A avaliação positiva ao trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se manteve estável na nova rodada da pesquisa Datafolha, divulgada na terça (18). A aprovação passou de 35% em março para 36% em junho, portanto dentro da margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O leve crescimento dentro da margem de erro interrompeu uma sequência de quedas que vinha sendo registrada desde o começo do ano em diversas pesquisas de opinião. A reprovação também mostrou uma leve melhora, caindo de 33% para 31%, enquanto a avaliação regular passou de 30% para 31%.
A melhoria na avaliação do governo Lula 3 ocorre em meio às turbulências econômicas recentes, como as críticas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a alta de cerca de 10% no dólar. No entanto, uma pesquisa aponta que a dúvida do mercado financeiro com o cumprimento das metas fiscais ainda não se reflete de forma significativa na opinião pública.
A pesquisa do Datafolha foi conduzida com 2.008 participantes em 113 municípios brasileiros entre 4 e 13 de junho, marcando um ano e seis meses do terceiro mandato de Lula.
Percepção da economia
Mesmo em meio às dúvidas do mercado financeiro com a capacidade do governo cumprir a meta de zerar o rombo das contas públicas neste ano – e sem conseguir indicar uma fonte de receitas para cobrir principalmente a desoneração da folha de pagamentos –, a população vê um nível melhora na expectativa econômica.
Nesta nova rodada do levantamento, 40% dos entrevistados acreditam que a economia vai melhorar, 28% esperam uma piora e 27% acham que tudo ficará igual. Em março, os números eram 39%, 27% e 32%, respectivamente.
Entre os que demonstram maior otimismo estão os jovens (47%), os menos escolarizados (50%) e os moradores do Nordeste (53%). Este último grupo e os menos escolarizados têm sido tradicionalmente associados ao apoio ao presidente: 48% dos nordestinos e 53% das pessoas com até o ensino fundamental compartilham o governo de Lula ótimo ou bom.
Por outro lado, a percepção sobre a economia pessoal se inverte da visão futura: 42% dos entrevistados acham que o cenário geral do país piorou, e 24% têm essa visão negativa em suas finanças domésticas. Outros 27% acreditam que a situação melhorou, enquanto 29% percebem uma melhoria em suas vidas pessoais; e 29% compartilham que tudo é igual no Brasil, e 47% vêem estabilidade em sua situação particular.
Quanto à percepção de melhoria desde a volta de Lula ao poder, 52% afirmam que nada mudou, 26% dizem que suas vidas melhoraram e 21% que pioraram.
Entre os que ganham até dois anos mínimos, o maior grupo populacional da pesquisa com 49% dos entrevistados, 32% observam uma melhoria, enquanto 18% apontam uma piora. Já entre aqueles que ganham mais de 10 mínimos, a percepção se inverte: 31% veem piora, e 19% não melhoram.
Crise ainda não chegou na ponta
Segundo a análise do instituto, a percepção descolada entre as dificuldades econômicas do governo e a visão do eleitor é atribuída ao fato de que indicadores como inflação e nível de emprego, que afetam diretamente a população, ainda não foram impactados pela crise atual.
Uma recente notícia positiva do aumento de 0,8% no PIB no primeiro trimestre, após seis meses de estagnação, ajudou a sustentar uma imagem favorável do governo, embora haja incertezas sobre sua continuidade.
Comparando com seus mandatos anteriores, Lula possui uma aprovação semelhante ao registrado em 2004 (primeira gestão), com 35%. Naquela época, sua reprovação era de 17%, e 45% o avaliado como regular.
Em maio de 2009 (segundo mandato), Lula tinha uma aprovação de 69%, enquanto apenas 6% o considerava ruim ou péssimo, e 24% o classificava como regular. Em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal rival político, Lula mantém um nível semelhante de aprovação. Bolsonaro tinha 32% de ótimo/bom em junho de 2020, mas com uma reprovação mais alta de 44% e 23% o viam como regular.