baixo no mercado de reciclagem: R$ 0,23 por quilo em média no Brasil.

Um catador precisaria coletar mais de 6 toneladas de vidro por mês para ganhar um salário mínimo de R$ 1.412, ou 200 quilos por dia. Já o quilo de alumínio para reciclagem sai por mais de 7 reais, em média.

Os preços de embalagens recicláveis ​​também variam de acordo com sua composição física e química.

No Japão, por exemplo, toda garrafa PET, aquela comumente usada para bebidas, precisa ser transparente, por lei, para aumentar a sua reciclabilidade já que garrafas verdes, azuis ou laranjas precisam ser recicladas separadamente por causa dos diferentes produtos químicos usados ​​para dar cor ao material.

Com tantas variações e oscilações, e um custo de coleta muito alto, muita gente do setor diz que a conta da reciclagem não data. Serão permitidas políticas públicas e investimentos privados da indústria cujos produtos geram resíduos para que a reciclagem realmente decole no Brasil.

Mas não adianta nada disso se você não separar os resíduos em casa. Nas cidades que já têm esse serviço estruturado, ele não é utilizado em todo o seu potencial porque o material simplesmente não chega. Ou seja, separar em casa é essencial.

Mesmo porque novas tecnologias de reciclagem estão surgindo, e cada vez mais indústrias e empresas estão interessadas em criar novas embalagens com maior reciclabilidade. Em lugares como Europa e Japão, a responsabilidade pela descarga gerada após o consumo de um produto é de quem colocou esse produto no mercado. Isso se chama logística reversa e é lei no Brasil desde 2010.



FOLHA DE SÃO PAULO

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