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Evite o erro comum que prejudica a decisão da maioria dos investidores – 16/06/2024 – De Grão em Grão


Recebemos hoje uma pergunta do Sr. João que ilustra uma falha comum nas decisões de investimentos. Embora sua pergunta esteja relacionada à renda fixa, esse erro também é frequente no mercado de ações. Vou explicar o erro e como tomar a melhor decisão.

O e-mail do Sr. João foi bastante objetivo. Ele escreveu: “Tenho 63 anos, sou aposentado e, portanto, não pretendo correr riscos. Tenho alguns títulos públicos prefixados num total de R$ 405.000,00 com uma taxa média de 12,5%. Minha dúvida é se devo vender esses títulos hoje com algum ganho e migrar para títulos referenciados ao IPCA?”

Quais das informações acima são irrelevantes e quais informações relevantes estão faltando?

Para decidir onde investir, informações como liquidez, necessidades de fluxo de caixa, horizonte de investimento e perfil de investidor são fundamentais. No caso acima, sabemos que o Sr. João é conservador e não deseja correr riscos, mas faltam outras informações essenciais. Por exemplo, não sei se o valor informado representa todo o patrimônio dele, se é necessário para suas necessidades durante a aposentadoria, qual o horizonte de investimento dele e qual o vencimento do título.

Entretanto, essa não é uma falha a que me referi na introdução. A falha está justamente na informação que o Sr. João acreditava ser relevante, mas que, na verdade, importa um pouco. Você já sabe o que é? Para introduzir essa falha, você usará um exemplo comum com ações.

Consideramos dois investidores que participam de ações da Vale em momentos distintos. Ambos perguntam se deveriam vender a ação da Vale para investir em outra. Suponha que ambos sejam confortáveis ​​com risco, não precisem de recursos e que as duas ações tenham risco semelhante. Qual pergunta você deveria fazer a ambos os investidores?

Quando faço esse teste com investidores, a maioria opta por perguntar ao investidor: “Quanto você pagou pela Vale?”

Talvez você também tenha pensado nessa pergunta. Mas então eu te pergunto: você daria uma resposta diferente a cada investidor se o preço pago fosse diferente e se um tem lucro e o outro prejuízo?

Sei que a questão tributária também é relevante. Entretanto, há algo ainda mais relevante e que normalmente não recebe a prioridade devida.

Toda decisão de investimento deve ser tomada com base na expectativa de retorno futuro, e não no que ocorreu no passado.

Para ativos marcados no mercado, como ações, fundos imobiliários e títulos públicos federais negociados no Tesouro Direto, o que importa é o que se espera que ocorra com o ativo que se possui e com o ativo para o qual se deseja trocar.

Portanto, a pergunta que deveria ser feita aos investidores da Vale é: qual o retorno esperado para a Vale e para o ativo que deseja trocar?

Afinal, se você tem Vale há um mês ou mais, se tem prejuízo ou lucro, um pouco importante. A decisão deve ser sempre se a Vale será um melhor investimento que a outra ação.

Lembre-se, não importa o preço que você pagou pelo Vale no passado, o preço atual é o mesmo para todos os investidores. Portanto, o ponto de partida de hoje é o mesmo para ambos.

O mesmo ocorre com os títulos públicos no Tesouro Direto. Não importa a taxa que você comprou no passado. A taxa que você comprou é relevante apenas para saber o retorno durante todo o período, ou seja, desde o início. Como o título está marcado a mercado, a taxa que ele vai render de hoje até o vencimento não é a que você comprou, mas a taxa atual do mercado.

Por exemplo, considere dois investidores. Um título adquirido do Tesouro Principal 2035 quando a taxa estava em IPCA+7% ao ano em 2015. O outro aplicado quando a taxa negociada era de IPCA+2,87% ao ano em 2019. Esses dois investidores, de hoje até o vencimento do título, terão o mesmo retorno. Esse retorno será de IPCA+6,39% ao ano, que é uma taxa negociada hoje. O título de ambos os investidores tem o mesmo preço unitário hoje na carteira de ambos e, portanto, renderá o mesmo valor de hoje até o vencimento.

Portanto, é uma taxa atual negociada no mercado que se deve considerar para a decisão entre o título prefixado e o referenciado ao IPCA.

Assim, cuidado ao ficar preso a uma decisão de investimento passada. Não importa se foi uma decisão certa ou errada no passado, o que importa é que você vai fazer agora com os recursos e qual a melhor decisão ajustada ao risco e às suas condições financeiras.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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FOLHA DE SÃO PAULO

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