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Ex-CEO da Americanas pedia planilhas em pendrive – 28/06/2024 – Mercado


O ex-CEO da Lojas AmericanasMiguel Gutiérrez, preso nesta sexta-feira (28), em Madri, aparecia pouco nas trocas de e-mails de outros diretores do grupo que estariam envolvidos com a fraude bilionária dos balanços do varejista.

Para o Ministério Público Federal, ele participou das fraudes desde o planejamento até a publicação dos resultados, acompanhando os resultados por meio do “kit fechamento”, como eram chamados os conjuntos de documentos, planilhas e apresentações com os números contábeis reais.

Segundo o parecer da Procuradoria da República no Rio de Janeiro enviado à 10ª Vara Penal Federal do Rio, a maior parte dos documentos que circularam entre os participantes do esquema não foram enviados a ele por e-mail ou mensagem de texto.

O MPF acredita que isso é acontecia para que o ex-CEO da Americanas pudesse resguardar. Ele pediria então para que as informações fossem gravadas em um pendrive e entregues pessoalmente.

Em um dos documentos obtidos pela investigação por meio da colaboração premiada do ex-diretor financeiro Marcelo Nunes, outro ex-diretor, Carlos Padilha, pede, por email, que Flávia Carneiro olhasse a planilha que estava encaminhada por meio de “pen drive ao MG como solicitado”. Flávia foi superintendente à época e também fechou delação premiada.

Nesse anexo, há uma movimentação de palavras cooperadas incluídas nos demonstrativos das lojas Americanas. A listagem, referente aos anos de 2017 e 2018, assinalou cartas A e cartas B, que, para o MPF, referiam-se, respectivamente, a créditos verdadeiros e falsos.

Em 2022, quando uma troca no comando do grupo varejista foi anunciada, Gutierrez recebeu por email um arquivo com o histórico da operação desde 2013. Além deles, outros diretores foram destinatários do arquivo, como Anna Saicali, Timótheo Barros, Márcio Cruz e Fábio Abrate .

Para o MPF, o documento trazia uma radiografia da real situação da empresa. Nele há gráfico com os passivos deixados pelas operações de risco sacado, cartão de crédito e antecipação de verba cooperada ao longo dos anos.

Em outra planilha está o estoque de cartas de verbos coorperadas fictícias.

Apesar de Gutierrez ter dito em 2023 na carta à CPI que buscou apurar fraudes na empresa, que as dificuldades econômicas da empresa não tinham relação com “qualquer problema de ordem contábil (que não era de meu conhecimento)”, os procuradores da República dizem não parecer que há inúmeras provas de que “toda a fraude era comandada por Miguel Gutierrez”.

Em 2019, Flávia Carneiro invejava ele arquivos entre os quais um que tratava de “cartas B”. “Ao receber as informações, Miguel Gutierrez não fez qualquer comunicação ao mercado.”

Na quinta, a Polícia Federal cumpriu 15 mandados de busca e apreensão (14 nas residências de ex-profissionais e um na sede da Americanas no Rio de Janeiro). Além de Gutierrez, a ex-executiva Anna Saicali também foi incluída na difusão vermelha da Interpol, devido ao mandado de prisão.

Gutierrez estava fora do Brasil desde 29 de junho, segundo de 2023, na Polícia Federal. Saicali deixou o país no último dia 15 de junho.



FOLHA DE SÃO PAULO

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