sábado, setembro 21, 2024
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a petista que desafia a polarização em Goiânia



Com empate técnico nas pesquisas, desistência de candidatos, influência de outras esferas de poder e efeitos em 2026, as eleições de Goiânia se mostram como um dos maiores tabuleiros de xadrez para outubro. Em meio ao segundo mandato no governo do estado, Ronaldo Caiado (União) vai de vento em popa. É o governador de maior aprovação popular do Brasil à frente, com cerca de 80%, índice aferido em pesquisas, e se encaminha como postulante ao candidato da direita no pleito de 2026, quando o atual presidente Lula (PT) deve tentar a reeleição – o ex -o presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível até 2030.

Muita coisa passa por Goiânia. Caiado dá alta projeção de votos a quem abençoar na eleição municipalmesmo tendo Jair Bolsonaro (PL), como potencial “adversário”. É na capital goiana que o ex-presidente tenta emplacar uma candidatura própria do PL, mas sofre com indefinições. Pré-candidato ungido por Bolsonaro, o deputado federal Gustavo Gayer desistiu da candidatura em nome de uma soberania da sigla na Câmara dos Deputados – onde conta com a bancada maior e exerce pressão sobre o governo federal.

Assim, mesmo liderando as pesquisas de intenção de voto na capital goiana, Gayer deu lugar ao ex-deputado estadual Fred Rodrigues, cassado no final de 2023 por falha na prestação de contas da candidatura ainda em 2020, então para a Câmara de Vereadores de Goiânia.

Pelo atual entendimento, Rodrigues está inelegível até o fim do ano, quando termina a legislatura municipal. No PL, alguns integrantes avaliaram que não há margem temporal para viabilizar uma candidatura apenas com a chancela de Bolsonaro, segundo contaram à Gazeta do Povo fontes de dentro do partido. E, num clima de divisão à direita, surge uma brecha para uma retomada à esquerda.

Adriana Accorsi carrega herança do pai e transita bem em área considerada difícil para a esquerda

Deputada federal, Adriana Accorsi não é considerada uma petista comum. Filha do ex-prefeito Daniel Accorsi, que governou Goiânia entre 1993 e 1997, ela se beneficiou da herança política do pai, petista histórico que deixou o cargo com bons índices de aprovação. Além disso, ela vem de uma carreira na segurança pública do estado, tendo chegado à Superintendência da Polícia Civil, com experiência em uma área em que as candidaturas progressistas costumam deixar a desejar – e, em geral, tema tido como holandês de Aquiles para candidatos de esquerda.

E esse é, justamente, o ponto mais marcado pelo marketing da pré-candidata. “Toda a parte de publicidade está trabalhando muito isso”, diz Neide Aparecida, presidente do PT goianiense. “A própria candidata traz essa questão, de vir de uma família cujo pai já foi prefeito, mas também toda a trajetória dela, que chegou ao topo da carreira no estado. E também se elegeu deputada estadual e federal em cima desse mote”, completa a dirigente.

Além disso, Adriana Accorsi participou da elaboração do plano de segurança pública de Lulaque promete dar apoio incondicional à pré-candidatura no curso da campanha – mesmo que, em Goiânia, a desaprovação à administração petista se mantenha superior a 50% em diversos levantamentos.

Dentro do PT, a avaliação é que, ainda que haja uma ou outra referência à polarização em âmbito nacional, as disputas municipais acabam refletindo mais as tendências locais, não as de caráter federal. De qualquer forma, uma possível união das forças envolve a cúpula da sigla em Goiânia. “A gente acha que, nas eleições municipais, nem sempre se verifica o quadro nacional. Em Goiás, pelo menos, na eleição passada, Caiado e Bolsonaro se misturaram, mas, de lá para cá, houve um afastamento entre bolsonaristas raiz e Caiado”, completa Neide Aparecida.

Empatia técnica tripla

De acordo com pesquisa Genial/Quaest de abril, 86% consideram como bom ou ótimo o segundo mandato de Caiado à frente do Palácio das Esmeraldas, enquanto 12% vão na direção oposta. Tal apelo junto ao eleitorado goiano leva o governador a um novo desafio: eleger um prefeito próximo a se em outubro. O candidato “caiadista” está definido: Sandro Mabel (União), ex-prefeito goianiense que está em plena pré-campanha. Com críticas à gestão de Rogério Cruz (Solidariedade) – vice de Maguito Vilela, morto em 2021, e que está na campanha pelo segundo mandato, ele conta com o apoio do governador do estado.

Mabel contava com 6,1% nas intenções de voto medidas pelo levantamento da Marca Pesquisas*. Então, Gayer liderava com 18%, enquanto o senador Vanderlan Cardoso (PSD) aparecia com 16,8%, pouco à frente de Accorsi, que tinha 16,6%. A corrida vai se dar em torno dos quase 20% que declararam não saber em quem vão votar em outubro. Para tal, apoios como o de Bolsonaro, de Lula e mesmo de Caiado ajudam a afunilar a eleição.

Apesar de declarar e pedir voto em Mabel, Caiado tem de olhar para o futuro. Potencial sucessor dos votos do bolsonarismo em uma eventual disputa com Lula, o governador de Goiás não quer se indispor com as forças do ex-presidente. Mesmo que em cenário local, a disputa pelo Paço Municipal tem tudo para influenciar as escolhas políticas para 2026, medindo a força de candidatos e testando composições e alianças ainda em aberto para o pleito presidencial.

*Metodologia: o levantamento da Marca Pesquisas foi realizado entre os dias 16 e 24 de maio, em Goiânia, e tem 95% de confiança, com margem de erro de 3,5 pontos percentuais. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está sob o número GO-07896/2024.



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