O comitê criado para averiguar as fraudes na Lojas Americanas Realizou as investigações e deve fazer uma apresentação para a empresa e o Conselho de Administração da companhia “nas próximas semanas”.
Em um comunicado ao mercado divulgado nesta segunda-feira (1º), o varejista confirmou que o relatório do grupo de investigação foi concluído, afirmando que após o documento ser apresentado e analisado, o conselho tomará as medidas cabíveis.
De acordo com o comunicado, foram revisados cerca de 1,2 milhão de documentos e feitas 250 entrevistas com funcionários, ex-funcionários e colaboradores.
Também foram bloqueados mais de 74 terabytes de dados, dados estruturados protegidos de cerca de 11 sistemas corporativos e preservados cerca de 2.300 fontes corporativas de dados não estruturados de aproximadamente 360 fontes.
“Os resultados da investigação judicial pelo Comitê Independente estão sendo compilados e serão apresentados ao conselho de administração da Companhia nas próximas semanas”, diz o documento.
O comitê também afirmou, tendo em vista a deflagração da operação Disclosure, da Polícia Federalna quinta-feira (27), que os resultados do grupo ainda não foram apresentados à empresa e não se confundem com as avaliações das autoridades.
“O Comitê Independente esclarece que não teve acesso, no correr dos seus trabalhos, a acordos de colaboração premiada ou acordos administrativos em processo de supervisão celebrado entre ex-colaboradores da Companhia e autoridades competentes, incluindo aqueles relacionados à Operação Disclosure”, diz a nota.
Em entrevista à Folha no último dia 29Celso Vilardi, advogado da Americanas, disse que aguardariam os desdobramentos do caso para confirmar se os investigadores da PF seguiriam o mesmo caminho da sua apuração interna, primeiramente a colocar o ex-CEO da empresa, Miguel Gutierrez, e outros ex-funcionários como responsáveis pela fraude.
“Desde o início da crise, além do comitê independente, nós também estamos conduzindo essa investigação interna. Temos colaborado com as autoridades desde o primeiro momento. E, vou dizer, foi uma investigação primorosa da PF e do MPF”, disse Vilardi.
Também nesta segunda-feira, a ex-diretora da empresa Anna Saicali desembarcou no Brasil e se apresentou à Polícia Federal, na delegacia especial do Aeroporto Internacional de Guarulhos, no âmbito das investigações sobre fraudes na companhia.
A executiva estava em Portugal desde o dia 15 de junho e teve o mandado de prisão contra ela revogado pelo juiz Marcio Muniz da Silva Carvalho, da 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
A operação Disclosure —termo em inglês para transparência de informações sobre a situação econômica de uma empresa— investiga 14 pessoas ligadas ao grupopor crimes de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada e associação criminosa.
Em caso de condenação, as penas chegam a até 26 anos de reclusão.
No sábado (29), o ex-CEO das Lojas Americanas Miguel Gutiérrez foi liberado pelas autoridades espanholas, após ter sido preso pela polícia espanhola em Madri um dia antes. Ele deverá enviar o passaporte e terá que ser apresentado a cada 15 dias.
O rombo de mais de R$ 25 bilhões nas contas da Americanas foi revelado no início de 2023, quando a empresa informou ao mercado inconsistências contábeis bilionárias, levou a varejista a entrar em um processo de recuperação judicial.