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Governo tem apenas R$ 65 bi de espaço para cortar, e ministros disputam para ficar de fora; veja vídeo – 25/07/2024 – Mercado


O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conta com um espaço de apenas R$ 65 bilhões no orçamento deste ano para fazer o corte de R$ 15 bilhões de despesassegundos dados obtidos pela Folha.

Com quase oito meses do ano já transcorridos, os ministérios já empenharam boa parte das despesas, o que tem dificultado o trabalho de definição do tamanho da tesourada em cada massa. O compromisso é o estágio em que o governo se compromete com o pagamento de determinada despesa.

O clima é de apreensão e “guerra” de influência política nos bastidores da Esplanada dos Ministérios para diminuir o impacto do corte, segundo relatos obtidos pela reportagem nos últimos dois dias.

Faltando menos de uma semana para o anúncio da divisão do corte, na próxima terça-feira (30), o espaço orçamentário restrito ampliou a disputa entre os ministérios.

O valor de R$ 65 bilhões é o total de despesas discricionárias (aquelas que não são obrigatórias) que ainda não foram empenhadas e, portanto, onde o corte pode recair. Esse espaço pode diminuir nos próximos dias porque os ministérios estão correndo para empenhar despesas e fugir do corte.

Os ministros são procurados por membros da equipe econômica e auxiliares do presidente Lula na tentativa de mostrar a importância de seus investimentos para o desempenho positivo do governo.

Na semana passada o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, buscou diretamente o chefe do Executivo e os ministros da Fazenda, Fernando Haddade da Casa Civil, Rui Costa, para evitar o corte na sua massa. Monteiro já teve três reuniões sobre o assunto.

O ministro da Defesa usou uma justificativa de que o orçamento militar vem sendo alvo de cortes drásticos nos últimos 10 anos. Nas conversa, ele indicou ao presidente Lula e aos ministros as consequências para o trabalho das Forças Armadas de um congelamento de despesas.

Em outra frente, o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, batalha para que o programa Minha Casa Minha Vida não seja atingido.

Um complicador para a equipe econômica é que as pastas comandadas pelos ministros do centrão são basicamente movidas a investimentos (despesas que podem ser cortadas). Por outro lado, as pastas de ministros do PT na sua maioria têm os seus orçamentos baseados em despesas obrigatórias.

O Ministério dos Transportes, comandado pelo político Renan Filho, deverá sofrer um corte entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões. O seu ministério tem o maior orçamento de investimento da Esplanada: R$ 17,2 bilhões. Proporcionalmente, a pasta não deverá ser a mais afetada porque já comprometeu boa parte da sua doação orçamentária para investimentos de R$ 17,2 bilhões.

O saldo a empenhar é de R$ 4,2 bilhões. Investimentos fazem PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das pastas serão atingidas. O foco é concentrar o corte em obras novas.

Para os técnicos da área orçamentária, o espaço de R$ 65 bilhões indica que o tamanho do esforço fiscal que o governo anunciou com o corte de R$ 15 bilhões não é pequeno, como chegou inicialmente a especialistas em contas públicas.

Os ministros ainda não receberam do Ministério do Planejamento os valores de quanto terão de cortar, o que só deverá ocorrer até sexta-feira ou, no máximo, na próxima segunda-feira, na véspera da publicação do decreto com a publicação dos novos limites orçamentários .

Antes disso, o detalhamento do corte terá de passar pela crise política do Palácio do Planalto e, em última instância, do presidente Lula.

Com o corte distribuído na Esplanada, cada ministério vai definir as despesas que serão necessárias. O corte vai atingir investimentos (inclusive emendas parlamentares) e gastos custeio, mas dificilmente será linear devido às especializações de cada pasta.

As áreas de saúde e educação não deverão ser poupadas da tesourada. O governo decidiu que não haveria cancelamento de despesas já empenhadas.



FOLHA DE SÃO PAULO

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