Nikolay Storonsky, fundador e CEO da Revolut.
Harry Murphy | Sportsfile para Web Summit via Getty Images
LONDRES — O chefe da gigante britânica de tecnologia financeira Revolut disse à CNBC que está otimista sobre as chances da empresa obter uma licença bancária no Reino Unido, já que um aumento no número de usuários fez com que a empresa registrasse lucros recordes antes de impostos no ano inteiro.
Em uma entrevista exclusiva à CNBC, Nikolay Storonsky, CEO e cofundador da Revolut, disse que a empresa está confiante em garantir sua licença bancária britânica, após superar alguns obstáculos importantes em sua jornada de mais de três anos para obter a aprovação dos reguladores.
“Espero que, mais cedo ou mais tarde, consigamos”, disse Storonsky à CNBC por videochamada. Os reguladores “ainda estão trabalhando nisso”, ele acrescentou, mas até agora não levantaram nenhuma preocupação pendente com a fintech.
Storonsky observou que o enorme tamanho da Revolut fez com que demorasse mais para a empresa obter sua licença bancária aprovada do que seria o caso para empresas menores. Várias pequenas instituições financeiras conseguiram obter aprovação para uma licença bancária com poucos clientes, ele acrescentou.
“As licenças bancárias do Reino Unido estão sendo aprovadas para empresas menores”, disse Storonsky. “Eles geralmente aprovam alguém duas vezes por ano”, e elas geralmente tendem a ser instituições menores. “Claro, somos muito grandes, então leva mais tempo.”
A Revolut é uma instituição de dinheiro eletrônico licenciada, ou EMI, no Reino Unido. Mas ela ainda não pode oferecer produtos de empréstimo, como cartões de crédito, empréstimos pessoais ou hipotecas. Uma licença bancária permitiria que ela oferecesse empréstimos no Reino Unido. A empresa enfrentou longos atrasos em sua solicitação, que foi protocolada em 2021.
Um dos principais problemas enfrentados pela empresa era a inconsistência de sua estrutura acionária com o regulamento da Prudential Regulation Authority, que é o órgão regulador do setor de serviços financeiros subordinado ao Banco da Inglaterra.
A Revolut tem várias classes de ações e algumas dessas classes de ações tinham direitos preferenciais anexados anteriormente. Uma das condições estabelecidas pelo Banco da Inglaterra para conceder à Revolut sua licença bancária no Reino Unido foi transformar suas seis classes de ações em ações ordinárias.
A Revolut já resolveu isso, com a empresa fechando um acordo com um investidor de tecnologia japonês SoftBank para transferir suas ações na empresa para uma classe unificada, abrindo mão de direitos preferenciais, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto. A notícia da resolução com o SoftBank foi relatada pela primeira vez pelo Financial Times.
2023 um ‘ano de destaque’
A gigante fintech divulgou na terça-feira resultados financeiros mostrando que o lucro antes dos impostos do ano inteiro subiu para £ 438 milhões (US$ 545 milhões) em 2023, voltando ao azul em relação ao prejuízo antes dos impostos de £ 25,4 milhões em 2022. As receitas do grupo aumentaram 95% para £ 1,8 bilhão (US$ 2,2 bilhões), ante £ 920 milhões (US$ 1,1 bilhão) em 2022.
Victor Stinga, diretor financeiro da Revolut, disse que o crescimento da empresa resultou de um aumento recorde no número de usuários — a Revolut adicionou 12 milhões de clientes em 2023 — bem como do forte desempenho em todas as suas principais linhas de negócios, incluindo taxas de cartão, câmbio e riqueza, e assinaturas.
“Consideramos 2023 o que chamaríamos de um ano de destaque do ponto de vista de crescimento e lucratividade”, disse Stinga em uma entrevista esta semana.
O crescimento da receita foi impulsionado por três fatores principais, disse Stinga, incluindo crescimento de clientes, forte desempenho em suas principais linhas de receita e um aumento significativo na receita de juros, que, segundo ele, agora representa cerca de 28% das receitas da Revolut.
Ele acrescentou que a Revolut fez da disciplina financeira uma prioridade fundamental em 2023, controlando as despesas operacionais e adotando uma filosofia de “orçamento base zero”, em que cada nova despesa deve ser justificada e contabilizada antes de ser considerada aceitável.
Isso se traduziu em despesas administrativas crescendo muito menos do que as receitas, disse Stinga, com os custos administrativos crescendo 49% enquanto as receitas quase dobraram ano a ano.
A Revolut tem investido mais agressivamente em publicidade e marketing, ele acrescentou, com a empresa tendo investido US$ 300 milhões em publicidade e marketing no ano passado. As soluções de business banking da empresa também são uma prioridade, com a Revolut dedicando cerca de 900 funcionários para vendas business-to-business.