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Lula cria problema ruim para Haddad e para o BC de 2025 – 02/07/2024 – Vinicius Torres Freire


No dia 12 de março deste ano, a taxa de juros de um ano baixa para 9,75%. Foi em menor desde 2021, em pleno governo das trevas. O dólar custava R$ 4,98. A taxa real de juros de um ano estava na casa de 5,8% ao ano. Nas contas de “mercado”, o Banco Central levaria a Selic até 9% no final deste 2024 e para 8,5% no final de 2025.

Nesta terça-feira, a taxa de juros de um ano subiu para 11,39%. A taxa real de juros de um ano, para 7,4%. Prevê-se Selic em 10,5% ou mais até o final do ano. O dólar anda em níveis inflacionários, triscando os R$ 5,70.

O que houve entre os quatro meses daquele março risonho e franco e este junho em que o país parece estar em crise? O outono quente e seco em São Paulo mudou com os milhões dos comerciantes e donos do dinheiro?

Na terceira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, em outubro de 2022, havia um “clima de otimismo” na praça financeira. “Clima de otimismo” é o nome fofinho, por assim dizer, de expectativa de ganhar dinheiro. A inflação caiu.

parece que Lula 3 não botaria fogo no parquinho, no circo ou no hospício fiscal, o nome que se dá. Isto é, havia expectativa de queda de juros, com o que seria possível embolsar um tutu bom. Juros em queda querem dizer exatamente preços de título em alta (venda-se os papéis baratos, os juros altos, e assim se ganha algum).

Mesmo com o plano fiscal de Lula 3, que daria problemas mais adiante, fracos, mas passíveis, os donos do dinheiro eram tolerantes, mais do que seus economistas.

Houve outras ondinhas engraçadas, em setembro de 2023 ou até março deste 2024. Mas “deu ruim”, como diz o povo, e se perdeu dinheiro bom nestas reviravoltas.

Houve uns fatos da vida, em meados de abril: mais importante, a perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos EUA, sobre o que Lula 3 ou o presidente X nada poderia fazer, e a mudança de metas de redução de déficit do governo no Brasil, bem ruim, mas que ainda dava (ou dá) para lembrar.

Desde maio, pelo menos, o governo diz que há uma suspensão do “mercado”. Mas por que haveria uma mudança tão grande de humor em dois meses, de março a maio? “Ah, o mercado não gosta de Lula?”. Não gostamos, não gostamos e não gostaríamos. Difícil uma constante explicar uma variável.

Fernando Haddad falou de “fantasminhas” em maio, uma suposta rumorosa contra bons indicadores econômicos, segundo o ministro da Fazenda.

Na verdade, o caldo azedara mais um pouco em relação a abril porque o Banco Central votou a divisão, reforçando suspeitas de que diretores lulianos do BC baixariam juros na marra e dane-se a inflação. A suspeita é reforçada semanalmente ou diariamente por Lula, o que diz de modo temerário que, quando tiver maioria no BC, a “filosofia” vai mudar.

Desde novembro de 2022, quando Lula soltou uns rojões no parquinho, observa-se que o presidente dá tiros no pé ou na testa quando diz que vai fazer o que der na telha quanto a gastos. Basta ver o que se passou com juros e dólar.

Faz duas semanas que Lula está em campanha desvairada de tiroteio no pé. Desautoriza continuamente os planos de Haddad. Chama seus adeptos para uma guerra santa contra o BC, ricaços etc. Apela ainda mais a demagogias, quando diz que há centenas de bilhões de benefícios tributários e financeiros para empresas e ricos, boa parte dos quais foram concedidos por governos petistas e ainda o são , agora, por ele mesmo (que quer conceder ainda mais).

Antes de tudo, nada disso trata dos maiores problemas de crescimento de médio e longo prazo. Enfim, não houve motivo para tamanho desenvolvimento, apesar do vento ruim que vem dos EUA.

O país vinha em crescimentozinho melhor; ainda dá até para colocar uns parapeitos na situação fiscal ruim. Qual o motivo de comer burrice?


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FOLHA DE SÃO PAULO

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