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São Francisco e Xangai são exemplos de redução de lixo – 31/07/2024 – Ambiente


Reduzir o impacto ambiental negativo nas cidades faz parte do 11º Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (conhecido pela sigla ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas) até 2030.

A importância de atacar localmente as poluições de todos os tipos para evitar a crise do clima É consenso que os cientistas demonstraram que as atividades urbanas são grandes geradoras de gases-estufa. Entre essas atividades, está uma crescente geração de lixo.

Em São Francisco (EUA), considerada cidade-modelo de sustentabilidadeo tratamento correto de resíduos está na pauta e na lei desde os anos 1990. Em Xangai, na Chinamelhorias em logística, multas e recompensas trouxeram mudanças sensíveis na gestão de resíduos nos últimos cinco anos.

Para ajudar as comunidades a reduzir o desperdício e a geração de resíduos, organizações como a Cidades Lixo Zero têm ajuda no processo. A ONG, hoje em 24 países, atua desde 2013.

Para fazer parte da rede, a cidade tem de se comprometer publicamente com o objetivo de reduzir a produção de resíduos, melhorar a coleta seletiva e ter sistema verificável de resultados. Uma cidade das cidades referência do movimento é Treviso, na Itália.

Seja em megacidades, como Xangai, seja nas menos populosas, como Treviso, o sucesso das experiências depende de campanhas de esclarecimento e de separação de resíduos em pelo menos três frações, para possibilitar o tratamento de orgânicos.

São Francisco composta e doa comida

Cidade referência mundial em compostagem, São Francisco também recupera alimentos no bom estado e os destinos à população carente. A cidade tem cerca de 880 mil moradores e estima-se que 1 em cada 4 dos seus habitantes precise de ajuda para alimentação.

A iniciativa articula negócios como cafés, restaurantes, mercados e hotéis com associações e bancos de alimentos.

Desde o início do programa, em 2019, foram recuperadas quase 9.000 toneladas de comida, que deram para preparar 8 milhões de refeições. Direcionar esses alimentos aos moradores evitava a liberação de aproximadamente 195 toneladas de metano dos aterros (ou 5.460 toneladas de CO2 equivalente).

A redução das emissões e o envio menor aos aterros ajudam a cidade a cumprir seus objetivos de desperdício zero: cortar a geração de resíduos em 15% e o que é enviado para aterros em 50%.

O programa de compostagem da cidade californiana é pioneiro e o mais importante nos EUA. Começou em 1996 como um movimento de comerciantes do mercado central. Na sequência, as redes hoteleiras passaram a recolher restos de alimentos para compostagem e, em 2001, foi iniciado um programa-piloto no distrito de Richmond.

Em 2009, foi a primeira cidade do país a exigir a compostagem e a reciclagem através da coleta em três tipos de contentores de núcleos diferentes colocados nas calçadas: verdes para compostáveis, azuis para recicláveis ​​e pretos para rejeitos.

Atualmente, restos de comida e de podas nas lixeiras verdes eram compostos que são vendidos aos agricultores locais.

São Francisco também tem uma lei contra o uso de isopor e um programa de devolução de medicamentos vencidos que já desviou cerca de 63 toneladas de aterros sanitários e do descarte indevido no oceano.

Todas essas medidas mostram seus efeitos. A população da cidade cresceu 21% de 1990 a 2020, e as emissões globais do município diminuíram 48%. As projeções atuais são de que alcançaremos uma redução de cerca de 61% nas emissões até 2030.

Xangai construiu a maior usina de resíduos úmidos do mundo

Xangai está turbinando o que promete ser a maior usina de reciclagem de resíduos úmidos do mundo. Uma cidade com mais de 24,8 milhões de habitantes gera 7.000 toneladas de resíduos orgânicos por dia.

A usina faz parte de um complexo dedicado ao tratamento de resíduos em Laogang, nos arredores de Xangai, onde funcionou um dos maiores aterros da Ásia nos anos 1980. O local abriga também uma incineradora.

Atualmente, a usina tem capacidade de processar 2.500 toneladas de resíduos por dia. Em maio de 2025, quando terminar a fase 3 do projeto, deverá pular para 4.500. Da reciclagem de orgânicos, a usina consegue gerar energia, fertilizante e ração animal.

A China, segundo maior gerador de resíduos urbanos do mundo, depois dos EUA, iniciou um grande plano de mudança na gestão do lixo em 2017, com regulamentações para a triagem de 46 grandes cidades.

Em junho de 2020, os moradores de Xangai passaram a separar os resíduos domésticos em quatro frações: lixo úmido (restos de comida), lixo seco, resíduos recicláveis ​​e resíduos perigosos. Há multa para quem não respeita a classificação e para empresas que não dispõem de conteúdos corretos.

O governo investiu para ensinar a população a fazer o descarte correto, com jogos para celular, simuladores de realidade virtual e lixeiras inteligentes, que pesam o lixo e atribuem créditos ao morador. A personagem Peppa Pig virou guia sobre o que fazer e o que não fazer em relação aos resíduos de cozinha.

Em março de 2024, entrou em vigor uma resolução para restrições à produção, venda e utilização de produtos de plástico aplicados, como sacolas, talheres e copos plásticos. O volume desses itens chega a 95 milhões de toneladas por ano, segundo a agência Yicai.

A nova norma sugere que as lojas de bebidas deem descontos para clientes que tragam seus próprios recipientes, entre outras medidas.

Treviso é campeã do ‘lixo zero’ da Itália

Com coleta coletada que cobre 85% da população, a cidade de Treviso, de quase 85 mil habitantes, faz parte de uma região atendida pelo consórcio Contarina, que gerencia resíduos de 50 municípios italianos e se tornou uma referência no país.

Os bons indicadores, de acordo com a empresa, envolvem a combinação de eficácia na coleta segregada porta a porta e de tributações diferenciadas (que premiam quem gera menos e oneram que gera mais e não separa).

Os resíduos são coletados em cinco ou seis tipos de lixeiras: alimentos e resíduos verdes, papel e papelão, vidro, plástico e latas e rejeitos. As práticas foram desenvolvidas com apoio de especialistas da rede Cidades Lixo Zero.

Os materiais são colocados em sacos compostáveis ​​distribuídos gratuitamente e devem ser colocados fora de casa em dias específicos. Duas vezes por semana, são coletados os orgânicos. Papéis e vidros, uma vez por semana. Plásticos, a cada 15 dias. E os rejeitos —o que não é passível de reciclagem— são recolhidos com intervalo maior que 15 dias.

O custo do serviço ao usuário, família ou empresa é proporcional aos resíduos gerados, o que já incentiva a redução de geração. Mas não só. A tarifa é dividida em duas cotas, uma fixa e uma variável.

A fixação depende do número de pessoas do local, uma variável é calculada de acordo com dois fatores: aumenta quando há rejeição (material não segregado) e diminui quando o usuário envia pouco material orgânico, por fazer compostagem doméstica. A redução pode chegar a 30% do valor variável.

Desde 2001, uma central de compostagem recebe os resíduos orgânicos e produzidos compostos para agricultura.

Mais recentemente, desde 2023, parte dos orgânicos também é usada para produção de gás e biometano. O combustível resultante serve para movimentar cerca de 230 caminhões de coleta.



FOLHA DE SÃO PAULO

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