domingo, outubro 6, 2024
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Pai de Mauro Cid tinha culpa de que Lula não toma posse, diz Apex



O ex-diretor geral do gabinete da ApexBrasil em Miami, general Mauro Lourena Cid, resistiu a aceitar o resultado da eleição presidencial de 2022 vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e afirmou que ele não tomaria posse do cargo. Essa é uma das conclusões a que chegou o auditor interno que apontou a apuração do uso da unidade para armazenar e obter as joias recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que teve o resultado divulgado nesta sexta (12).

Ao todo, 16 pessoas foram interrogadas pela Comissão Extraordinária designada em abril deste ano para apurar as irregularidades que levaram ao indiciamento de Bolsonaro e outras 11 pessoas na semana passada, por peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa. O resultado da apuração será enviado à Polícia Federal, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal de Contas da União (TCU).

De acordo com a ApexBrasil, Lourena Cid teve um “comportamento divergente” das atividades que foram atribuídas e uma “resistência explícita ao resultado eleitoral”. O órgão aponta, ainda, que ele levou dois assessores dele no escritório a uma visita ao acampamento montado na época em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

“O general Lourena Cid manifestou repetidamente aos oficiais sua acusação de que, mesmo depois do eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tomaria posse e de que ele, Cid, continuaria em seu cargo à frente do EA [escritório de Miami]”, diz a síntese do relatório da ApexBrasil a que Gazeta do Povo teve acesso. A reportagem informou a defesa dele e aguarda retorno.

A comissão da ApexBrasil afirma no relatório que essa expectativa de Lourena Cid “poderia ser lida a partir da ruptura institucional que, na ocasião, se articulava em setores militares e que culminaria na tentativa golpista de 8 de janeiro de 2023”.

Segundo a apuração, o general esteve no acampamento de Brasília no dia 3 de dezembro de 2022 acompanhado de dois funcionários do escritório de Miami, e que foram destacados para prestar serviços pessoais a ele “inclusive na residência na cidade, em claro desvio de função”.

“O desvio de função e a presença em local onde se articulava um movimento golpista, esses funcionários também feriram normativos da Apex, como o Código de Ética, que consagraram os princípios de impessoalidade, moralidade e legalidade como pilares”, diz a nota da agência.

Um deles já foi demitido da ApexBrasil, já o outro não teve a atual condição trabalhista divulgada.

A apuração da agência indicou que Lourena Cid utilizou o escritório para armazenar e recebeu as joias recebidas de presente pelo ex-presidente mesmo após ter sido exonerado, no dia 3 de janeiro de 2023. Ele manteve o crachá de acesso ao prédio por mais 6 dias e resistiu a devolver o celular e o notebook corporativo – que foram usados ​​para fotografar e armazenar as imagens das mercadorias.

De acordo com a investigação da Polícia Federal, o general foi o operador do esquema nos Estados Unidos. Ele ainda recebeu no gabinete o corretor de imóveis Cristiano Piquet, que confessou à Polícia Federal que transportou uma mala de joias de Bolsonaro de Orlando para Miami, durante a viagem do ex-presidente aos Estados Unidos a partir do dia 30 de dezembro de 2022 – dois dias antes da posse de Lula.

A ApexBrasil também aponta que Lourena Cid tinha um “comportamento desviante” em relação às suas atribuições como diretora do escritório, com “baixo perfil” e “afastamento das atividades de negócios”.

“Jamais fez propostas voltadas à exportação ou captação de investimentos. Não solicitei relatórios, tampouco avaliei resultados. Segundo relatos unânimes, o general aprovava todas as propostas levadas a ele, sem querer conteúdos, sugestões ou reparos”, pontua a nota.

À reportagem, a ApexBrasil afirmou ainda que fez uma intervenção no escritório de Miami e que “prossegue na apuração e no exame de desdobramentos, desvios e apresenta irregularidades relacionadas ao escritório”. “Novas providências poderão ser tomadas após a continuidade do processo de apuração e responsabilização, inclusive o desligamento de colaboradores”, completou.



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