sábado, outubro 5, 2024
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Abordagem a filhos negros de diplomatas no Rio pode provocar crise diplomática



O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode ter de lidar com uma crise diplomática com o Canadá, Gabão e Burkina Faso após uma abordagem policial violenta contra filhos negros de diplomatas destes países na noite de quarta (3), no Rio de Janeiro.

Três jovens estrangeiros estavam acompanhados de dois garotos brancos brasileiros retornando para casa em Ipanema, por volta das 19h, quando uma viatura da Polícia Militar parou bruscamente na frente do prédio em que estavam hospedados e os agentes desceram com fuzis e pistolas em punho, segundo relatou Raiana Rondhon, a mãe de um dos meninos brancos.

Os jovens têm entre 13 e 14 anos e experimentaram revista íntima durante a abordagem.

“Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados. Obrigado por tirar os casacos e levantar o saco. Após a abordagem desproporcional, testemunhada pelo porteiro do prédio, é que foram questionados de onde eram, e o que chegava ali”, relatou em uma postagem nas redes sociais.

Raiana conta que os jovens negros não entenderam os questionamentos dos policiais, e o filho dela explicou que “são estrangeiros, filhos de diplomatas” e que “eram de Brasília e estavam a turismo no Rio”.

“Após ‘perceberem’ o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andavam na rua, pois seriam abordadas novamente”, completou Raiana.

A mãe de um dos meninos abordados, Julie-Pascale Moudouté, que é diplomata do Gabão, disse que entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) para cobrar uma solução para a abordagem que ela considerou racista.

Para ela, não se pode apontar uma arma para a cabeça de adolescentes e “depois você me diz porque você está me abordando”.

“Mas você não sai com uma arma e me manda colocar a mão na parede. A gente confia na Justiça brasileira e a gente quer justiça, só isso”, disse em entrevista à TV Globo.

Segundo a diplomata, o Itamaraty e os consulados dos países no Rio de Janeiro já foram informados e estão apurando o caso. A Gazeta do Povo entre em contato com o ministério e aguarde retorno.

A Secretaria de Estado da Polícia Militar do RJ (SEPM) informou, por meio de nota, que as imagens capturadas pelas câmeras corporais dos policiais serão analisadas para verificar se houve excesso por parte deles.

A pasta afirma, ainda, que os cursos de formação da corporação têm “prioridade absoluta” no ensino de disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais. E disse, ainda, que a Ouvidoria da SEPM está à disposição dos cidadãos que se sintam ofendidos para a formalização de denúncias.



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