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Entenda quando vale a pena financiar a compra de um imóvel ou outros bens – 24/06/2024 – De Grão em Grão


Pelo histórico de juros altos no Brasil, quando ouvimos falar de dívida, logo dá aquele arrepio. Mas será que toda dívida é ruim? Se a todo instante ouvimos falar de empresas captando recursos para fazer investimentos, deve haver algum interesse que faça com que um investimento seja interessante. É sobre esses sorteios que vou abordar hoje.

Na verdade, há um tipo de dívida que muitos fazem acreditando que estão fazendo um bom negócio, mas estão perdendo dinheiro. Na semana passada, ele estava conversando com um investidor, e ele afirmou: “acho que para este investimento vale a pena fazer dívida”. Logo em seguida, questionei: “Por que?”

Ele não soube explicar. Apenas pela sua intuição: “porque acho que faz sentido”. Acho que não é subsídio suficiente para tomar uma decisão bem fundamentada. Por isso, vou mostrar como você deve fazer uma conta para decidir. Então, vamos a uma matemática simples para entender quando valeria a pena fazer dívida.

Imagine que você encontrou um investimento com rendimento certo e elevado, por exemplo, uma renda fixa sem risco com retorno de 15% ao ano, isento de IR, com vencimento em um ano. Óbvio que essa aplicação não existe. O objetivo é apenas a compreensão.

Você tem apenas R$ 100 mil. Se você investir nesse título, em um ano vai receber de volta R$ 115 mil. Você não consegue aplicar mais, pois não tem recursos. Entretanto, considere que seu banco ofereceu até R$ 900 mil em financiamento para você aplicar este título por um ano com taxas de juros de 12% ao ano. Você pegaria esse financiamento? Veja a conta.

Com seu capital de R$ 100 mil mais os R$ 900 mil que o banco te emprestou, você investe R$ 1 milhão no título. Ao final de um ano, o título vai render R$ 150 mil e você recebe também o principal de volta. Mas lembre-se de que precisa pagar a dívida do banco. Você deve devolver o capital que o banco emprestou acrescido de juros de R$ 108 mil.

Assim, você recebe do investimento R$ 1,15 milhão, paga ao banco R$ 1,008 milhão e sobram R$ 142 mil, ou seja, um lucro de R$ 42 mil sobre os R$ 100 mil que você investiu de capital próprio. Portanto, seu investimento próprio teve um retorno de 42% ao ano em vez dos 15% que teria se não financiasse.

Então, sabemos que se um investimento rende, de forma líquida de IR, mais que o custo do financiamento, vale a pena financiar, pois seu rendimento total se eleva. Aqueles que aproveitam a dívida para alavancar o patrimônio têm essa regra de ouro.

Por outro lado, o que ocorreria se a aplicação rendesse apenas 10% ao ano líquido de IR, ou seja, menos que o custo do financiamento?

Neste caso, se você financiasse nas mesmas condições, o valor que receberia do investimento ao final de um ano seria de R$ 1,1 milhão. Subtraindo o valor que deve retornar ao banco, sobrariam R$ 92 mil, ou seja, um prejuízo de R$ 8 mil em relação ao seu capital próprio de R$ 100 mil.

Portanto, se o rendimento da aplicação é menor que o custo do financiamento, o retorno do capital próprio que você emprega será menor que o esperado pelo ativo e pode ser até negativo, como no exemplo.

Assim, quando você decidir financiar a aquisição de um bem, deve se certificar de que esse ativo renda mais que o custo do financiamento.

A discussão de que eu estava tendo era sobre financiamento imobiliário. Hoje, as taxas de juros de financiamento imobiliário estão variando entre 11% e 12% ao ano + TR. Portanto, com uma TR de 1,2% ao ano, o custo total médio do financiamento está em 12,7% ao ano.

Logo, você deveria esperar que seu imóvel tivesse um rendimento líquido de IR de 12,7% ao ano para valer a pena fazer um financiamento imobiliário nos dias de hoje. Lembro que um retorno de 12,7% líquido de IR seria equivalente a um retorno bruto de aproximadamente 14,94% ao ano. Esta não parece uma valorização para se esperar em um imóvel, mesmo considerando o ganho de aluguel.

Portanto, cuidado ao generalizar que sempre vale financiar a aquisição de um imóvel. Aqueles que se afundam em dívidas ou dilapidam o patrimônio à medida que o fazem crescer, não atentam para que o rendimento do ativo seja maior que o custo da dívida.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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FOLHA DE SÃO PAULO

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