sábado, outubro 5, 2024
InícioPOLITICAautonomia do Banco Central, criticada por Lula, funcionou?

autonomia do Banco Central, criticada por Lula, funcionou?



Após críticas constantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a autonomia da gestão do Banco Central foi sancionada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021 e estabelece um mandato de quatro anos ao seu presidente e diretor, livrando a autarquia de ingerências do Poder Executivo.

Embora a indicação às cargas ainda seja uma atribuição do presidente da República, os executivos são livres para adotarem os caminhos técnicos mais adequados para a política monetária do país. E é isso que gerou uma intervenção direta de Lula e aliados contra o Banco Central.

Na sua opinião, a autonomia do Banco Central funcionou para garantir o andamento da economia brasileira? Responda abaixo no enquete da Gazeta do Povo.

A operação mais recente ocorreu após os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) decidirem por unanimidade manter a taxa básica de juros em 10,5%, interrompendo o ciclo de cortes que começou em agosto do ano passado. A esperança do governo Lula era de que os quatro indicados pelo Planalto votassem a favor de uma nova redução – o que não ocorreu e ainda ficou claro na ata que pode não ser retomado neste ano.

Essa interrupção do ciclo de cortes irritou Lula e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que culpou diretamente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por decisão.

Um dos diretores encarregados como mais alinhados ao governo, Gabriel Galípolo, ressaltou que a decisão de aumentar, reduzir ou manter a Selic está em aberto e vai depender de “como as coisas vão se desdobrar a partir de agora”.

“Se as coisas piorarem, o Banco Central vai reagir? Sim, com certeza. Se as coisas melhorarem, o Banco Central vai reagir também. Então, deixe a questão em aberto, eu acho que é o que a gente fez agora na comunicação, já é uma linha que determina isso, mas mesmo em abstrato”, pontudo.

Galípolo é, inclusive, cotado pelo mercado para ser indicado por Lula à sucessão de Campos Neto na presidência da autarquia.

Ele apontou que a decisão de manter, diminuir ou aumentar a taxa de juros vai depender do cenário econômico, e que “o Banco Central não pode se furtar da sua missão, que é perseguir a meta de inflação”. “E, para isso, a ferramenta utilizada é o manejo da taxa de juros. E ela vai ser manejada para a instância que é necessária para a gente perseguir a meta”, ressaltou.

O que disse ata do Copom

No ata publicado nesta terça (25), o Copom afirma mais de uma vez que o desempenho da economia tem superado as expectativas do colegiado. A “desancoragem” das expectativas de inflação – isto é, o aumento da distância entre as projeções e a meta – também é mencionado várias vezes.

“Não que se refira ao cenário doméstico, ao mercado de trabalho e à atividade econômica, em particular ao consumo das famílias, eles mudaram e divergiram do cenário de desaceleração previsto. Além disso, houve nova elevação das projeções de inflação tanto para 2024 quanto para 2025”, diz trecho da ata (veja na íntegra).

Os membros do comitê afirmam que reduzem as expectativas de inflação “exigem uma atuação firme da autoridade monetária”, mas não só. Em recado ao governo, defende que também é necessário “o reforço contínuo da concessão e da recompensa tanto das instituições como dos arcabouços fiscais e moedas que compõem a política econômica brasileira”.



GAZETA

ARTIGOS RELACIONADOS
- Advertisment -

Mais popular