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Para onde deve caminhar o urbanismo? – 26/07/2024 – Cláudio Bernardes


O urbanismo como ciência aplicada está sempre se desenvolvendo, com o objetivo de criar e aprimorar os ambientes construídos, a operação e o funcionamento das cidades. À medida que os núcleos urbanos se expandem e se transformam, os problemas enfrentados pelos planejadores se tornam mais complexos, e fica mais evidente a necessidade de encontrar alternativas que possam lidar com esses novos desafios de forma eficiente.

A transversalização dos padrões que tratam de questões relacionadas à diversidade, equidade e inclusão deixa de ser um objetivo estratégico de médio prazo para se transformar na necessidade de ações imediatas, que mereçam maior atenção e visibilidade em nossas cidades.

Nas grandes metrópoles, deve-se consolidar a tendência de utilização de modelos que incentivem a estruturação de centralidades. O estímulo à descentralização do espaço urbano, com foco na geração de dinâmicas para convivência social de forma mais ampla, pode ajudar as cidades a caminharem nessa direção.

Outra orientação importante é a indução de melhorias que fomentem a vida e a socialização ao ar livre, com centros urbanos bem estruturados para pedestres, seguindo princípios de desenho universal, incentivando todos a interagir e aproveitar o espaço público de forma equânime.

À medida que a tecnologia se desenvolve, o metaverso avança. Nos últimos anos, os planejadores urbanos planejaram produzir os chamados desafios digitais –representações virtuais de suas cidades– para testar novos modelos de desenvolvimento. O metaverso adiciona uma ambiência digital ao mundo físico em que vivemos hoje, que certamente não será substituída pelo mundo virtual, mas, de alguma forma, esse modelo poderá ajudar a reduzir a necessidade de determinados espaços físicos.

As pessoas poderão optar por utilizar o metaverso para adquirir produtos, resolver questões em órgãos públicos, trabalhar ou realizar atividades de lazer nesse universo, entre outras tantas possibilidades. Como resultado desse novo comportamento, você poderá ser alterado com seriedade ao usar nosso espaço no mundo físico, e essa tendência certamente afetará o urbanismo.

Outra tendência urbana importante é o esforço para desvincular o desenvolvimento urbano e o consumo de recursos naturais, estimulando a construção de cidades metabólicas, estruturadas sobre uma economia circular. As cidades modernas consome três quartos dos recursos mundiais e, geralmente, segue o modo de mão única, com uma entrada de recursos e uma saída de resíduos.

O lixo doméstico continua aumentando, enquanto recursos preciosos como energia, materiais primários e água são usados ​​de forma ineficiente, o que leva as cidades a serem cercadas por lixo, poluição ambiental, esgotamento de recursos, manipulação do solo, aumento dos preços das commodities e danos ao ecossistema.

Nas próximas décadas, será necessário dissociar o desenvolvimento e a prosperidade da economia urbana, do consumo crescente de recursos. Ao redesenhar uma infraestrutura urbana, desenvolver uma economia circular e implementar o consumo e a produção sustentável, poderemos fazer com que os recursos fluam em um circuito fechado dentro da cidade ou entre a cidade e o campo, com reciclagem de materiais e energia.

Enquanto isso, recomendamos fortalecer o planejamento espacial sustentável do uso do solo, promover o adensamento urbano associado ao policialntrismo, a contiguidade e a caminhabilidade, conter a expansão urbana e criar cidades ecologicamente corretas.

A evolução do urbanismo é, sem dúvida, o caminho fundamental para melhorar a saúde da população, a segurança urbana e sua resiliência, aliviar conflitos e alcançar a harmonia entre o homem e a natureza, construindo dessa forma cidades mais sustentáveis ​​e com abordagens econômicas e sociais mais eficientes.


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FOLHA DE SÃO PAULO

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