O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na tarde desta quarta (31), que o mundo “dá muito palpite” sobre o Brasil e que, por isso, trabalhou para trazer a COP30 para o país no ano que vem, em Belém. Na mesma cerimônia, ele comentou sobre a resistência de Joe Biden em concorrer à reeleição nos Estados Unidos.
A fala ocorreu durante a cerimônia de sanção da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, realizada em Corumbá (MS), e que prevê uma série de regras para o manejo legal do fogo para práticas agropecuárias, pesquisa científica, prevenção de incêndios e agricultura de subsistência de povos tradicionais.
“Vai ser a primeira vez que a gente vai trazer o mundo para dizermos o que a gente vai fazer com o nosso país, porque o mundo dá muito palpite sobre o Brasil”, disparou.
De acordo com o presidente, “todo mundo se mete a cuidar do Brasil quando, na verdade, nós é que sabemos cuidar do Brasil”. “Os nossos indígenas e quilombolas é que sabem cuidar desse país, e o nosso povo trabalhador”, pontuou.
A crítica sobre “palpite” se dá principalmente por reclamações que ele vem fazendo desde que tomou posse de que outros países tentam estabelecer regras e impor avaliações ao Brasil sobre o cuidado com a floresta amazônica.
Este, inclusive, é um dos pontos de discórdia para fechar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, em que os europeus determinaram restrições a produtos brasileiros fornecidos por áreas de desmatamento – o governo vê como protecionismo.
Lula enfatiza que o governo está trabalhando para conter o desmatamento ilegal com meta de zerar até 2030. Esta é uma das bandeiras que ele declarou neste terceiro mandato e levou para a presidência rotativa do G20, que terá uma reunião de cúpula em novembro, no Rio de Janeiro.
Biden é exemplo para o mundo, diz Lula
Na mesma cerimônia em que disse que o mundo dá muito “palpite” sobre o Brasil, Lula elogiou a atitude do presidente norte-americano Joe Biden de desistir de tentar a reeleição ao governo dos Estados Unidos.
Lula falou com Biden na terça (30) por telefone a pedido da Casa Branca para tratar da eleição suspeita de fraude na Venezuela, em que também conversaram sobre o pleito norte-americano.
“Eu falei: ‘presidente, eu queria que o senhor soubesse o que eu penso da sua atitude’. Um homem para tomar a atitude que o Biden tomou, de desistir de ser candidato a poucos meses da eleição em função de algum problema que só ele sabe o que tem, é preciso ter muito caráter, dignidade, ser muito ético e gostar muito do seu povo”, disse Lula.
Para ele, a atitude de Biden foi “um modelo de exemplo de todo o mundo que governa, temos que fazer pensar sempre nos outros sem esperar agradecimentos”. “O que nós fazemos é obrigação”, pontual.