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Privatização da Sabesp teve uma interessada, diz agência – 26/06/2024 – Mercado


A Equatorial foi a única empresa a apresentar proposta para ser acionista de referência da Sabesp. A Aegea, maior companhia privada de saneamento básico do Brasil, também apontou como potencial participante do leilão, não entregou documentos.

O prazo para manifestação de interesse acabou nesta quarta-feira (26), conforme detalhado no prospecto, o documento que contém as principais informações sobre a transação.

Procurado pela Folhao Governo de São Paulo Disse apenas que os finalistas da segunda etapa da oferta de ações serão divulgados na próxima sexta-feira (28).

A Equatorial não respondeu aos pedidos de comentário. A Aegea informou que não vai falar sobre o assunto.

O acionista de referência será uma espécie de sócio estratégico do governo, que deverá adquirir, sozinho, 15% do capital da Sabesp e terá direito a um terço do conselho de administração, além do direito de escolher o presidente do conselho e outros executivos.

Desde o início do processo de privatização, a Equatorial era apontada como um dos grupos que estavam observando entrar no negócio, assim como a Aegea. A lista de sustentação em virar acionista de referência, inclusive, já chegou a ser extensa, incluindo nomes como Votorantim, Veolia, Equatorial, Cosan e J&F

No entanto, detalhes sobre o modelo de privatização anunciado pelo Governo de São Paulo causaram recebimento em algumas companhias interessadas. Limitações impostas ao sócio estratégico acabaram afastando assuntos específicos.

A ausência de concorrentes pelo posto de sócio de referência não exigirá adaptações no processo. O prospecto da oferta já prevê a situação de um único interessado. Nesse caso, se os documentos entregues pela Equatorial estiverem de acordo com as critérios, o follow-on seguirá com um único bookbuilding —processo em que os investidores do mercado indicam a quantidade de ações que desejam adquirir.

A primeira fase do cronograma até a venda das ações começou nesta segunda (24). O formato de privatização escolhido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) é inédito e tem complexidades que o deixaram mercado em dúvida ao longo do processo.

Isso porque a oferta de ações será feita em duas etapas. Na primeira, o governo coletaria as propostas feitas pelos acionistas de referência e selecionaria as duas maiores.

Na fase de bookbulding, os investidores continuaram dois “livros” (livros) para registrar seus interesses de compra e escolher o que desejam adquirir como ações: se do livro do concorrente A ou se do livro do concorrente B. Cada livro teria o valor por ação oferecida pelo candidato a acionista de referência, mas os investidores conseguiram sugerir o valor das ações que desejam comprar no livro de preferência.

Agora, a previsão é de que haja um único livro, com os investidores aguardando o preço indicado pelo acionista de referência em sua proposta.

Na última quinta-feira (20), o Governo de São Paulo definiu uma condição que daria certa vantagem ao candidato favorito do mercado na disputa. Pessoas familiarizadas com a privatização afirmaram que a regra, conhecida pelo nome em inglês “right to match” (algo como “direito de igualar a proposta”), foi uma das cláusulas que dificultaram a entrada da Aegea no processo.

Essa condição autorizou o grupo com menor preço ponderado a cobrir a oferta do concorrente e sair vencedor na disputa por acionista de referência —desde que esse grupo tivesse o maior valor absoluto do livro, ou seja, maior demanda dos investidores. Na prática, a cláusula daria preferência ao “favorito do mercado”, que foi apontada como a Equatorial.

Outra regra que atrapalhou a entrada da Aegea, na avaliação desses especialistas, foi a “pílula do veneno” (pílula do veneno, em inglês).

O governo determinou que, depois de a Sabesp ser privatizada, nenhum acionista majoritário poderá ter mais de 30% dos votos no conselho da empresa. Para estabelecer esse teto, o Executivo definiu que, caso algum acionista ultrapasse 30% de participação, ele terá que estender a oferta para os demais acionistas com prêmio de 200% em relação ao valor originalmente oferecido, o que naturalmente reduz a chance de algum grupo se interessar.

O imbróglio para a Aegea, nesse caso, é que ela entrou na disputa num consórcio junto com fundos de investimentos e seus principais acionistas, como Itaúsa e o GIC (fundo soberano de Cingapura). O recebimento era de que a atuação desses fundos em outros negócios pudesse acionar a “pílula venenosa”.

Especialistas do setor concordam que a “pílula venenosa” pode ter sido um dos principais motivos para a ausência de mais detalhes.

“Esse foi um fator que dificultou e acredito que houve também um certo questionamento com o lançamento do ‘right to match'”, diz Percy Soares Neto, ex-diretor executivo da Abcon (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto ).

“As regras do jogo eram mais ou menos oficiais, aí o governo, quando veio a notícia de que tinha um pouco de concorrência, forçou a cláusula.”

Ele, que é fundador da consultoria Ikigai, também sabe que o governo do estado terá de fazer algum movimento para explicar a falta de mais detalhes.

“Não ficou bom para a imagem do governo e para uma gigante, como a Sabesp. É algo que pode impactar o próprio setor de saneamento, precisamos ver como o mercado de ações vai ver o setor.”

Para Bruno Aurélio, sócio das áreas de Infraestrutura e Regulatório do Demarest, pode ter pesada restrição para fins de participação em outros projetos fora do estado de São Paulo, especialmente, a necessidade de autorização do conselho para atuar em municípios com mais de 50 mil habitantes.

“Acho que isso, do ponto de vista de estratégia econômica, de expansão e desenvolvimento de negócios, para uma empresa tão forte quanto a Aegea está em diferentes locais do Brasil.”

Ele apenas pondera que a falta de outros detalhes específicos não é necessariamente um sinal de fracasso.

“Ter a Equatorial, uma grande companhia aberta com investidores relevantes, é um sucesso. Agora, se a ideia era ter um número máximo de detalhes, deveria ser um processo mais cadenciado e, talvez, um pouco mais permeável ao que apontava o mercado. “

Com Reuters



FOLHA DE SÃO PAULO

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