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Entre muitos pais do Plano Real, seis se destacam – 29/06/2024 – Mercado


Convocou-se a comemorar o aniversário do Plano Real em 1º de julho, data da introdução da moeda há 30 anos. No entanto, há outros dados cruciais para o programa de estabilização.

Naquele mesmo 1994, foi lançado em 1º de março na URVo indexador pretende promover uma convergência geral de preços e remuneração a uma mesma unidade de conta; na mesma data o Congresso promulgou emenda constitucional para conter o déficit no Orçamento.

Em 15 de abril, concluiu-se a renegociação da dívida externa, espécie de gêmea não idêntica à superinflação brasileira –ambas se multiplicaram na década perdida de 1980.

O Plano Real, como se nota, foi uma obra não apenas econômica, mas também política e jurídica. Consumiu o esforço de grupos de pessoas, antes e depois de vir à luz.

Seis delas estão destacadas abaixo, sem incluir nomes como Rubens Ricupero, Winston Fritsch, Clóvis Carvalho, Pedro Parente, Francisco Lopes, Gustavo Loyola, José Roberto Mendonça de Barros, Armínio Fraga e Everardo Maciel, todos importantes na concepção ou na gestão do programa.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Chegou a ministro da Fazenda quase por acaso –foi a quarta escolha do turbulento Itamar Franco para o posto em apenas oito meses. Aproveitou a oportunidade para uma reviravolta em sua trajetória política – que transformaria também seu partido e o país.

Sociólogo cuja obra era referência para a esquerda nacional, eleito senador e um dos fundadores do PSDBreuniu em torno de si economistas de orientação liberal egressos do Plano Cruzado (1986) e da PUC-RJ.

Seu principal papel foi político. Era preciso resistir às pressões do Planalto por medidas como congelamento de preços e reajustes salariais, chegando com o Congresso e, não menos importante, ganhando o apoio e a confiança da opinião pública após uma série de pacotes frustrados em anos anteriores.

Sua principal inovação foi abandonar a terapia de choque. Anunciei com antecedência as etapas para o lançamento do real, respeitei os contratos e deu tempo para que consumidores e empresários se preparassem para a reforma tributária.

Eleito presidente, demorou a fazer os ajustes necessários e impopulares no plano. O câmbio flutuante e os superávits fiscais ficaram para o segundo mandato, que conquistou graças a uma mudança na regra constitucional.

PERSIO ARIDA E ANDRÉ LARA RESENDE

Em 1984, os dois economistas da PUC-RJ, que então contavam pouco mais de 30 anos, publicaram a célebre e heterodoxa proposta que embasaria os planos Cruzado e Real, fora outras iniciativas financeiras.

Batizado de Larida, o documento prévio a convivência temporária de duas moedas para eliminar os efeitos da indexação sobre os preços.

Dez anos depois, uma ideia inovadora seria combinada a preocupações mais ortodoxas com solidez fiscal, rigor nos jurosreservas em dólar, amparo político e solidez jurídica.

Ambos saíram do governo FHC em polêmicas. Arida deixou a presidência fazer Banco Central em 1995, passar após um feriado com um banqueiro amigo às vésperas de uma mudança no câmbio; Lara Resende renunciou ao comando do BNDES em 1998, na sequência de conversas gramaticais sobre a privatização da Telebrás.

EDMAR BACHA

Outro egresso do Cruzado, estudioso da inflaçãofoi um dos principais professores da PUC-RJ, onde se debateram estratégias de estabilização que fugiram do receituário heterodoxo.

Até a participação nos planos, era mais conhecido por ter cunhado o termo Belíndia, misto de Bélgica e Índia, para descrever a desigualdade social brasileira no regime militar.

Ativo pelo PSDB na época, foi o encarregado de formular o ajuste orçamentário que precedeu o real e ajudar nas negociações com o Congresso.

PEDRO MALAN

Servidor público, representou o Brasil em organismos internacionais e esteve à frente da renegociação da dívida externa brasileira no início dos anos 1990.

Ingressou na equipe de FHC ao assumir o Banco Central em 1993, depois de mais uma demissão abrupta promovida por Itamar.

Ao se alistar na defesa do plano e o cuidado nas declarações ou credenciar a comandar o Ministério da Fazenda nos dois governos tucanos, uma marca até então impensável desde a redemocratização do país.

GUSTAVO FRANCO

Outro oriundo da PUC-RJ, é geralmente apontado como o mais prático entre os teóricos do real. Encarregou-se de dar forma jurídica às medidas do plano.

No governo FHC, foi diretor e depois presidente do BC, tornando-se o defensor mais extremado da chamada âncora cambial – a estratégia de manter o real sobrevalorizado ante o dólar para conter a inflação.

Deixou o governo em 1999, quando a âncora se mostrou inviável e foi aumentada pelo câmbio flutuante e o regime de metas de inflação.



FOLHA DE SÃO PAULO

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