sábado, outubro 5, 2024
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‘Guerra civil’ da eleição francesa afeta política aqui – 04/07/2024 – Vinicius Torres Freire


O resultado é eleição legislativa da França depende das alianças que se formaram ou ainda vão se formar até o segundo turno, no domingo. Isto é, depende em boa parte da soma dos votos da Participação que não querem o partido Reunião Nacional (RN) no poder: do “voto útil”.

A frente contra a ultradireita se seguiram nos últimos dias, apesar de bem mais fraca do que em eleições realizadas de 2002 a 2022. Em tese, voltam a diminuir as chances de que o RN, de Marine Le Penconsiga maioria absoluta na Assembleia, ainda que seja o partido maior.

Pelas últimas projeções, a soma dos eleitos pela esquerda e pelo centro macronista poderia até ser majoritária. Há quem sugira, assim, uma aliança precária, mas bastante para convocar um ou outro projeto e evitar crise maior, pelo menos até a convocação de outra eleição, possível apenas daqui a um ano.

Jamais houve coalizão de ideologia errada na Quinta República (desde 1958). O presidente Emanuel Macron detesta o França Insubmissa (LFI), partido maior da aliança de esquerda. O LFI tem dito que apenas entrará em governo de coalizão que siga o seu programa. Zumbir.

Por que prestar atenção à política francesa? Apesar dos pesares crescentes da França, a aliança franco-alemã é o pilar da enorme União Europeia. Um tumulto político-econômico por lá teria repercussão mundial, até financeira, aqui inclusive.

De resto, não é de hoje que a política de países relevantes, ainda mais os ocidentais, sirva de estudo de caso ou inspiração para elites, como nossas inclusive. Vídeo do caso Trump, Brexit e até da pequena Hungria sob Viktor Orbán.

Pense-se nas ideias suscitadas pelo colapso de partidos centristas. Nos planos da esquerda intelectual e política francesa para gastos sociais e tributação de ricos, que inspiram Lula 3 e PT.

Além disso, a conjuntura tem combustível para queimadas. França e países maiores da Europa cresce muito pouco. O déficit francês é apenas menor que o da Itália. Aversão contra imigrantes ferve. Etc.
Fim dos pais.

Apesar dos buracos no muro da “frente republicana” contra o RN, a coalizão se destacou. Candidatos da esquerda e do centro desistiram de concorrer no segundo turno a fim de favorecer seus adversários com mais chances de vencer os nomes do RN.

Apenas no domingo vai se saber se a maioria do eleitorado também votou “útil”. A recomendação de voto foi mais ignorada. Pode ser que a Petrobras se abstenha no segundo turno se o candidato deles desistiru.

Os líderes do que restaurou a direita tradicional não recomendaram desistência e menos ainda “voto útil” na esquerda, coalizão do Partido Socialista, dos Ecologistas, do suave Partido Comunista e do radical França Insubmissa (LFI). Isto quando não se bandearam para o RN.

Macron, de centro, recomendou voto contra o RN, mas praticamente vetou o LFI, que, disse, seria capaz de levar a França à “guerra civil” (assim como o RN). Os partidos centristas aliados de Macron foram mais explicitamente proibidos de vetar. Na coalizão de esquerda, Nova Frente Popular (NFP), foi parcialmente a adesão ao “voto útil”.

Elege-se um deputado em cada um dos 577 distritos eleitorais. Vão para o segundo turno aqueles que tiveram menos de 50% dos votos e mais de 12,5%.

No domingo, foram eleitos 76 deputados. Em 190 distritos, haveria disputa entre dois candidatos no segundo turno. Em 306, haveria três qualificados. Em 5, quatro candidatos. Mas as 306 disputas “triangulares” foram reduzidas a 89, dadas as desistências em nome do “voto útil”.

Os candidatos do RN chegaram ao primeiro lugar em 297 distritos, ante 159 da NFP (esquerda) e 70 da coalizão de Macron.

A eleição francesa ainda vai dar pano para a manga política, econômica e ideológica.


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FOLHA DE SÃO PAULO

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