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Estudo de Prêmio Nobel de Economia explica por que você pode estar tomando a decisão errada em renda fixa – 15/06/2024 – De Grão em Grão


Richard Thaler, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, é extremamente reconhecido por seu trabalho no campo da economia comportamental. Ele explora como as pessoas realmente tomam decisões econômicas, desafiando as teorias teóricas tradicionais. Um conceito central em sua pesquisa é o “desconto hiperbólico”, uma visão comportamental que está influenciando muitas decisões atualmente.

O “desconto hiperbólico” descreve a tendência das pessoas de preferirem recompensas imediatas, mesmo que menores, em detrimento de recompensas futuras maiores. Thaler demonstra em seus estudos que muitos preferem o conforto do curto prazo, mesmo que isso custe mais caro no longo prazo.

Esse comportamento é uma forma de miopia temporal, onde a gratificação instantânea é valorizada mais do que o benefício a longo prazo, levando a decisões subótimas.

Pense agora: qual é a recompensa imediata ou a decisão subótima que a maioria busca hoje em seus portfólios?

Com a volatilidade do mercado neste início de ano e as mudanças nas decisões de curto prazo do Copom, muitos me perguntam se é o momento de trocar investimentos indexados ao IPCA para o CDI.

Ganhar do CDI no curto prazo é uma das recompensas imediatas que muitos procuram. Contudo, com as taxas de juros elevadas, isso pode resultar na perda de uma grande oportunidade de longo prazo.

Nesta próxima quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deverá interromper a sequência de reduções da taxa Selic, mantendo essa decisão até que o Federal Reserve inicie a queda da taxa básica americana, prevista para setembro.

Mesmo com essa pausa técnica do Copom, a taxa de juros indexada ao IPCA está em um dos maiores patamares históricos. O benefício de trabalhar uma taxa mais elevada para o longo prazo tem o custo de perder para o CDI no curto prazo.

Para tomar a melhor decisão, convidamos refletir sobre duas questões:

  1. A Selic vai cair ainda mais nos próximos 12 meses?
  2. Quer me proteger da inflação e garantir uma taxa de juros real historicamente alta para o longo prazo?

Conforme divulgado pelo Fed nesta semana, a projeção de seus 19 membros é que a taxa básica nos EUA, conhecida como Fed Funds, caia 1,25% para 4,25% até o fim de 2025 e mais 1% em 2026, para 3 ,25%. Isso significa que nossa Selic também poderia cair na mesma proporção, encerrando 2026 no patamar de 8,25%.

Essa é a mesma perspectiva de queda de taxas de juros em todo o mundo. Portanto, a resposta para a primeira pergunta é sim. Considerando essa tendência, assumimos que a inflação no Brasil dificilmente se mantém muito abaixo de 4% ao ano, a taxa de juros reais implícita na Selic deve cair para cerca de 4% ao ano nos próximos dois anos.

Portanto, a resposta à segunda pergunta também é lógica. Afinal, quem prefere ganhos menores se pode garantir ganhos maiores hoje? As taxas de juros reais, acima do IPCA, variam atualmente entre 6% e 9,5% ao ano para títulos públicos e corporativos de boa qualidade de crédito. Isso representa um juro real entre 150% e 237% maior do que quem aplica no CDI vai ter em dois anos.

Optar pelo CDI em vez de aproveitar as taxas de juros reais mais altas em títulos e fundos referenciados ao IPCA é uma decisão subótima, conforme apontado por Thaler. Assim, se sua resposta às duas perguntas também for sim, mantenha seus títulos indexados ao IPCA e aproveite os movimentos de alta dos juros para adicionar mais ao seu portfólio, usufruindo de maiores benefícios no longo prazo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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FOLHA DE SÃO PAULO

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