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Descubra qual o maior risco de quem acumula 20% do necessário para se aposentar – 18/06/2024 – De Grão em Grão


Acumular um quinto do necessário para a reforma pode parecer um marco significativo. No entanto, muitas pessoas que começam a poupar nunca chegam a concluir as suas economias. Isso ocorre porque, muitas vezes, ao atingir um determinado patamar de patrimônio, surge a tentativa de gastar em algo significativo, como um imóvel, um automóvel ou uma viagem dos sonhos. Essa tentativa constante impede que os objetivos financeiros de longo prazo sejam alcançados.

A sensação de ter um dinheiro disponível muitas vezes cria uma falsa sensação de segurança. Afinal, pensar em gastar um montante acumulado em algo tangível e imediato é mais atraente do que deixá-lo aplicado por mais décadas. No entanto, o comportamento é prejudicial ao crescimento do património, especialmente quando consideramos o impacto dos juros compostos ao longo do tempo.

Quando se retira uma quantia substancial das economias, não se está apenas investindo nos montantes principais, mas também sacrificando os juros que seriam gerados sobre aqueles montantes no futuro. O poder dos juros compostos reside justamente na capacidade de gerar retornos sobre os retornos anteriores, criando um efeito bola de neve que acelera o crescimento do patrimônio com o passar dos anos.

Para ilustrar o impacto dos juros compostos e o problema do saque antecipado, veja o exemplo. Considere um indivíduo que deseja ter uma renda de R$ 10 mil adicionais ao INSS. Considerando uma taxa de juros reais, ou seja, acima do IPCA de 6% ao ano, ele deveria acumular um total de R$ 1,7 milhão nos valores de hoje.

Para chegar a esse valor, considerando as mesmas taxas de juros, ele precisaria economizar R$ 1,7 mil ao mês por 30 anos, corrigidos pelo IPCA. Ou seja, se você ganha R$ 10 mil de salário, seria equivalente a economizar um pouco menos de 20% da renda mensal.

Após 12 anos poupando, ele terá R$ 360 mil nos valores de hoje. É uma quantidade razoável e equivale a cerca de 20% do necessário. Nesse momento, normalmente, os indivíduos têm dois pensamentos: ou começam a duvidar que vai dar para alcançar a meta, ou querem se apresentar pelo esforço, achando que isso não vai comprometer ou que a despesa vai ser tão boa quanto o dinheiro investido.

A dúvida de que é possível alcançar a meta ocorre pois só 12 anos é 40% do tempo esperado de poupança de 30 anos e só foi poupado 20%. Fica difícil acreditar que nos 60% do tempo restante será possível multiplicar por 5 a soma poupada.

No entanto, ao gastar esse dinheiro, o investidor não só perde o montante principal, mas também os juros compostos que seriam gerados sobre ele. A longo prazo, essa decisão pode representar uma diferença significativa na qualidade de vida durante a aposentadoria.

Por exemplo, se você gasta esse valor, sabe quanto tempo levaria novamente para você acumular o mesmo patrimônio? Logicamente, os mesmos 12 anos. No entanto, se você não gastar, em 12 anos, você terá R$ 1,09 milhão a valores de hoje. Isso significa que o valor terá triplicado em termos reais no mesmo prazo.

Você entende o efeito dos juros compostos? Sabe o que muitos fazem e que acaba por comprometer a aposentadoria?

Um caso comum quando indivíduos acumulam 20% do necessário para se aposentar é a compra de um imóvel. Embora seja considerado um investimento, a compra de um imóvel costuma drenar uma grande parte do capital disponível e reduzir a capacidade de gerar retornos compostos sobre o mesmo.

Na maioria das vezes, o valor poupado é suficiente apenas para a entrada necessária para um financiamento. Os juros do financiamento, juntamente com a vontade de fazer reformas no imóvel, drenam toda a capacidade de poupança futura. Assim, o investimento para aposentadoria fica comprometido.

Para evitar cair nessa armadilha, é crucial estabelecer metas financeiras claras e ter disciplina para mantê-las. Criar um plano de execução detalhado e comprometer-se a segui-lo, resistir à tentativa de gastar grandes somas em itens de consumo imediato, é fundamental. Isso não significa que não se possa gastar em lazer ou realizar sonhos ao longo da vida, mas sim que esses gastos devem ser bem planejados e compatíveis com o plano de longo prazo.

Manter um foco constante nos objetivos de aposentadoria e lembrar-se do poder dos juros pode ser a chave para garantir uma aposentadoria confortável e segura. Resistir às tentativas imediatas e priorizar o crescimento do patrimônio a longo prazo é uma das decisões mais inteligentes que se pode tomar para garantir um futuro financeiro estável.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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FOLHA DE SÃO PAULO

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