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Privatização da Sabesp: Barroso nega pedido de suspensão – 19/07/2024 – Mercado


O presidente faz STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luís Roberto Barrosonegou na tarde desta sexta-feira (19) pedido de medida cautelar fazer PT (Partido dos Trabalhadores) para suspender a privatização da Sabespque chegou a sua fase final nesta semana.

A medida foi tomada durante o plantão de recesso do Judiciário. Barroso demorou que não foram preenchidos os requisitos que justificam uma decisão liminar (provisória e urgente) durante o regime de plantio.

Por meio de uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), de relatoria do ministro Cristiano Zanin, o PT solicitou uma medida para barrar a continuidade do processo de desestatização da Sabesp até o julgamento da ação.

O partido afirmou que o processo viola a competitividade ao favorecer um único concorrente na concorrência para ser o acionista de referência da Sabesp.

A Energia Equatorial foi a única empresa a apresentar proposta para ser acionista de referência da Sabesp. A Aegea, maior companhia privada de saneamento básico do Brasil, também apontada como potencial participante do leilão, acabou não entrando na disputa.

Um dos argumentos é que o governo paulista e a Sabesp incluíram regras para dificultar a concorrência e para que houvesse um único concorrente na disputa pela fatia de 15% da companhia, conforme previsto no plano de privatização.

“Em juízo de cognição sumária, as alegadas irregularidades relacionadas a deliberações societárias, condições de oferta pública de ações, restrições à competitividade e conflito de interesses no processo de desestatização da Sabesp dependeriam de dilatação probatória profunda, o que não é possível na via do controle abstrato de constitucionalidade”, argumenta Barroso na decisão.

“Para o cabimento da ADPF, a suposta ameaça ou lesão ao preceito constitucional fundamental deve ser direta. A solução de controvérsias fáticas é própria dos processos subjetivos, sendo circunscrita às instâncias ordinárias de jurisdição”, completa.

Barroso também disse ainda que há risco de dano reverter ao suspender o processo de privatização da Sabesp, que se encontra na etapa final, e que “a desestatização foi divulgada de maneira adequada e vem seguindo o cronograma previsto”.

“Interrompê-la no âmbito de medida cautelar criaria o risco de prejuízos orçamentários relevantes, que, segundas informações prestadas, poderiam atingir a cifra de cerca de R$ 20 bilhões”, apontada.

Acrescentou que casos desta natureza podem ser resolvidos por meio de ações próprias nas instâncias ordinárias da Justiça.

A AÇÃO DO PT

Para sustentar a alegação de que o processo favoreceu uma única competição na disputa pela fatia de 15% da Sabesp, a ação cita a cláusula sobre a “pílula de veneno” incluída nas regras. O governo determinou que, depois de a Sabesp ser privatizada, nenhum acionista majoritário poderá ter mais de 30% dos votos no conselho da empresa.

Para estabelecer esse teto, o Executivo definiu que, caso algum acionista ultrapasse 30% de participação, ele terá que estender a oferta para os demais acionistas com prêmio de 200% em relação ao valor originalmente oferecido, o que naturalmente reduz a chance de algum grupo se interessar.

“Poison pills” são instrumentos comuns do mercado, previstos no estatuto social das companhias, e servem para defender os demais investidores de um único acionista.

No caso da privatização da Sabesp, porém, o PT diz que foi essa cláusula que levou à desistência da Aegea (uma das principais concorrentes) de apresentar uma proposta pela fatia da companhia. Isso abriu caminho para que a Equatorial fosse a única interessada na privatização, segundo a ação.

Outra regra adicionada no momento final da oferta de propostas para a escolha do acionista de referência também foi mencionada na ação. Trata-se do “right to match (“direito de igualar a proposta”, em tradução livre).

A regra permitiu que o grupo com menor preço ponderado cobrisse a oferta do concorrente e saísse vencedor na disputa por acionista de referência —desde que tivesse o maior valor absoluto do livro, ou seja, maior demanda dos investidores.

A ação do PT cita reportagem de imprensa para argumentar que, com o “right to match”, a Equatorial ganhou vantagem, já que é uma empresa mais conhecida do mercado em relação aos concorrentes e que, por isso, teria capacidade de atrair um livro robusto.

A ADPF do PT também argumenta que teria um conflito de interesse na escolha da Equatorial como acionista de referência. Conforme um Folha mostrou, presidente do conselho de administração da Sabesp, Karla Bertocco Trindadeocupava, até dezembro de 2023, um cargo no conselho da Equatorial.

“O processo contínuo pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio das reuniões do CDPED [Conselho Diretor do Programa de Desestatização], está maculado pela configuração do conflito de interesses da Sra. Karla Bertocco Trindade nas reuniões do CDPED em que foram tomadas decisões sobre a desestatização da Sabesp, em clara violação ao princípio da moralidade”, diz o partido.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Governo de SP, que coordena a privatização da Sabesp, disse que todo o processo foi cronológico de forma transparente, com amplo debate com a sociedade.

“Também de forma transparente, a oferta pública foi modelada para atrair um investidor de referência que, junto com o Estado e demais acionistas, pudesse garantir uma gestão independente e alinhada da empresa, com a finalidade de cumprir os objetivos do Estado”, que inclui a universalização dos serviços de saneamento e a redução das tarifas de água e esgoto, segundo a secretaria.



FOLHA DE SÃO PAULO

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