O ex-presidente Donald Trump relatou a tentativa de assassinato que quase o matou durante seu discurso de aceitação na Convenção Nacional Republicana em Milwaukee na noite de quinta-feira.
“Eu não deveria estar aqui esta noite”, disse um Trump sombrio, com um curativo cobrindo sua orelha direita, que foi cortada por uma bala. “Como você já sabe, a bala do assassino chegou a um quarto de polegada de tirar minha vida.”
“Estou diante de vocês pela graça de Deus todo-poderoso”, disse Trump antes de se aproximar e beijar o capacete do chefe dos bombeiros Corey Comperatore, que foi morto a tiros por Thomas Crooks em Butler Township, Pensilvânia, durante um comício de campanha no sábado.
“Como americanos, estamos unidos por um único destino e um destino compartilhado. Nós ascendemos juntos. Ou desmoronamos”, disse Trump na véspera do oitavo aniversário de sua primeira nomeação para a presidência.
“Apesar de um ataque tão hediondo, nos unimos esta noite mais determinados do que nunca. Nossa determinação é inquebrável, e nosso propósito é inalterado — entregar um governo que sirva ao povo americano”, disse Trump.
Trump também expressou sua “gratidão ao povo americano pela demonstração de amor e apoio após a tentativa de assassinato”.
O ex-presidente dos EUA e candidato presidencial republicano de 2024, Donald Trump, beija um capacete e uma jaqueta de bombeiro que pertenciam a Corey Comperatore, que foi mortalmente baleado em um comício onde Trump sobreviveu a uma tentativa de assassinato, ao aceitar a indicação de seu partido no último dia da Convenção Nacional Republicana de 2024 no Fiserv Forum em Milwaukee, Wisconsin, em 18 de julho de 2024.
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Trump disse ao público da convenção, que incluía sua esposa Melania, seus filhos e parceiros, que “eu contarei a vocês o que aconteceu, e vocês nunca mais ouvirão isso de mim, porque é doloroso demais contar”.
Trump disse que durante o comício em Butler, “comecei a falar muito feliz porque estava discutindo o ótimo trabalho que meu governo fez na imigração na fronteira sul”.
“Atrás de mim e à direita havia uma tela grande que exibia um mapa de travessias de fronteira sob minha liderança”, disse ele. “Para ver o mapa, comecei a virar para a direita e estava pronto para começar uma nova curva, o que tive sorte de não ter feito, quando ouvi um som alto de zumbido e senti algo me atingir, muito forte, na minha orelha direita.”
“Eu disse a mim mesmo, ‘Uau, o que foi isso — só pode ser uma bala — e movi minha mão direita até meu ouvido, abaixei-a, e minha mão estava coberta de sangue”, disse Trump. “Eu imediatamente soube que era muito sério, que estávamos sob ataque, e em um movimento, comecei a cair no chão.”
Trump disse que sua equipe de proteção do Serviço Secreto correu até o palco e o cobriu.
“Havia sangue escorrendo por todo lugar, e ainda assim, de certa forma, eu me sentia muito seguro, porque tinha Deus do meu lado”, disse Trump.
“O mais incrível é que, antes do tiro, se eu não tivesse movido a cabeça no último instante, a bala do assassino teria atingido o alvo perfeitamente, e eu não estaria com vocês esta noite”, disse ele.
Trump disse que o “aspecto mais incrível” do ataque, que feriu outros dois homens além de matar Comperatore, foi que a multidão de participantes do comício não fugiu para escapar dos tiros.
“De fato, muitos deles corajosamente, mas automaticamente, se levantaram procurando onde o atirador estaria e começaram a apontar para ele”, disse Trump.
“Ninguém correu, e por não debandar, muitas vidas foram salvas”, ele disse. “Mas essa não é a razão pela qual eles não se moveram — a razão é que eles sabiam que eu estava em sérios apuros, eles viram todo o sangue, e pensaram que eu estava morto, e eles simplesmente não queriam me deixar, e você pode ver esse amor escrito em todos os seus rostos.”
