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Audrey Tang, símbolo da democracia digital, visita Brasil – 23/06/2024 – Ronaldo Lemos


No momento em que este artigo é publicado, está no Brasil Audrey Tangex-ministro Tecnologia Digital de Taiwan. Audrey vai visitar o Rio neste domingo (23) e Brasília na segunda (24).

Ela é uma celebridade. Foi capa da revista Wired, além de figurar em programas de TV e jornais pelo mundo. A razão é inusitada: Tang é o maior nome do planeta quando o assunto é democracia digital.

Conforme no The New York Times: “A democracia melhorou quanto mais as pessoas participam. E a tecnologia digital permanece como um dos melhores caminhos para promover a participação, desde que seja usado para encontrar consensos, e não divisão”.

Tang mostra que um outro caminho é possível para a internet, diferente da prevalência das fake news, dos algoritmos de interesse e da polarização. De 2016 a 2024, ela construiu ferramentas impressionantes para responder a tudo isso aperfeiçoando a democracia.

Por exemplo, na pandemia, combateu a desinformação e coordenou digitalmente a resposta à doença. O resultado: Taiwan teve apenas sete mortes e 455 casos de Covid, em uma população de 24 milhões de pessoas.

Criou uma consulta nacional sobre o que fazer com o Uber quando o aplicativo entrou em Taiwan. Construiu uma plataforma que tornou o Poder Judiciário mais aberto e transparente no país. E neste ano, lançou uma consulta sobre como regular a inteligência artificial.

Audrey é uma exímia programadora e se tornou a líder convidada na construção do futuro da democracia. Sua tese é de que enquanto o mundo caminha para a centralização, é possível responder a essa tendência com cada vez mais participação.

Ela não está sozinha no Brasil. Quem acompanha é Glen Weyl, o economista americano que escreveu o livro “Radical Markets” (Mercados Radicais), chamado de “acachapante” pela revista The Economist. Weyl morou no Rio, na favela do Vidigal, onde gesticulou várias das suas ideias (inclusive uma proposta para reformar o mercado imobiliário).

Audrey e Weyl estão lançando juntos um novo livro, chamado “Pluralidade”, que pode ser baixado gratuitamente online. O livro apresenta um diagnóstico detalhado de como a tecnologia acabou se tornando uma ameaça para a democracia.

Analise também o impacto que a inteligência artificial terá sobre as instituições e como o contrato social está sendo dinamitado. A partir daí o livro construiu um vigoroso programa de ação sobre como reverter essas tendências negativas.

Nenhum centro de tudo é uma ideia de pluralidade. Enquanto a centralização é empobrecedora, a pluralidade é sofisticada e capaz de gerar respostas complexas para problemas igualmente complexos.

A leitura é revigorante. O livro nos lembra que o Brasil já foi ambicioso em pluralidade. Por exemplo, criamos o orçamento participativo, que hoje é usado de Dubai para Nova York. A própria Constituição de 1988 conta com a participação de mais de 72 mil contribuições enviadas por correio na sua formulação. Ou ainda, o Marco Civil da Internet, que foi construído online de forma aberta, transparente e colaborativa.

Como diz Audrey Tang: “Quando falarem internet das coisas, fale internet das pessoas. Quando falarem realidade virtual, falem realidade compartilhada. Quando falarem aprendizagem de máquina, falem aprendizado colaborativo. Quando falarem singularidade, falem pluralidade.”


Já era – Acho que a tecnologia é uma força irreversivelmente negativa

Já é – Trabalhar para reverter o caminho perigoso que a tecnologia está construindo

Já vem – Aprofundar ideias como pluralidade (Tang e Weyl) e tecnodiversidade (Yuk Hui) como antídoto


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FOLHA DE SÃO PAULO

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