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Saiba o que faz diretor de IA; salário chega a R$ 35 mil – 30/07/2024 – Tec


As empresas estão dispostas a fazer testes com inteligência artificial em seus negócios, mas ainda precisam descobrir a forma mais segura e eficiente de fazer isso. Por isso, uma nova profissão tem despontado no alto escalonamento de grandes empresas: a de diretor de inteligência artificial.

É o que aponta levantado pela consultoria Russell Reynolds em 46 países, que mostra que 21% das grandes companhias de pesquisa nomearam um executivo responsável pela implementação de políticas de inteligência artificial. São os CAIOs, na sigla em inglês para “Chief Artificial Intelligence Officer”, ou diretores de inteligência artificial.

Além disso, outros 28% das empresas ou vidas realizadas cargas abaixo da direção com esse mesmo objetivo.

Entre os 2.500 entrevistados, no entanto, apenas 7% já implementaram alguma solução com a tecnologia. Outros 64% ainda pesquisam formas de tirar os planos do papel.

Colocar essas ferramentas para funcionar envolve educar profissionais sobre a tecnologia, respeitar uma governança ainda em declarações e adotar uma postura ética para manter uma boa imagem diante dos olhos do público, de acordo com CAIOs ouvidos pela reportagem.

Por isso, esse profissional deve ter atributos como conhecimento técnico sobre inteligência artificial, bom relacionamento com a sociedade civil, legisladores e gestores de outras empresas e liderança sobre os funcionários.

De acordo com informações do site Glassdoor, o número de profissionais denominados Chief Artificial Intelligence Officers (CAIO) subiu de 19 para 122 cargos no Brasil entre 2022 e 2023. Além disso, dados do guia salarial do setor de TI do grupo Adecco, indicam que os atrasos para as cargas de gestão em IA chegam a R$ 35 mil no país.

Os contratados em geral são profissionais formados em engenharia de computação ou ciência de dados e uma base sólida na área de gestão. A experiência anterior em projetos de IA é um pré-requisito, dizem executivos e CAIOs consultados pela Folha.

“O diretor de tecnologia precisa fazer a ponte entre a estratégia de empresa e o tempo de tecnologia; para inteligência artificial, isso é muito mais pesado, porque é uma tecnologia multidisciplinar que pode envolver as mais diferentes áreas”, diz Gustavo Zaniboni, fundador e CAIO da Redcore —uma empresa que oferece consultoria em inteligência artificial.

“Queremos oferecer o serviço de um CAIO para as empresas que não têm dinheiro ou não precisam, pelo tamanho da operação, de um CAIO em tempo integral”, diz Zaniboni.

A carga é mais de gestão do que técnico, como no caso de um cientista-chefe, responsável pelo desenvolvimento de produtos. O diretor precisa compreender tecnologias como aprendizado de máquina para implementar estratégias compatíveis com as capacidades e limitações da inteligência artificial.

Grandes empresas no Brasil como a gigante da computação Dell e a desenvolvedora de programas de gestão empresarial Totvs aderiram à tendência.

Na Totvs, o antigo diretor de dados, Cristiano Nóbrega, tornou-se diretor de dados e inteligência artificial. Ele chegou à diretoria da Totvs, após a empresa adquirir a Tails, startup focada no uso de inteligência artificial para análise de dados.

“No dia a dia, eu tenho esse papel mais abrangente de viabilizar projetos que envolvem inteligência artificial”, diz Nóbrega. Para isso, é necessário, em segundo lugar, organizar os dados da companhia, desenhar a governança para garantir as práticas e definir os melhores cuidados necessários e, por fim, garantir na empresa uma cultura baseada em dados —uma série de iniciativas para melhorar o entendimento dos funcionários sobre a tecnologia para que a IA possa ser protagonista.

Outras empresas preferem delegar cargas de chefia ligadas à tecnologia de maneira geral, como diretores de inovação ou gerenciamento de dados.

No Nubank, o diretor de tecnologia do banco digital, Vitor Olivier, se tornou o porta-voz da visão sobre inteligência artificial do grupo. Na conferência de tecnologia Web Summit, o executivo apresentou os planos do grupo de melhoria do atendimento e melhorar o combate às fraudes.

Olivier diz que a origem ligada à tecnologia do Nubank facilita a adoção da ferramenta. “A principal preocupação é validar os processos antes de apresentarmos as novas opções ao público.”

Zaniboni, da Redcore, afirma que esse novo profissional tem um desafio adicional: trabalhar com a indefinição das regras e estar sempre a par das novidades tecnológicas. “Esse diretor vai ter que estudar demais para entender o que é empolgação e não que vale investir para aumentar a eficiência da empresa.”

Além disso, o CAIO precisará ter uma acomodação ética para lidar com problemas como reprodução de discriminação por meio da tecnologia, como no caso do reconhecimento facial, em que estudos mostram uma visão negativa em relação a pessoas não brancas.

“Hoje, há uma confusão entre o que é problema por deficiência da IA, o que é problema de procedimento dentro da empresa e problemas da própria sociedade. um diretor precisa saber identificar a fonte do erro”, diz Zaniboni.

“Há muita nuance: usar inteligência artificial para a propaganda de Elis Regina foi um absurdo junto à opinião pública, mas recriar a imagem do Elvis não causou polêmica”, acrescenta, referindo-se a peças publicitárias recentes que chamaram atenção pelo uso da tecnologia.



FOLHA DE SÃO PAULO

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