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Trigo deve ter queda na produção neste ano – 08/07/2024 – Vaivém


Após como quedas na produção de soja e de milhoagora é a vez do trigo apresentar números abaixo do que os esperados no início da safra.

Paraná e Rio Grande do Sul são os responsáveis ​​pela maior parte da produção brasileira. O Paraná tem um início de safra bastante complicado, principalmente no norte do estado, onde a seca inibe o desenvolvimento da planta.

O Rio Grande do Sul reduz a área de plantio em 13%, embora a produtividade deste ano deva superar a da safra frustrada de 2023.

A produção total do país, prevista para um volume superior a 10 milhões de toneladas nas estimativas iniciais, poderá ficar abaixo dos 9 milhões, ainda superior ao ano passado, mas menor do que os 10,6 milhões de 2022.

O avanço menor da safra brasileira do cereal gera uma necessidade maior de importação em um momento de alarmes de dólar e redução da oferta do cereal no mercado internacional.

Os preços internos já apontam para essa queda de oferta. A tonelada de trigo no Paraná esteve em R$ 1.555 na semana passada, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), acima dos R$ 1.235 de março.

O preço, tanto no mercado interno como no externo, estava recuperando, após os picos registrados com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Em julho de 2022, a tonelada do cereal foi negociada a R$ 2.200 no mercado interno, valor que caiu para R$ 1.343 no mesmo mês do ano seguinte.

A área cultivada com trigo está sendo menor nesta safra devido às incertezas quanto ao preço do cereal. Pesaram também na decisão do produtor brasileiro a frustração econômica com a safra de 2023 e as incertezas climáticas.

No mercado externo, o clima também afetou grandes produtores e fornecedores do cereal. A Rússia terá uma queda de 11% na safra de 2024/25, que chega a 83 milhões de toneladas. Safra menor e queda nos estoques reduzirão a capacidade de exportação dos russos para 48 milhões de toneladas.

A Ucrânia, outro grande participante do mercado mundial antes de ser invadida pela Rússia, tem sua capacidade produtiva diminuída devido à desestabilização de parte de seu sistema de produção. A Rússia tem como principais mercados a Ásia e a África.

A Ucrânia, após os caminhões russos em seu sistema marítimo de exportação, concentrou suas vendas em áreas mais próximas, como a Europa. O cenário de oferta só não fica pior porque Estados Unidos e União Europeia podem compensar parte da queda dos cabos da Rússia.

A produção mundial de trigo recua para 790 milhões de toneladas nesta safra, 10 milhões a menos do que o esperado, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O consumo, devido ao aumento de preços, também cai, tornando o milho mais competitivo na composição das rações.

No Brasil, o plantio da safra caminha para o final no Paraná e está chegando ao Rio Grande do Sul, onde atinge 70% da área que será destinada ao cereal. O excesso de umidade nas regiões dificulta ainda mais o plantio no estado.

Carlos Hugo Winckler Godinho, engenheiro agrônomo do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná, diz que as condições das lavouras no estado estão piorando. A safra, prevista no último relatório da entidade em 3,8 milhões de toneladas, não deve ser confirmada, podendo ficar abaixo da de 2023, que atingiu 3,6 milhões.

A Emater/RS, após a frustração da safra de 2023, espera um aumento de 77% na produtividade deste ano, o que eleva a safra atual para 4,1 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume supera o do ano passado, mas fica abaixo dos 5,3 milhões de 2022.

Com produção menor, o Brasil volta a importar 6 milhões de toneladas neste ano, acima dos 4,5 milhões de 2023, segundo dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). De janeiro a junho, o país já importou 3,4 milhões de toneladas, 62% a mais do que em igual período do ano anterior, conforme informações da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

A China, que vem assumindo a liderança mundial nas bolsas de cereais, deverá adquirir 13 milhões de toneladas no mercado externo nesta safra, prevê o Usda.


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FOLHA DE SÃO PAULO

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