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Investimento em P&D é essencial para liderarmos a transição – 02/07/2024 – Ricardo Mussa


Sempre digo que o Brasil tem plena condições de liderança a caminhada global da transição energética.

Para compreender todos os contextos nessa jornada, recomendo um estudo recente da Shelluma das principais empresas de energia do mundo.

O documento estipula dois horizontes. No cenário “Sky 2050”, mais desafiador, o Brasil alcança a neutralidade de emissões líquidas de gases de efeito estufa em 2050, conforme compromisso assumido para cumprir os objetivos do Acordo de Paris.

Já no cenário “Arquipélagos”, essa neutralidade é restrita somente ao CO₂ e é atingida no começo dos anos 2060. Nas duas hipóteses, as conquistas brasileiras já estarão à frente da maioria dos países.

De um modo ou de outro, tenho certeza de que tais objetivos só serão alcançáveis ​​com investimentos certos —públicos e privados— em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I).

Do lado governamental, logo depois da COP28, ainda em 2023, o Ministério da CiênciaTecnologia e Inovação anunciaram cinco editais que contemplam projetos para transição energética.

Outro instrumento bem-sucedido é a cláusula que fixa um percentual para investimentos em P&D&I em contratos de exploração e produção de petróleo e gás natural, conforme a Lei 9.478/1997.

Até 2022, essa cláusula permitiu que totalizassem R$ 26,25 bilhões, com 186 instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico no país habilitadas, segundo a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que regulamenta e fiscaliza a aplicação dos recursos.

E o que esse investimento vem trazendo de bom?

Parte desse orçamento tem foco no desenvolvimento de tecnologias de energias renováveis ​​e no apoio a iniciativas de descarbonização, eficiência energética e redução de impactos ambientais.

Gostaria de citar dois exemplos concretos dos benefícios da cláusula: a construção da primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio (H2) lançada no mundo a partir do etanol, projeto com investimento total de R$ 50 milhões que une Shell Brasil, Hytron, Raízen, Senai CETIQT e a Universidade de São Paulo (USP), através do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI); e a criação do novo Centro de Inovação em Tecnologia Offshore, uma parceria entre USP, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e Shell Brasil, anunciada em junho, com investimento de R$ 163 milhões ao longo de cinco anos.

Recursos são importantes, mas o mais importante em inovação, como dizia Steve Jobs, é atraente gente boa e motivada. “Não se trata de dinheiro. São as pessoas que você tem, como você é responsável e quanto você consegue”, disse o cofundador da Apple.

Como mostra a história das empresas mais inovadoras do mundo, muitas das melhores ideias surgem da convivência entre tempos multidisciplinares — tanto de quem trabalha na operação e na área comercial, acompanhando as dores dos clientes, como das equipes dedicadas à pesquisa e desenvolvimento.

Os tempos de P&D&I precisam de autonomia, sim, mas não é certo que sejam segregados. Não por acaso, para trazer um exemplo internacional, a Hitachi Energy anunciou neste mês vultosos investimentos para criar uma nova planta em Vasteras, na Suécia, que reunirá os institutos, a fábrica para produtos de automação de rede e um centro de pesquisa e desenvolvimento.

Essa, aliás, é a história de sucesso da imensa evolução da indústria de biocombustíveis no Brasil. Aqui contamos com ótimos talentos e um propósito.

O essencial é aproveitar todas essas potencialidades para ser efetivo, fazendo apostas não apenas na concepção de inovações disruptivas que promovam as transformações necessárias a longo prazo, mas para a adoção rápida de soluções capazes de atender as demandas de curto e médio prazo do mercado.


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FOLHA DE SÃO PAULO

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