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Eólicas offshore veem fuga de capital com atraso em marco – 08/07/2024 – Painel SA


Diante do impasse em torno da votação do marco regulatório das eólicas offshore, empresas do setor preveem fuga de investimentos do país para locais onde a legislação é mais avançada.

Essas usinas serão instaladas em alto-mar e, sem um arcabouço, cerca de 97 projetos em andamento deverão ser reduzidos ou adiados. Nesse momento, eles aguardam licenciamento ambiental.

“Isso é frustrante. De novo é aquela história do Brasil perdendo as oportunidades”, diz Mauro Andrade, diretor executivo de desenvolvimento de negócios da Prumo.

Cada projeto leva, em média, até quatro anos para ser desenvolvido e exige um investimento inicial de quase US$ 100 milhões. Depois, já na fase de execução, são outros US$ 2 bilhões.

Se o projeto for aprovado pelo Congresso ainda neste mês, a expectativa é que a geração de energia offshore só começaria em 2031.

Até lá, o governo precisaria regulamentar a lei, as empresas fariam os estudos de viabilidade e seriam leilões abertos para áreas em alto-mar. Com os licenciamentos ambientais liberados, os projetos começariam a sair do papel.

O movimento dos próximos anos é visto como o momento em que as empresas terão uma ideia do “tamanho do envelope” [valor dos lances a serem dados no leilão] para, de fato, decidirem o investimento em cada projeto.

Com as equipes paradas no Brasil por falta de avanço no marco legal, as empresas avaliam deslocar suas equipes para países com a legislação definida.

Estimativas do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) indicam que se 25% do total dos projetos se viabilizarem, iniciando na fase operacional, o PIB do Brasil ganha R$ 25 bilhões em quatro anos.

A cada GW/h (gigawatt-hora) de energia gerada por um parque eólico offshore, 15 mil empregos diretos efêmeros são criados, ainda segundo o instituto.

No Congresso, o andamento do projeto travou após a Câmara dos Deputados incluem jabutis que beneficiam termelétricas a carvão e gás natural. O texto está parado no Senado desde abril.

No mês passado, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) reclamou do texto em uma comissão da Câmara e disse que as adições vão encarecer a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) em R$ 25 bilhões – custo que é repassado para a tarifa.

Oportunidade

Outro problema para os agentes do setor envolve a falta de interesse do Brasil em apostar na abertura de mercado para um setor com tecnologia relativamente nova.

A avaliação é de que sem a criação de uma cadeia de negócios interna para as usinas offshore, outros países ganharão espaço no mercado. Quando o governo resolver apostar no setor, o material utilizado aqui será importado, ao invés de ser desenvolvido na indústria nacional.

Os interesses nas usinas são diversos. Companhias de óleo e gás, por exemplo, como Shell, Equinor e Petrobras, avistam nas eólicas uma forma de descarbonizar suas unidades de produção.

Empresas que já geram energia aqui, como AES e Iberdrola, apostam no setor como mais um braço de produção próprio.

Uma parte menor do mercado, com empresas “desenvolvedoras”, é mais sensível à demora na aprovação. Isso porque essas companhias menores desenvolvem projetos e vendem uma parte dele para empresas maiores.

Com Diego Félix


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FOLHA DE SÃO PAULO

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