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Elie Horn, fundador da Cyrela, lança autobiografia – 19/07/2024 – Mercado


De corretor de imóveis a fundador de uma das maiores incorporadoras do Brasil, o bilionário Elie Horn lança, neste mês, sua autobiografia para provocar empresários a contribuir com causas sociais.

O fundador da Cyrela e um dos maiores filantropos do país sempre foi avesso a fotos e entrevistas, mas abriu uma exceção prestes a completar 80 anos para “falar do bem”. E o que é fazer o bem? Para ele pode ser ajudar um pobre, um hospital e até dar um sorriso.

“O bem é a essência da vida, se não fizemos o bem, nossa vida não tem sentido”, afirmou a jornalistas, em entrevista coletiva na sala de jantar de sua casa, na zona sul de São Paulo.

No livro “Tijolos do Bem”, o empresário reflete sobre sua trajetória pessoal e espiritual, o crescimento da Cyrela e o impacto da caridade, que ele diz ser uma tradição familiar.

Com uma fortuna estimada em R$ 3 bilhões pela Forbes, Elie conta em cerca de 190 páginas como se aborda em diversas ações sociais e revive momentos difíceis, como quando descobriu ter a doença de Parkinson; a imigração para o Brasil em uma cabine lotada, que fez a viagem de duas semanas parecer uma eternidade; e o trauma de perder tudo aos 9 anos de idade, quando o pai, Raphael Horn, faliu e um oficial de justiça foi em sua casa pegar todos os bens da família.

“Um bom empresário não deve pensar apenas em si. Aquele que sabe ganhar dinheiro tem como obrigações repartir com quem precisa”, afirma Elie, em trecho da obra.

Nascido em julho de 1944, em Aleppo, na Síria, Elie é a cápsula de oito irmãos. Filho de um comerciante judeu sefardita ortodoxo, tem claro na memória a decisão do pai ao doar 100% do patrimônio após se recuperar financeiramente. Lembra também de sua avó materna, que manteve um orfanato.

Experiências que o movem até hoje e que compartilham, esperando que sirva de incentivo para outros. “Eu converso com muita gente”, conto.

Em 2015, Elie Horn foi o primeiro brasileiro —o único até o momento— a aderir ao A promessa de doação (Chamada à Doação, em tradução livre), programa criado em 2010 por Bill Gates e Warren Buffett para incentivar pessoas e famílias com grandes fortunas em todo o mundo a contribuir com uma parte significativa de sua riqueza para causas sociais.

Apoiado pelos filhos e pela esposa, Suzy Horn, o empresário decidiu doar 60% do seu patrimônio pessoal para causas sociais. Ganhou, do Wall Street Journal, o apelido de Dom Quixote Brasileiro.

Segundo Elie, o processo da doação ainda não terminou, pois há um comitê que ajuda a definir quais são as entidades beneficiadas, e regular que “colocar a mão no bolso dói”, mas o dinheiro está reservado.

“Uma vez que eu decidi doar um dinheiro, ele não é mais meu, eu sou apenas o administrador”, disse em coletivo.

Atualmente sem carga de co-presidente do conselho de administração da Cyrela, o empresário defende a tributação de grandes fortunas no Brasildesde que o dinheiro seja de fato empresário em causas sociais.

“O problema desse imposto é o gerenciamento desse dinheiro, que vai ficar na mão dos governos. O que não pode é jogar dinheiro no lixo. Tudo o que vai para o social é válido”, afirmou.

Questionado se empresários e bilionários brasileiros estão se dedicando mais à filantropia, Elie disse que notou uma pequena melhora nos últimos anos, mas há falta de “conscientização”. “É mais fácil convencer as pessoas a doar dinheiro para quem conhecer”, pontuou.

Em outro de seus projetos recentes, o “pense obrigado”, ele reuniu 20 empresários voluntários para “gerar ideias para o bem”.



Quando tragédias, as pessoas e organizações querem socorrer os necessitados – sim, porque só com a união de esforços podemos encontrar as melhores soluções. Foi um bom exemplo de esforço coletivo, mas o fato é que o bem de ser feito sempre – todos os dias, a vida inteira, e não somente nas crises. Sem aprender a lição, o sofrimento pelo qual passou na vida terá sido em vão.

Em 12 de julho de 2024, a Cyrela tinha mais de R$ 8 bilhões em valor de mercado. Antes de deixar a presidência da empresa para dois dos seus três filhos, Efraim e Raphael, o empresário fundou em janeiro de 2011 o Instituto Cyrela, que recebe 1% do lucro da incorporadora para investir em educação de qualidade para quem vive em situação de vulnerabilidade.

As empresas nas quais a Cyrela têm participação são incentivadas a também contribuir com causas sociais, como a Brasil Agro e a MRV.

No último dia 27 de junho, o Plano&Plano, incorporadora na qual a Cyrela tem 33,5% de participação, fundou o Instituto Plano&Plano, com foco na educação da primeira infância à juventude e meta de doar R$ 1 milhão em seu primeiro ano.

Otimista com o futuro da sociedade e cheio de energia, o empresário acorda entre 3h ou 4h da manhã para aulas de filosofia, musculação e natação, e para trabalhar em suas ações de filantropiacomo o Instituto Liberta e o Movimento Bem Maior, que apoia mais de 70 projetos sociais em todo o país.

“As coisas se repetem, então nunca fico preocupado se a Bolsa sobe ou desce. Vi o país quebrar umas cinco ou seis vezes. De tanto apanhar, a gente fica calejado”, afirmou Elie.

“Ver alguém morrer de fome ou por falta de medicina me preocupa”, disse.



FOLHA DE SÃO PAULO

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