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Acordo de US$ 2,65 bilhões pode criar gigante do mercado de luxo nos EUA – 03/07/2024 – Mercado


O grupo dono da Saks Fifth Avenue está próximo de comprar o Neiman Marcus Group por US$ 2,65 bilhões, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto, em um acordo que uniria as duas maiores redes de lojas de departamento de luxo dois Estados Unidos.

A Amazon e a Salesforce ajudarão a facilitar o acordo, liderado pela Hudson’s Bay Company, que controla a Saks. As empresas de tecnologia terão participações minoritárias em uma nova empresa, chamada Saks Global, de acordo com um interlocutor.

A Hudson’s Bay também financiará o acordo com US$ 2 bilhões levantados de investidores, disse. Procuradas, a Hudson’s Bay, a Salesforce e a Amazon não querem comentar. Um porta-voz da Neiman Marcus não respondeu aos pedidos de comentários.

Numa tentativa de obter uma fatia maior de um setor em desaceleração, as novas operações combinadas incluiriam 39 lojas da Saks Fifth Avenue, 36 da concorrente e duas lojas Bergdorf Goodman em Nova York.

Ambas as redes também têm lojas outlet. O objetivo do acordo é reduzir custos e aumentar a lucratividade, dando à nova empresa poder de barganha com fornecedores e testar custos de cadeia de suprimentos.

O acordo pode ser anunciado ainda nesta quarta-feira (3), de acordo com o Wall Street Journal, que noticiou primeiro. Marc Metrick, CEO das operações online da Saks Fifth Avenue, comandará a combinação das empresas, disse o jornal.

O acordo é a culminação de conversas intermitentes entre as duas empresas de capital fechado ao longo dos últimos 15 anos. O ímpeto começou quando a Neiman entrou em recuperação judicial em 2020, eliminando dívidas e tornando-se um alvo mais atraente, e acelerou à medida que as vendas de luxo enfraqueceram nos últimos anos.

A recuperação da Neiman também trouxe novos investidores —Pacific Investment Management, Davidson Kempner Capital Management e Sixth Street Partners— que normalmente buscam um retorno relativamente rápido sobre seus investimentos, em vez de passar anos nos detalhes de uma reviravolta no varejo.

O envolvimento da Amazon “adiciona um pouco de tempero a um acordo previsível”, escreveu Neil Saunders, analista da GlobalData, em nota. Sua participação faria sentido, disse ele, “pois tem ambições de atuar mais no setor de luxo e isso lhe daria uma base”.

Essa seria uma das primeiras pesquisas da Amazon em um varejista físico desde que comprou a Whole Foods, em 2017, para o setor de supermercados.

Embora a Amazon tenha flertado com produtos de luxo, uma visão melhor poderia ajudá-la a entender a temperatura do setor. A gigante do comércio eletrônico fez isso em outros setores, comprando participações em transportadoras por trás do seu negócio de entrega Prime Air.

Já a Salesforce tem promovido parceiros de luxo como Louis Vuitton e McLaren, mas geralmente não assumem participações diretas nas empresas. Sua página de investimentos em empreendimentos lista faixas de participações em startups de software, não varejistas.

Uma queda nos preços das ações das lojas de departamento tem impulsionado a recente atividade de fusões, disse o analista da Fitch Ratings David Silverman.

As lojas de departamento também têm imóveis cobiçados, o que motivou a Hudson’s Bay a buscar a Neiman Marcus —seu CEO, Richard Baker, também é um investidor imobiliário.

Geograficamente, não há muita sobreposição nas redes de lojas físicas da Saks e da Neiman Marcus. A Saks tem mais lojas na Costa Leste, enquanto a Neiman tem uma presença maior no sul e oeste dos EUA.

Tanto a Saks Fifth Avenue quanto a Neiman Marcus viram um aumento nas receitas do final de 2020 até 2022, à medida que os consumidores gastavam suas economias extras da pandemia em bolsas caras e outros itens de luxo.

Mas esses ganhos diminuíram à medida que a inflação aumentou nos EUA, e as receitas trimestrais de ambas as empresas caíram ano após ano.

A concorrência também aumentou, inclusive os próprios parceiros com os quais a Saks e a Neiman têm trabalhado por décadas.

Marcas de luxo, como as pertencentes aos conglomerados LVMH, Kering SA e Richemont, estão concentradas em vender mais de seus próprios produtos em seus próprios sites e abrir lojas nos últimos anos, também se afastando das lojas de departamento.

Executivos de marcas de luxo disseram preferir ter mais controle sobre como suas mercadorias são exibidas e como os clientes são tratados em suas lojas, bem como onde suas lojas estão localizadas — esforços que estão atraindo consumidores. Isso foi mais um golpe para as lojas de departamento.

“O modelo de loja de departamento tem falhado porque todo o negócio foi projetado para um ambiente completamente diferente do que temos agora”, disse o analista da Morningstar, David Swartz. “Toda loja de departamento foi desafiada pela concorrência.”

Esses desafios já derrubaram ex-colegas como Barneys e Lord & Taylor. O concorrente da Macy’s, Bloomingdale’s, no entanto, está se saindo melhor e as vendas subiram lentamente no trimestre mais recente.

Os analistas esperam que o acordo entre a Saks e a Neiman trate do escrutínio antitruste dos reguladores. Sob a presidência de Lina Khan, a FTC (Federal Trade Commission) criou o maior número de desafios para fusões desde 1976, quando os EUA passaram a exigir revisões antitruste antes do fechamento de um acordo.

Em abril, a FTC processou para impedir que o dono da marca Coach adquirisse a controladora da Michael Kors, primeira vez que a agência tentou impedir um acordo no setor de acessórios de moda.



FOLHA DE SÃO PAULO

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