Depois da água, o concreto é o material mais comumente usado na Terra. Mas a maneira tradicional de criar seu ingrediente principal, o cimento, não é gentil com o planeta.
A indústria global de produção de cimento é responsável por cerca de 8% das emissões de carbono anualmente. Geralmente é feita aquecendo calcário, uma rocha carbonática, usando fornos alimentados por combustíveis fósseis. Isso é um golpe duplo de emissões de CO2.
Agora, na corrida para descarbonizar a indústria global de cimento de US$ 410 bilhões, os cientistas estão criando novas maneiras de produzi-lo, e startups como Brimstone, Fortera e Sublime Systems, sediada em Massachusetts, estão colocando esses novos métodos em prática.
“Nosso processo não emite CO2. Ele evita todas as emissões de CO2, tanto do combustível fóssil quanto do calcário”, disse Leah Ellis, CEO da Sublime Systems.
O Sublime usa produtos químicos em vez de calor e outros minerais em vez de calcário.
“Ao decompor minerais em temperatura ambiente usando eletroquímica, isso nos permite usar minerais que contêm cálcio para cimento que não são calcário, e é isso que nos torna zero verdadeiro em oposição ao zero líquido”, explicou Ellis.
Assim como outras novas tecnologias, é mais caro, mas empresas voltadas para o clima, como a WS Development em Boston, parecem dispostas a pagar. Seu One Boston Wharf Road será o maior edifício de escritórios net zero da cidade, com cimento Sublime no espaço público do andar térreo.
“À medida que as pessoas andam por este edifício diariamente, elas poderão interagir com o produto e aprender mais sobre um futuro com zero emissão de carbono no ambiente construído”, disse Yanni Tsipis, vice-presidente sênior da WS Development.
A Sublime recebeu recentemente um prêmio de US$ 87 milhões do Departamento de Energia dos EUA, que cobriria metade do custo de sua primeira usina comercial no estado.
Seus patrocinadores de capital de risco são Lower Carbon Capital, Engine Ventures, Energy Impact Partners, Prime Impact Fund, Siam Cement Group e MCJ Collective. Ele levantou US$ 45 milhões em financiamento até agora.
Ellis disse que a Sublime Systems fez testes extensivos sobre a durabilidade do produto e espera, em escala, ser competitiva com o cimento Portland tradicional. Quando a nova planta estiver instalada e funcionando, ela diz que deve produzir 30.000 toneladas de cimento limpo por ano. Para efeito de comparação, cerca de 90 milhões de toneladas de cimento são produzidas nos EUA por ano.
“Este é um processo inédito, e estamos competindo com tecnologias que foram dimensionadas para um milhão de toneladas por ano, mais por, você sabe, décadas. E então, no começo, assim como painéis solares e turbinas eólicas, teremos um prêmio de custo, mas nossa meta é ter um impacto rápido e massivo”, disse Ellis.
A produtora da CNBC Lisa Rizzolo contribuiu para esta matéria.