“Quando me levantei, cercado pelo Serviço Secreto, a multidão ficou confusa porque pensaram que eu estava morto, e havia grande tristeza em seus rostos até que levantei meu braço direito, olhei para as milhares de pessoas que esperavam sem fôlego e comecei a gritar ‘lute, lute, lute!'”
Mais tarde no discurso, Trump disse: “Estou aqui esta noite para expor uma visão para toda a nação”.
“A cada cidadão, seja você jovem ou velho, homem ou mulher, democrata, republicano ou independente, negro ou branco, asiático ou hispânico, estendo uma mão de lealdade e amizade.”
Durante todo o discurso, Trump não mencionou o presidente Joe Biden pelo nome nenhuma vez — uma omissão deliberada e marcante.
Até a quinta-feira à noite, Biden permanecia como o provável candidato democrata. Mas a omissão do nome de Biden ressaltou a possibilidade muito real de que Biden pode não estar na cédula em novembro.
O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, discursa no 4º dia da Convenção Nacional Republicana (RNC), no Fiserv Forum em Milwaukee, Wisconsin, EUA, em 18 de julho de 2024.
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Biden está sob forte pressão de democratas importantes e membros de base do Congresso para desistir da disputa eleitoral devido ao seu péssimo desempenho contra Trump em um debate no mês passado, e às crescentes preocupações de que ele esteja menos aguçado mentalmente do que há alguns anos.
Apesar de não mencionar o nome de Biden, Trump criticou o desempenho do presidente nos últimos três anos e meio, principalmente no que diz respeito à política de fronteira de Biden.
“Há menos de quatro anos, entreguei a esta administração a fronteira mais forte da história americana”, disse Trump. “A administração atual encerrou cada uma dessas grandes políticas de Trump que eu coloquei em prática para selar a fronteira.”
“A maior invasão da história está acontecendo aqui mesmo no nosso país — eles estão vindo de todos os cantos do mundo, não apenas da América do Sul, mas da África, Ásia e Oriente Médio — eles estão vindo de todos os lugares, e este governo não faz nada para detê-los”, disse Trump.
A ex-primeira-dama dos EUA Melania Trump acena ao chegar e o senador dos EUA por Ohio e candidato republicano à vice-presidência de 2024, JD Vance, aplaude durante o último dia da Convenção Nacional Republicana de 2024 no Fiserv Forum em Milwaukee, Wisconsin, em 18 de julho de 2024.
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Ele disse que os Estados Unidos têm “uma crise de inflação que está tornando a vida inacessível, devastando a renda das famílias trabalhadoras e de baixa renda”.
Trump prometeu ao RNC que, se eleito, “os Estados Unidos serão respeitados novamente”.
“Nenhuma nação questionará nosso poder. Nenhum inimigo duvidará de nossa força.”
O apelo de Trump por unidade nacional e pelo fim da “discórdia e divisão” ocorre quase quatro anos depois de ele se recusar a aceitar os resultados da eleição de 2020, que ele perdeu como titular de um único mandato para o presidente Joe Biden, alegando falsamente que foi vítima de fraude eleitoral generalizada.
Trump, que demonizou democratas e outros oponentes como fascistas e comunistas, liderou um comício em 6 de janeiro de 2021, onde pediu aos seguidores que marchassem até o Capitólio dos EUA para se opor à certificação da vitória de Biden.
Os seguidores de Trump então invadiram o Capitólio, invadindo os corredores do Congresso, ferindo mais de 100 policiais enquanto atrasavam por horas a confirmação de sua derrota para Biden. O vice-presidente de Trump, Mike Pence, que presidiu a sessão conjunta do Congresso naquele dia, escondeu-se da multidão que Trump se recusou a cancelar por horas.
Em seu discurso de quinta-feira, Trump se baseou em uma visão apocalíptica do mundo, como faz há anos.
“Aqui está uma crise internacional como o mundo raramente viu”, disse Trump. “A guerra está agora assolando a Europa e o Oriente Médio, um espectro crescente de conflito paira sobre Taiwan, Coreia, Filipinas e toda a Ásia, e nosso planeta está oscilando à beira da Terceira Guerra Mundial, e esta será uma guerra como nenhuma outra.”
“É hora de uma mudança”, disse Trump. “Simplesmente não podemos sustentar mais quatro anos desta administração.”