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Morre o publicitário Jaques Lewkowicz, aos 80 anos – 21/07/2024 – Mercado


Morreu, aos 80 anos, o empresário Jaques Lewkowicz, um dos publicitários mais respeitados do país e cofundador da agência Lew’Lara\TBWA.

O velório ocorreu na manhã deste domingo (21) no Cemitério Israelita do Butantã, na zona oeste da capital paulista. A causa da morte não foi divulgada.

Lewkowicz foi responsável por alguns dos maiores bordões da cultura popular brasileira, como a “Lei de Gérson”, que ganhou o nome do então jogador da Seleção Brasileira de Futebol após um comercial de cigarros. Outro exemplo é o “eu sou você amanhã”, propaganda da vodka Orloff que alertava para a ressaca do dia seguinte caso o espectador consumisse concorrentes mais baratos.

Filho de pai polonês e mãe russa, Lewkowicz nasceu no bairro do Bom Retiro em 1944. Formou-se em arquitetura pela Universidade Mackenzie, mas, desde o início da carreira, passou longe das maquetes para se dedicar à área de criação publicitária.

Começou a trabalhar como diretor de arte no estúdio Metro 3 na década de 1970 e passou por agências como Caio, Delta, Salles/Interamericana, McCann e Ogilvy, da qual chegou ao serviço de vice-presidente de criação por oito anos.

Em 1988, fundou sua primeira agência, o SLBB. Após quatro anos, abriu a Lew’Lara com o sócio Luiz Lara, com quem formou uma das maiores duplas do setor publicitário do país. Enquanto atuava na agência, em 2004, Lewkowicz venceu o prêmio Caboré de Profissional de Criação, um dos mais conceituados do setor.

Três anos mais tarde, em 2007, os sócios venderam a companhia para a rede norte-americana TBWA. Hoje, a agência é uma das 20 maiores do mercado brasileiro, segundo levantamento do Cenp (Fórum de Autorregulação do Mercado Publicitário), e teve sua história contada no livro “Não vai mudar nada na sua vida, mas é para melhor”, escrito pela dupla Lew e Lara.

Entre 2007 e 2015, o empresário se tornou presidente de criação da agência. “Presidente, no fundo, no fundo, quer dizer aposentado”, disse à Folha, em entrevista de 2015.

O tempo livre da “aposentadoria” não durou muito. Aos 71 anos, decidiu fazer uma guinada na carreira: de fundador de uma das maiores agências do país, tornou-se estagiário septuagenário do Google.

“A ficha não caiu sobre a minha idade. A vida toda trabalhando com meninos faz com que a minha idade desça muito. Só sinto que sou um senhor quando estou na academia e fico invisível para as meninas”, disse à época.

A ida ao Google não partiu só do ócio, mas da curiosidade sobre o dia a dia no gigante de tecnologia. “Eu poderia ficar só curtindo os netos, decorando as casas na praia e no campo e o apartamento em NY. Mas isso é pouco.”

Após estabelecer o primeiro contato, passei três dias conhecendo a rotina da empresa e, de lá, fui convidado para dar uma palestra e a pensar sobre passar mais tempo na companhia. O problema era a carga que ocupava: era um septuagenário e presidente de agência, aprendendo sobre o meio digital.

Foi então que Marco Bebiano, hoje um dos diretores do Google, o encontrou para ser estagiário. “Recentemente, estreou um filme com o Robert de Niro [“Um Senhor Estagiário”, de Nancy Meyers] com uma história semelhante a essa. Acho que vamos pedir os royalties”, brincou, em entrevista ao portal Meio&Mensagem em 2015.

A ida de Lewkowicz ao Google ajudou a aproximar a companhia de outras agências do país –parte das atribuições dele enquanto estagiário era estreitar vínculos entre profissionais “criativos”, como são chamados os que trabalham com a área de criação na publicidade, e a big tech.

“Jaques deixa um patrimônio afetivo enorme porque, com seu humor único, irradiava uma aura de anarquia e liberdade criativa que fez toda a diferença na carreira de muitos publicitários, de todas as áreas e de diversas gerações. Seus ‘filhos’, como ele dizia , estão espalhando seu talento pelo mundo, brilhando em diversas agências, sempre com uma memória positiva do privilégio de conviver com Jaques Lewkowicz”, disse Luiz Lara, em postagem no LinkedIn.

Em nota publicada nas redes sociais, a Lew’Lara afirmou que o empresário “partilhava de uma criatividade sagaz, irreverente e jovial” e tem o seu “legado reconhecido por todos no mercado”.

“Todos que tiveram a oportunidade de conviver com ele se tornaram maiores e melhores. Para nós, fica a saudade e o compromisso de honrar o legado do nosso amado Lew.”

Ele deixa a esposa Cristina, os filhos Rodrigo e Juliana e três netos, Samy, Antônia e Duda.



FOLHA DE SÃO PAULO

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